Regiane Alves tinha acabado de dar vida à polêmica Doris em ‘Mulheres Apaixonadas’ quando recebeu o convite para atuar em ‘Cabocla’ com um perfil de personalidade oposta: a doce Belinha. Ela teve receio em aceitar fazer um trabalho com intervalo tão curto, mas foi convencida por pessoas próximas de que seria um grande momento na carreira, e foi melhor do que esperava. “Naquele ano, eu tinha a dificuldade, como atriz, de poder mostrar uma outra faceta do meu trabalho, embora a versatilidade sempre tenha sido forte na minha trajetória. Era uma oportunidade de fazer um trabalho diferente em seguida. Foi uma fase de muita importância e aprendizado, um momento muito especial na carreira”, conta.
Na segunda versão da obra de Benedito Ruy Barbosa, Belinha se apaixona por Neco (Danton Mello) e o casal precisa lutar bastante para ficar junto, já que os dois são filhos de grandes inimigos, os poderosos coronéis Boanerges (Tony Ramos) e Justino (Mauro Mendonça), respectivamente. A parceria com Danton é uma lembrança que a atriz destaca como ponto forte. “Foi muito bonito o nosso processo de trabalho, a parceria que a gente teve. Eu morro de vontade de voltar a trabalhar com o Danton, não aconteceu depois. Eu espero que surja alguma novela, alguma série, algum projeto em que a gente possa voltar a contracenar. Ele é um grande parceiro, um grande ator”, elogia.
Na entrevista abaixo, Regiane Alves relembra mais sobre o trabalho em ‘Cabocla’.
Qual a sensação ao saber que ‘Cabocla’ vai voltar no ‘Edição Especial’?
Se alguém me perguntar um ano que queria voltar na vida eu diria que 2004, quando fiz a novela. Era muito gratificante estar com as pessoas da equipe e elenco, e foi uma história linda de contar. Até hoje temos um grupo de rede social em que conversamos, trocamos informações, comentamos assuntos. Em tudo relacionado a esse trabalho, a minha sensação sempre vai ser a de nostalgia, de um dos melhores momentos da minha vida, da minha carreira. É a sensação de poder rever um momento bom, que eu tenho muito carinho por todo mundo envolvido. É um grande trabalho também, sinto muito orgulho de ter feito. Vai ser maravilhoso rever e com certeza no dia da estreia estarei assistindo.
O que esse trabalho significa para você e sua carreira?
Esse trabalho teve um significado muito especial porque acabou sendo logo depois de ‘Mulheres Apaixonadas’. Eu estava saindo da Dóris para uma personagem que representava exatamente o oposto. Naquele ano, eu tinha a dificuldade, como atriz, de poder mostrar uma outra faceta do meu trabalho, embora a versatilidade sempre tenha sido forte na minha trajetória. Eu estava cansada, vindo de uma novela intensa, mas quando eu recebi o convite fui aconselhada por pessoas próximas a fazer, porque seria muito bom para a minha carreira. E realmente foi. Um trabalho de muita importância, de muito aprendizado. Mais uma vez, eu estava repetindo a dose com o Mauro Mendonça, que foi meu pai em ‘A Muralha’. De repente, eu estava ali com ele de novo. Com a Patricia (Pillar), com o Tony (Ramos), que agora tinha uma relação mais próxima com minha personagem. Eu tinha trabalhado com ele nas novelas de Manoel Carlos, mas ali a gente ia ter um núcleo tão especial com a Patricia. Estive com a Vera Holtz, presenciei o início de Vanessa Giácomo. Esse trabalho realmente significa muito sobre relacionamentos, sobre parcerias, sobre equipe, sobre um bom texto. É muito especial na minha carreira, com certeza.
Quais foram os maiores desafios ao viver a Belinha? Você lembra do processo de preparação?
Eu lembro que os maiores desafios eram falar sobre essa menina que vem da cidade grande depois de estudar fora, que pai e mãe que querem que ela case, mas não com o desafeto da família. Li todos os contos de fadas possíveis e fiz um trabalho corporal para trabalhar com muita delicadeza. Tinha uma trilha musical da Amélie Poulain que o Villamarim (José Luiz Villamarim, diretor-geral) usava muito nas gravações. Era como se a Belinha andasse na ponta do pé, como se fosse um camafeu. Ela era muito delicada, vivia aquele amor sofrido. E eu tinha o desafio de estar vindo de uma personagem que era o oposto, foi um processo… Eu lembro também do processo de fazer os cachinhos da Belinha, as gravações eram bem cedo e eu chegava duas horas antes para fazer aquele cabelo, deixar todo enroladinho. E tinha o aplique, as roupas, colocava meia, uma base por baixo do vestido, a luva, o chapéu, a bolsa. Eram vários elementos externos que iam ajudando a compor aquela personagem. Eu lembro muito do processo, de como foi, e que eram muitas gravações. O elenco era pequeno e a gente gravava muito, mas muito, muito feliz.
Recorda a cena/sequência mais difícil e a mais divertida que fez na novela?
Tem uma muito divertida que foi com o John Herbert, que fazia o padre. Era o casamento da Zuca (Vanessa Giácomo) e do personagem do Daniel de Oliveira (Luís Jerônimo). E ele errava o nome do Luís Jerônimo toda hora. Ele falava vários nomes menos o correto. Outro dia alguém colocou essa cena na internet. Mas eu ri tanto, porque todo mundo ria na época, Tony (Ramos) ria, Patricia (Pillar) ria. Aí ele foi ficando nervoso, e quando ele finalmente acertava, a gente não conseguia fazer a cena. Essa é uma das cenas mais icônicas para todo o elenco. Teve uma cena também que durante a gravação eu fui picada por um mosquito. Sou alérgica e tiveram que me filmar para mostrar que eu não ia conseguir gravar aquela cena, estava com a cara toda marcada. E era uma cena que ia no ar aquela semana, então foi uma correria para fazer depois. Foi uma novela difícil de ser feita, mas aconteciam coisas muito boas, que deixaram na gente as melhores lembranças.
Como era a relação com o Danton Mello, com quem fez o par romântico de tanto sucesso?
Foi muito bonito o nosso processo de trabalho, a parceria que a gente teve. Eu morro de vontade de voltar a trabalhar com o Danton, não aconteceu depois. Eu espero que surja alguma novela, alguma série, algum projeto em que a gente possa voltar a contracenar. Ele é um grande parceiro, um grande ator. Assisti a série que ele fez (Justiça 2) e eu falei, nossa, como ele é grandioso, que vontade de trabalhar com o Danton. Mandei uma mensagem para ele, a gente se falou. E foi uma época tão importante das nossas vidas, eu morro de saudade e gostaria de voltar a trabalhar com ele o quanto antes.
Como foi a repercussão da personagem na época? Até hoje o público fala com você sobre a Belinha?
Muita gente fala sobre a Belinha comigo, o quanto essa novela foi legal, o quanto é bonita. Lembram muito do Boanerges (Tony Ramos). As pessoas falam muito mesmo desse trabalho. Estou feliz que a Globo vai reprisar. É sempre bom rever ‘Cabocla’.
Com estreia dia 26 de agosto no ‘Edição Especial’, após o ‘Jornal Hoje, ‘Cabocla’ tem texto de Benedito Ruy Barbosa, adaptado por Edmara e Edilene Barbosa, com direção de núcleo de Ricardo Waddington e direção geral de José Luís Villamarim e Rogério Gomes.