Por se tratar de uma aposta ousada da Rede Globo, já que a Record TV saturou o público com uma sucessão de produções bíblicas e medievais nos últimos três anos, a novela “Deus Salve O Rei”, que estreou nesta terça-feira (9), foi recebida com certa desconfiança por parte dos telemaníacos.
Passada essa ansiedade inicial, é necessário agradecer primeiramente a oportunidade de voltar a enxergar cores em uma era acinzentada. O que mais chama a atenção é o realismo dos cenários, principalmente no que se refere aos pontos de luz e sombra. O único lado ruim é o chroma key.
O argumento, o roteiro e os perfis dos personagens são bem estruturados, mostrando conflitos críveis e maduros, o que não aconteceu em “Pega Pega”, com seus mocinhos figurantes. Só que a divulgação dá a entender que a emissora vai forçar a barra para o público “shippar” o casal Afonso e Amália.
Consequência dos nossos tempos políticos extremamente delicados, essa fantasia romântica, que afasta o público feminino da realidade, é justamente o que pode colocar tudo o que foi construído com esmero a perder. A suposta morte de Amália seria muito mais interessante para a dramaturgia, por exemplo, mas dificilmente vai acontecer.
Com a exceção de Rosamaria Murtinho – uma prova que atores veteranos não podem ser descartados por causa de número de seguidores e padrão de beleza – o elenco feminino é fraco, começando por Bruna Marquezine (que está robótica) e Marina Ruy Barbosa (que não sai da sua zona de conforto).
Enquanto as apostas femininas aparentemente ficam por conta de Bia Arantes e Marina Moschen, o principal trunfo da novela medieval da emissora carioca é o elenco masculino. Ficam aqui os aplausos para Johnny Massaro, Marco Nanini, Ricardo Pereira e Rômulo Estrela. Este último, uma decisão mais acertada que Renato Góes.