Atualmente no ar na série “Notícias Populares” onde vive o jornalista Luna, o ator Luiz Bertazzo já tem data para mostrar um pouco mais do seu talento. O ator estará no elenco de “Betinho no fio da navalha”, que estreia no dia 1 de dezembro no Globoplay. Na produção ele é um dos destaques e vive Carlos Afonso, um dos compadres na vida de Herbert de Souza um dos nomes que esteve ligado na militância contra a ditadura, exílio e uma das figuras mais importantes na fundação do IBASE – instituto que foi essencial para mapear a fome no país.
– Carlos Afonso, que era carinhosamente chamado de CA, foi o compadre na vida do Betinho, um homem que esteve com ele na militância contra a ditadura, no exílio, na fundação do IBASE – instituto que foi essencial para mapear a fome no país – e seguiu ao seu lado até sua morte. Teve uma atuação discreta na mídia, ao contrário de Betinho, mas no Ibase era uma peça importante na luta das dificuldades que uma ONG enfrentava naquele período de redemocratização do Brasil. É um dos poucos brasileiros que pertencem ao Hall da Fama da Internet, é considerado um dos principais responsáveis por trazer a internet pro Brasil, e até hoje ele trabalha para que o acesso seja universal e a conectividade possível a todos – explica.
O ator de 38 anos nascido em Corumbá, MS, fala da preparação e pesquisa que fez para criar esse importante personagem.
– Por conta da discrição do CA, havia pouco material na mídia, em um vídeo mais recente consegui notar a tranquilidade de um homem que dá o suporte para as coisas acontecerem dentro do instituto. Mas na ficcionalização da história, muitas vezes a temperatura da cena sobe e o Carlos Afonso tranquilo deu lugar a minha interpretação do que seria ser o braço direito do Betinho, lidando com falta de dinheiro pro Ibase, perseguições políticas, vendo o melhor amigo adoecer. Foi um set muito emocionante, então era inevitável as atuações serem muitas vezes, à flor da pele – relata.
O ator ainda fala sobre o processo de caracterização para viver o personagem.
– A história acompanha os personagens em três décadas, então o trabalho de caracterização do Martín Trujillo e sua equipe foi precioso. Em algumas raras exceções tivemos que envelhecer e rejuvenescer na mesma diária, teve um dia em que pulei dos anos 90 ao 70 em apenas um intervalo de almoço. Era muito divertido – revela.
Bertazzo dividiu cenas com os atores Júlio Andrade e Michel Gomes, que vivem Betinho e o cientista político Átila Roque respectivamente.
– Tive muita sorte de estar nesse projeto. Temas que a série retrata nos atravessam até hoje: a luta contra a fome e a miséria, o acesso ao tratamento do HIV, a morte de líderes políticos progressistas, entre outros, espelham nossas vidas atuais e trouxeram à tona sentimentos nobres no set. As lágrimas eram frequentes nos bastidores, muito disso se deu pela transformação absurda do Julinho na personagem. Em uma das cenas em que estivemos nós dois atuando, eu desabei depois do corta, porquê parecia que Betinho estava ali diante de mim, e essa visão é arrebatadora, e de alguma forma acho que ele estava sim. É impressionante o quanto Julinho encarnava a personagem, e a rapidez em que também saia dela. A presença de Daniel, filho do Betinho, na consultoria de roteiro e visitando o set, também nos ajudou a lembrar da importância da história que estávamos contando ali; ele parava pra falar com cada um, pra nos lembrar sobre quem eram essas pessoas e a importância delas – conta.