Pais e mães têm sempre grandes expectativas em relação a seus filhos. Mas como lidar quando os sonhos e desejos não são correspondidos? Este é o ponto de partida de Monstros, premiado musical do argentino Emiliano Dionisi, com músicas originais de Martín Rodríguez, que chega ao Brasil. A adaptação brasileira ganhou direção de Victor Garcia Peralta, direção musical de Azullllllll e elenco que reúne Claudio Lins e Soraya Ravenle na pele de quatro personagens que fazem o público refletir sobre as crueldades ocultas nas relações cotidianas.
A trama acompanha a história de Claudio e Sandra, pessoas aparentemente comuns e que só se conhecem porque seus respectivos filhos, Francisco e Luíza, estudam na mesma escola. Eles têm certeza de que seus filhos são especiais e acima da média, apesar de alguns probleminhas na escola, ou questões de relacionamento com outras crianças. Mas nada que o amor típico dos pais veja como desvios de conduta. Aos poucos, como monstros saindo do armário, as verdadeiras faces dessas famílias vão se revelar.
“O musical põe em cena temas com os quais eu tenho gostado de trabalhar: as relações familiares, educação, infância e, principalmente, a dificuldade de temos de nos colocar do lugar do outro, de exercer a empatia”, explica Victor Garcia Peralta. “Em Monstros, temos um pai e uma mãe que não conseguem olhar de verdade para os seus filhos e que têm dificuldade de lidar com as expectativas frustradas”, acrescenta o diretor, que assistiu à primeira montagem do texto, em Buenos Aires, há três anos.
Na encenação, Claudio Lins e Soraya Ravenle interpretam os pais Sandra e Claudio, mas também seus respectivos filhos, Luíza e Francisco. E assim, percorrem um arco dramático que vai do orgulho ao terror. “Quando o Victor me falou que tinha visto este espetáculo em Buenos Aires, fiquei muito intrigado. Afinal, um musical original com um texto potente e apenas dois atores é algo raro. Consegui assistir ao espetáculo na Argentina e fiquei entusiasmado. Que grade desafio para um ator! Falar das aflições da paternidade é algo com o qual eu me identifico completamente nesse momento da minha vida”, comenta Claudio, que tem um filho de 7 anos.
Atriz com mais de três dezenas de musicais no currículo, Soraya Ravenle chama a atenção para a densidade do texto, que não costuma ser habitual nos espetáculos dogênero. “É uma peça sofisticada, de dramaturgia contemporânea e fragmentada, que fala muito sobre a violência que nos cerca. Há uma grande incapacidade de enxergar verdadeiramente o outro, de ter calma para compreender quando as atitudes das pessoas não são as mesmas que as nossas. A peça põe em cena uma mãe e um pai que amam os filhos, mas que não conseguem se comunicar com eles”, define a atriz e cantora.
A trilha sonora conta com oito canções originais, com tradução e versões de Victor Garcia Peralta e Claudio Lins e novos arranjos de Azullllllll, que assina a direção musical do espetáculo e estará em cena com um set eletrônico. Na montagem argentina, os atores eram acompanhados por uma banda, mas, na adaptação atual,a equipe optoupor uma releitura eletrônica e urbana, que lembra a trilha de séries como “Stranger Things” e “Dark”. “É uma montagem que mistura o universo adolescente com terror e a energia da música eletrônica. É uma trilha cheia de nuances. Cada número musical dá um novo significado para a trama”, define Azullllllll. Também fazem parte do time criativo Fernando Rubio (cenário), Claudio Tovar (figurino) e Maneco Quinderé (iluminação).
Prêmios
Selecionado em 2015 como melhor projeto de teatro musical na Bienal de Arte Jovem de Buenos Aires, o texto Monstros teve uma carreira surpreendente. Desde que estreou, no mesmo ano de 2015, até suas últimas apresentações, em 2018, o espetáculo acumulou casas lotadas, excelentes críticas e cerca de 17 prêmios do teatro argentino, além de montagens no Uruguai e na República Dominicana. Na Argentina, venceu o 1º Prêmio Trinidad Guevara (Melhor trilha original), o 1º Prêmio Argentores (Melhor música), ganhou sete Prêmios Hugo (Hugo de Oro- espetáculo do ano, Melhor musical, Melhor direção, Melhor atriz de musical, Melhor ator de musical, Melhor libreto de musical argentino e Melhores letras de musical argentino) e quatro Prêmios ACE (Melhor Musical, Melhor direção de musical, Melhor ator de musical e Melhor música original). No Uruguai, venceu quatro Prêmios Florencio Sanchez (Melhor musical, Melhor atriz de musical, Melhor ator de musical e Melhor música original).
Claudio Lins
Atuou em grandes musicais como “Ópera do malandro” (2003/2006), “Gota d’água” (2009), “Milton Nascimento – nada será como antes” (2012/2013), “Elis, a musical” (2013/2015), “O beijo no asfalto – o musical” (2015/2016) e “O musical da Bossa Nova” (2017/2018), entre outros. Na TV, esteve nas novelas “História de amor” (1995), “Esmeralda” (2004), “Uma rosa com amor” (2010), “Babilônia” (2015), “Malhação” (2017), além do reality musical “Popstar” (2017). Tem dois discos gravados e compôs para os espetáculos “O beijo no asfalto – o musical” e “Senna – o musical”.
Soraya Ravenle
Uma das grandes atrizes do musical brasileiro, foi revelada para o grande público no musical “Dolores” (1999), onde interpretava a cantora Dolores Duran. Atuou ainda em “South American Way – a vida de Carmem Miranda” (2001), “Ópera do Malandro” (2003/2006), “Sassaricando – e o Rio inventou a marchinha” (2007/2008), “Um violinista no telhado” (2011) e “Instabilidade perpétua” (2017/2019), entre outros. Esteve nas novelas “Laços de família” (2000), “Beleza pura” (2008), “Paraíso” (2009), “Malhação” (2011) e “I love Paraisópolis” (2015). Tem dois discos de carreira.
Victor Garcia Peralta
Responsável pela direção de “Tebas Land” (2018), uma das grandes sensações da temporada, Victor também dirigiu ”Decadência” (1999), “Dorotéia minha” (2002), “Quartett” (2006), “Não sou feliz mas tenho marido” (2006), “Os homens são de Marte… E é pra lá que eu vou” (2005/2017), “Quem tem medo de Virgínia Wolff” (2014), “Sexo, drogas e rock’n roll” (2015) e “Euphoria” (2017/2018), entre outros. Ainda na Argentina, dirigiu “As lágrimas amargas de Petra Von Kant” (1987), o musical “Gypsy” (1992), além de adaptações de “A partilha” e “Submarino”, textos de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa.
Sinopse curta
O premiado musical acompanha o complexo relacionamento de Claudio e Sandra com seus respectivos filhos.
Sinopse longa
O premiado musical Monstros conta a história de Claudio e Sandra, adultos que se cruzam casualmente porque seus filhos estudam no mesmo colégio. Sandra tem tanto orgulho de sua filha Luíza como Claudio tem de seu filho Francisco. Eles naturalmente têm certeza de que seus respectivos filhos são especiais e acima da média, apesar de alguns probleminhas na escola e questões de relacionamento com outras crianças. Mas a princípio, nada que o amor sufocante típico dos pais possa ver como desvios de conduta. Aos poucos, como monstros saindo do armário, as verdadeiras faces dessas famílias vão se revelando. Afinal, os filhos e filhas nem sempre correspondem às expectativas que temos deles, não é? Como lidar com isso?
Ficha técnica
Texto: Emiliano Dionisi
Direção: Victor Garcia Peralta
Elenco: Claudio Lins e Soraya Ravenle
Músicas: Martin Rodriguez
Tradução e versões: Victor Garcia Peralta e Claudio Lins
Direção musical e musicista: Azullllllll
Cenário: Fernando Rubio
Figurino: Claudio Tovar
Iluminação: Maneco Quinderé
Produção: Galharufa Produções Culturais
Serviço
Temporada: 13/11/2019 a 18/12/2019
Apresentações: quartas 20h
Duração: 90 minutos
Valor: 60,00 (inteira) 30,00 (meia)
Classificação indicativa: 14 anos
TEATRO PETRA GOLD – SALA MARILIA PERA
Conde de Bernadotte, 26 – Leblon
Tel. 2529-7700
Vendas: www.sympla.com.br