Passados 26 anos de sua exibição original, ‘Terra Nostra’ volta às telas da TV Globo esta tarde, no ‘Edição Especial’, logo após o ‘Jornal Hoje’. Uma das maiores produções do horário nobre da teledramaturgia brasileira, a novela escrita por Benedito Ruy Barbosa retrata a saga da imigração italiana no final do século XIX. A trama tem início com a partida do navio Andrea I, de Gênova, em 1894, levando centenas de camponeses italianos rumo ao Brasil. Entre eles está Matteo (Thiago Lacerda), um jovem empreendedor cheio de esperança na nova vida que o aguarda do outro lado do Oceano Atlântico.
Durante a travessia, o italiano conhece a doce Giuliana (Ana Paula Arósio). Os dois se apaixonam perdidamente e decidem enfrentar juntos o futuro incerto, mas acabam se perdendo um do outro no desembarque. No Brasil, Matteo vai trabalhar no interior de São Paulo, na colheita de café, mas logo entra em conflito com o patrão, o coronel Gumercindo (Antonio Fagundes). Determinado e com um talento natural para a liderança, ele se torna porta-voz dos trabalhadores rurais e de seus conterrâneos, reivindicando melhores condições de trabalho.
O personagem marcou a trajetória de Thiago Lacerda. Na época, no início de sua carreira, o convite para interpretar um dos protagonistas da novela foi recebido com entusiasmo, alegria e grande responsabilidade. Natural do Rio de Janeiro, o ator mergulhou na cultura italiana para dar vida ao papel.
“Assim que soube que interpretaria o personagem, a primeira coisa que pedi ao Jayme Monjardim foi para ir a São Paulo. A colônia italiana de lá é enorme, e me receberam de forma absolutamente generosa. A partir dali, foram 23 dias intensos de preparação. Passei a assistir apenas filmes italianos, ouvir exclusivamente música italiana, frequentar aulas de língua e de dança tarantela. Todo esse processo de estudo foi uma das coisas mais enriquecedoras e lindas que a novela me trouxe”, revela o ator.
Na entrevista abaixo, Thiago Lacerda conta mais sobre seu trabalho na novela:
Entrevista com Thiago Lacerda
Como você recebeu a notícia da reprise da novela, agora, mais de duas décadas depois?
Recebi com muita alegria. Tenho muito orgulho de ‘Terra Nostra’ e, sempre que alguém entra em contato com essa história, é um prazer. Também estou bastante curioso para saber como será para mim, depois de tanto tempo, me rever nesse trabalho e revisitar as memórias dessa fase tão especial da minha carreira e vida. De modo geral, adorei saber que a novela será reprisada e que mais pessoas terão a oportunidade de conhecer essa história incrível que tivemos a chance de contar.
Como foi receber esse personagem em um momento tão inicial da sua carreira?
O Matteo é um daqueles personagens que são verdadeiros presentes. No meu caso, foi um presente duplo – não apenas por ser um personagem lindo e de grande importância para uma trama do horário nobre, mas também por ter chegado no início da minha carreira. Era uma grande oportunidade para um jovem curioso, que estava começando. Foi muito especial – e também um enorme desafio. Após a celebração e o entusiasmo com o convite para o papel, caiu a ficha sobre a responsabilidade que exigiria. Foi um misto desses dois sentimentos: alegria e senso de responsabilidade.
Como foi o processo de preparação para dar vida ao personagem?
Assim que soube que interpretaria o personagem, a primeira coisa que pedi ao Jayme Monjardim foi para ir a São Paulo. Era o destino mais próximo onde eu teria maior contato com a cultura italiana. A colônia italiana em São Paulo é enorme, e me receberam de forma absolutamente generosa. A partir dali, foram 23 dias intensos de preparação. Passei a assistir apenas filmes italianos, ouvir exclusivamente música italiana, frequentar aulas de língua e de dança tarantela, além de participar de almoços com famílias italianas. Também dedicava muito tempo ao estudo do personagem. A música, em especial, foi um elemento que me ajudou bastante na construção do sotaque e no trabalho com o texto. Todo esse processo de estudo foi uma das coisas mais enriquecedoras e lindas que a novela me trouxe.
E como foi a experiência de gravar fora do país, a bordo de um navio de verdade?
A gravação foi um dos momentos mais especiais de toda a jornada. Estávamos em um local simbólico – um atracadouro histórico no sul da Inglaterra, atravessando o Canal da Mancha. Havia um convívio muito próximo entre a equipe e o elenco. Foi realmente marcante. Sentia uma sensação de privilégio por estar em um lugar como aquele, filmando para contar essa história.
Há alguma cena ou arco da trama que tenha te marcado particularmente como ator?
Todas as sequências no navio. Acredito que a decisão de filmar em outro país, a bordo de um navio de verdade, engrandeceu a novela. A forma como o Jayme Monjardim e a TV Globo escolheram contar aquele primeiro capítulo deu um tom marcante à obra – um tom que, como público, acredito que havíamos visto pouco até então.
Atualmente, você está se dedicando ao teatro. Pode nos contar sobre sua peça que está em cartaz no momento e seus próximos projetos?
A pandemia me trouxe dois monólogos e tenho me dedicado a montar os espetáculos e organizar uma itinerância pelo Brasil. Levar ‘A Peste’ – uma adaptação da obra de Albert Camus para o teatro – foi um desafio que começou justamente durante o período de isolamento. Além desse projeto, eu, Ron Daniels e Érica Teodoro adaptamos uma compilação de monólogos das peças de Shakespeare ao longo dos últimos 13 anos. Esses dois espetáculos estão em itinerância pelo país, e há planos para levá-los ao exterior também. Em paralelo, estou envolvido em um projeto de leitura que tem me levado a diversos lugares do Brasil, passando por teatros incríveis. É uma iniciativa que está ganhando cada vez mais corpo e que tem como propósito levar literatura e poesia aos jovens, Brasil adentro.
‘Terra Nostra’ é uma obra de Benedito Ruy Barbosa, escrita com colaboração de Edmara Barbosa e Edilene Barbosa. A novela tem direção geral de Jayme Monjardim e direção de Marcelo Travesso e Carlos Magalhães.