Entre os dias 20 e 30 de setembro, na cidade de São Paulo, a 2ª edição da Semana de Acessibilidade Surda (SAS) vai evidenciar ainda mais a presença das pessoas com perda auditiva na sociedade e mostrar que elas querem e podem conviver harmoniosamente com ouvintes. O evento visa promover a inclusão social dos surdos para conscientizar e mobilizar a população ouvinte sobre a recorrência da surdez. A programação conta com diversas ações espalhadas em diferentes pontos da capital paulista voltadas para surdos e ouvintes, de apresentações artísticas a iniciativas voltadas para o mercado de trabalho. Uma das novidades desse ano fica por conta do Workshop “Empatia do Silêncio”, em que convidados farão uma imersão ao universo da pessoa com deficiência auditiva.
Os atores Christine Fernandes e Tato Gabus Mendes, que interpretam os pais de uma filha surda na novela Malhação, da TV Globo, aceitaram ser madrinha e padrinho respectivamente dessa segunda edição da SAS que, pela primeira vez, conta com embaixadores surdos para ancorar as ações e sensibilizar ainda mais a população surda e ouvinte. Além deles, Giovanna Rispoli, que dá vida a Milena, a filha deles na trama, também apoia a Semana de Acessibilidade e é presença confirmada.
– A conscientização acerca dos cuidados com a audição é um assunto sério e de interesse público. Estou apoiando essa causa porque escutar é parte da comunicação, e eu, como artista, valorizo as formas de comunicação e me interesso pelo futuro da humanidade – destaca o ator Tato Gabus Mendes.
Sobre a SAS – Semana da Acessibilidade Surda:
A ideia de criar a ação foi da jornalista Millena Machado, após ver as dificuldades pessoais e profissionais que uma prima ainda passa por ter ficado surda após sequelas de uma meningite. A apresentadora se sensibiliza com a causa dos surdos desde pequena e logo entendeu que, com cooperação, respeito, atitudes e mudanças de hábitos, todos podem viver com mais qualidade. Em 2016 a jornalista se posicionou publicamente e em parceria com o publicitário Alexandre Peralta, e mais de 20 amigos voluntários, criou ações para a conscientização sobre os problemas e transtornos que pessoas surdas sofrem justamente pelo fato de a sociedade civil, empresas e entidades públicas não estarem preparadas para lidar com este público. A iniciativa ganhou porte de Campanha Social e o nome #surdoehquemfala. De lá pra cá, ela assumiu um espaço público que vem sendo ampliando em diferentes áreas de atuação e conquistando a simpatia da sociedade e a atenção das empresas e que resultou na criação da SAS.
“No início, era um sonho. Eu pensava em fazer justiça para a minha prima, pois não entendia como ela podia estar desempregada há 8 meses por preconceito de colegas e falta de acolhimento dos empregadores, sendo que ela era formada, tinha experiências formais anteriores e com uma lei de cotas tão rígida. Conforme fui mergulhando no assunto, consultando médicos, fonoaudiólogas, intérpretes de Libras e conhecendo iniciativas, percebi que a inclusão da diversidade surda era uma urgência e um anseio de mais de milhões de pessoas no Brasil. Dos profissionais envolvidos no lançamento da campanha #surdoehquemfala, em 2016, todos tinham algum caso de perda auditiva na família ou entre amigos. Aquela constatação revelou uma realidade até então invisível: deixar de escutar é mais comum do que se imagina” – afirma Millena.
A SAS acontece em setembro porque esse mês é historicamente marcado por diversos eventos da comunidade surda. Em 2008, por conta da lei 11.796/2008, o Brasil instituiu o dia 26 de setembro como o Dia Nacional dos Surdos. É nessa época do ano, também, que é relembrado o Congresso de Milão de 1880, entre os dias 6 e 11, que proibiu o uso da Língua de Sinais. O dia mundial das línguas de sinais é 10 de setembro e 30 de setembro é o dia do tradutor, o que reforça a importância dos tradutores intérpretes de Libras.