No ar em ‘Mulheres Apaixonadas’ como o músico Téo e em ‘Terra e Paixão’ como o produtor rural Antônio La Seva, a partir do dia 27, o público terá Tony Ramos em dose tripla na TV Globo, com a estreia de ‘Paraíso Tropical’ no ‘Vale a Pena Ver de Novo’. No clássico de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, com direção de Dennis Carvalho, Tony interpreta o poderoso empresário Antenor Cavalcanti. Em entrevista, o ator fala sobre a parceria com Gilberto Braga, lembra bastidores das gravações e reflete sobre a proximidade entre os personagens Antenor Cavalcanti e Antônio La Selva.
Exibida originalmente em 2007 e, agora, pela primeira vez no ‘Vale a Pena Ver de Novo’, ‘Paraíso Tropical’ é ambientada em Copacabana, com toda beleza e contradições que o tornam um bairro-símbolo do Rio de Janeiro, e fala sobre cobiça e ética, reunindo personagens que ficaram marcados em nossa teledramaturgia, como o poderoso Antenor Cavalcanti (Tony Ramos). De caráter forte e dominador, Antenor dedica-se inteiramente ao trabalho e é mal resolvido sentimentalmente. Machista, tem um casamento tradicional com Ana Luísa (Renée de Vielmond), porém não dá valor à fidelidade, mantendo um caso extraconjugal com Fabiana (Maria Fernanda Cândido), sua secretária.
Entrevista com Tony Ramos
Quais são suas principais lembranças de ‘Paraíso Tropical’?
São várias lembranças… Primeiríssimo lugar, a de poder trabalhar com um grande texto do Gilberto Braga. A perfeita direção de Dennis Carvalho, bem-humorada, muito clara, transparente, de muita qualidade. Então, era uma dupla muito afinada. Gilberto e Dennis, todo o elenco, o prazer de trabalhar com Wagner Moura, Vera Holtz, Otávio Müller, Fabinho Assunção. Há muitas outras pessoas que me são muito saudosas, como o Hugo Carvana, que fazia o pai de Antenor [Belisário Cavalcanti], e Yoná Magalhães [intérprete de Virgínia]. Tínhamos um elenco afinadíssimo, de muita experiência, muito bem-humorado, que trabalhou junto com muita disposição. Tivemos também participações importantes como a de Maria Fernanda Cândido. Lembro que havia sempre uma intenção do Dennis de criar toda uma atmosfera que o texto já apresentava, mas ele, como diretor, criava uma outra ainda tão boa quanto o texto. Enfim, tudo funcionou muito bem.
Quais foram os desafios na construção de Antenor? Lembra como surgiu o convite?
O convite para fazer o Antenor surgiu do próprio Gilberto Braga. Eu não fiquei com uma preparação muito determinada para fazer aquele rico empresário. Na verdade, eu fiquei mais antenado e objetivado no próprio texto porque o texto do Gilberto era tão claro, tão transparente, com tantas informações que, por si só, já te ajudava na pesquisa. E aí você via os trabalhos de relacionamento entre os personagens que iam se encontrando e reencontrando durante a novela, como a Glorinha Pires [que interpreta Lúcia], a Renée de Vielmond [que interpreta Ana Luísa Cavalcanti]. Lembro a beleza que era ver o trabalho de Camila Pitanga com a Bebel, linda personagem que ela desenvolveu. Então o próprio texto te conduzia automaticamente às informações para você poder criar a tua personagem.
Tem alguma curiosidade dos bastidores?
O importante sempre era o humor, lembro as cenas que eu tinha com o [Hugo] Carvana, por exemplo. De maneira geral, os bastidores das cenas eram fantásticos, porque havia muito humor, mas bastante concentração e disciplina. Era um prazer muito grande.
Você pode eleger uma cena que considera emblemática?
Tem algumas cenas que são emblemáticas para mim. Após a separação entre a minha personagem e a da Renée de Vielmond, o Antenor procura o personagem do Fabinho Assunção e começa a conversar, fazer um balanço de vida e, movido por duas, três doses de uísque, ele vai ficando emocionado. Essa, para mim, é uma cena emblemática, sem dúvida.
Como era a sua parceria com o autor Gilberto Braga?
A minha parceria com o Gilberto sempre foi a melhor possível. Ele oferecia jantares em sua casa para a reaproximação de companheiros e companheiras de trabalho – às vezes, um jantar elegante só para cumprimentar o elenco pela desenvoltura do trabalho. Eu posso destacar tanta coisa. Gilberto era um homem muito generoso, enfim, saudade sempre eterna. Quem escreveu [a novela] ‘Vale Tudo’ como ele e quem privou de várias reuniões de trabalho e sociais com ele, sabe muito bem do que eu estou falando: era um brilhante criador, um homem intelectual, de muito bom humor, de uma fina ironia. Esse cidadão, chamado Gilberto Braga, só deixou saudades, um grande escritor.
Passados 16 anos da exibição original, a novela volta à TV aberta. O que você diria para as pessoas que vão entrar em contato pela primeira vez com essa obra?
A característica mais espontânea da TV aberta é a sua democrática visualização, porque ela é totalmente de graça, um sinal na ponta de uma antena. Por isso, é uma emissora aberta e que hoje você sintoniza em qualquer ponto do país. Então é bonito ver de volta essa novela para uma geração que não assistiu. Imagine um jovem de 25 anos que à época tinha oito, nove anos de idade e agora pode rever ou pela primeira vez assistir. E afirmo: assistirá a uma grande e das maiores novelas da TV brasileira.
O que aproxima ou distancia os personagens Antônio La Selva e Antenor Cavalcanti?
Os personagens Antônio La Selva e Antenor Cavalcanti são absolutamente díspares, muito distantes. É claro que a ambição nos dois é absoluta, são muito ambiciosos. Só que a ambição de Antenor era medida, ele não mandava matar, não tinha essa obsessão pelo poder da forma que o Antônio La Selva tem. Então, eles são bem diferentes, mas, ao mesmo tempo, são muito ricos como personagens. Para mim, como ator, ter feito Antenor em ‘Paraíso Tropical’ e, agora, poder fazer o Antônio La Selva é um dos maiores momentos da minha vida, e isso eu sei andando na rua, no posto de gasolina, no aeroporto – outro dia eu entrei em um restaurante e as pessoas começaram a bater palma… Então são esses os fenômenos da TV aberta e uma bela personagem. Claro que o Antônio La Selva é um homem de um caráter absolutamente horroroso, é evidente, e eu tenho consciência disso [risos]. Mas como personagem para um ator desenvolver, sem dúvida, é um lindo presente que eu ganhei do Walcyr Carrasco.
De volta a partir do dia 27 de novembro, no ‘Vale a Pena Ver de Novo’, ‘Paraíso Tropical’ tem autoria de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, com colaboração de Ângela Carneiro, João Ximenes Braga, Maria Helena Nascimento, Nelson Nadotti, Sérgio Marques, Rosa Maria e Marília Garcia. A novela tem direção de núcleo de Dennis Carvalho, direção-geral de Dennis Carvalho e José Luiz Villamarim e direção de Amora Mautner, Maria de Médicis e Cristiano Marques.