No Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, a TV Globo exibe o último episódio da série ‘Histórias Impossíveis’. A partir de uma narrativa ficcional carregada de mistérios, o especial ‘Falas Negras’ deste ano propõe discussões sobre os estereótipos criados para personagens negros ao longo da história do audiovisual. No centro da trama, Janaína (Grace Passô), uma roteirista negra, tem um encontro com a equipe de autores, todos brancos, de um novo projeto audiovisual, cuja imersão é realizada em uma fazenda do interior, herança da época colonial. Sua chegada gera desconforto tanto aos demais roteiristas – o que provoca conflitos na equipe –, quanto aos funcionários da fazenda, como Benê (Neusa Borges), Justino (Leandro Firmino) e Dita (Dandara Abreu), que aos olhos de Janaína, apresentam comportamentos estranhos.
“A história de ‘Levante’ é muito interessante. Ele fala sobre a representação de personagens negros na TV. Para mim, esse episódio é um marco na dramaturgia da Globo”, aponta Grace Passô, que além de ser uma das criadoras da série, é também a intérprete da personagem Janaína. “As pessoas acham, num primeiro momento, que ela foi pra lá para dar alguns palpites sobre os personagens negros, só que a presença dela mostra que ela está lá para falar sobre a sociedade”, explica a atriz e criadora.
Depois de perceber que há algo incomum no lugar, Janaína passa a investigar e descobre coisas inimagináveis sobre o verdadeiro propósito da fazenda e dos planos de seus funcionários. Personagens imprescindíveis no desenrolar da história, Benê e Justino, respectivamente interpretados por Neusa Borges e Leandro Firmino, guardam um segredo que promete mexer com a cabeça de Janaína e dos outros roteiristas que estão na casa. “Eu acho que a Benê é superimportante. Me lembra pessoas que lutam há tantos anos para que o negro saia da senzala e tenha uma oportunidade na vida, como todo mundo”, observa Neusa Borges sobre a personagem. “Essa série é muito incrível porque ela nos faz refletir sobre muitas coisas. E para mim, com mais de 60 anos de carreira, me faz pensar: ‘será que as coisas mudaram mesmo?’”, analisa.
A atriz também cita momentos especiais que viveu durante as gravações do episódio: “Ter encontrado amigos de tantos anos, como o Leandro Firmino, que considero muito, e o Guilherme Fontes também…”. O processo de preparação para a série, realizado com Clayton Nascimento, o Caíto de ‘Fuzuê’ e idealizador da peça ‘Macacos’, é outro ponto sobre o qual Neusa fala com carinho: “Conheci um menino que para mim hoje é o maior fenômeno no Brasil artisticamente, que é o Clayton Nascimento, com aquela peça maravilhosa dele. Eu acho que o povo brasileiro todo deveria assistir e ver como é ser um fenômeno como artista, como diretor, como escritor. Que alegria que eu tenho de tê-lo conhecido! Tenho a certeza de que, no Brasil, existem atores de verdade, e esse menino é a prova disso”, declara.
As vivências com companheiros de cena e a fase de preparação com Clayton foram igualmente inspiradoras para Leandro Firmino. “O que eu mais lembro do tempo em que ensaiamos e gravamos são as trocas de experiências, de poder ouvir dona Neusa Borges, que é uma das atrizes que sempre achei o máximo em sua atuação! Para mim foi um aprendizado que jamais irei esquecer, especialmente a preparação com ator Clayton Nascimento, que foi de uma riqueza e aprendizado que irei levar para a vida”, conta o ator.
Sobre o papel interpretado no episódio, Leandro acrescenta: “Meu personagem, o Justino, não é o principal, mas todos que participaram do episódio contribuíram com seu trabalho e suas experiências de vida para pôr verdade nesse tema, que ainda faz parte do cotidiano brasileiro. O Justino é um homem em processo de mudanças, assim como todos os personagens, mas de uma mudança interna e reflexiva em relação à realidade em que estão inseridos”, avalia.
A antologia ‘Histórias Impossíveis’, apresentada nos especiais ‘Falas’ deste ano, foi criada e escrita por Renata Martins, Grace Passô e Jaqueline Souza, escrita com Thais Fujinaga, Hela Santana, Graciela Guarani e Renata Tupinambá. A direção artística é de Luisa Lima e direção de Thereza Médicis, Everlane Moraes, Graciela Guarani e Fabio Rodrigo, com produção de Leilanie Silva. Alinhado à jornada ESG da Globo, o projeto tem direção executiva de produção de Simone Lamosa, e direção de gênero de José Luiz Villamarim.