Há 3 anos, o Brasil ocupa o primeiro lugar de um ranking mundial, que não foi comemorado. Ser o país que mais mata ativistas no mundo – só em 2017, foram 57 mortos, 80% deles de defensores da natureza – definitivamente não é motivo de orgulho.
Quando ativistas ambientais viram estatística, o que grita é a invisibilidade, a falta de valorização e reconhecimento de uma pessoa que sai de casa todos os dias com a incerteza latente de que vai voltar. E por um propósito de vida que deveria ser exaltado: lutar contra o desmatamento, a extração ilegal de minérios, a contaminação de rios, a invasão de terras indígenas e tantas outras práticas criminosas que assolam o meio ambiente.
Ao invés de exterminar, por que não protegemos e nos unimos a quem trabalha pela continuidade da vida no planeta?
A pergunta quem faz é ‘Aruanas’, série original Globoplay, produzida pela Globo e pela Maria Farinha Filmes. Escrito por Estela Renner e Marcos Nisti, o thriller ambiental tem um propósito claro: alertar para a crise ambiental mundial e valorizar e proteger o trabalho de ativistas. Com direção artística de Carlos Manga Jr e direção geral de Estela Renner, ‘Aruanas’ vai além do suspense e da ação ao ressaltar o debate sobre a preservação da biodiversidade e, consequentemente, da vida. A série em 10 episódios, cujo roteiro foi escrito com Pedro de Barros, tem ainda parceria técnica do Greenpeace e o apoio de cerca de 28 ONGs de atuação internacional e será lançada simultaneamente no Brasil e no exterior. No Globoplay, ‘Aruanas’ estreia no dia 2 de julho e inspira o ‘REP – repercutindo histórias’, uma plataforma da Globo dedicada a espalhar depoimentos inspiradores sobre temas socialmente relevantes nas redes sociais. Os vídeos de 6 ativistas da vida real também estarão disponíveis a partir do dia 2.
Nessa história, três guardiãs e sentinelas da natureza como Aruana, o nome de origem indígena da ONG que fundaram juntas, só querem defender o meio ambiente. No time majoritariamente feminino, também há espaço para a estagiária, com olhos leigos e disposição para aprender a lutar por seus ideais; e para os dramas pessoais de cada uma delas, como relacionamento abusivo, adultério, traição de amizade e briga judicial por guarda de filho.
A trama se passa na fictícia Cari, cidade do interior do Amazonas, de realidade dura e onde fatos estranhos acontecem: um pedido de socorro em tom de denúncia anônima, pessoas adoecendo de forma misteriosa, assassinatos e ameaças aos povos indígenas. As ativistas, cada uma em sua trilha investigativa, criam um mosaico de evidências que leva a um grande esquema de crimes ambientais envolvendo garimpos ilegais e uma renomada mineradora nacional.
As Aruanas
Uma ação ativista, para obter sucesso, precisa estar pautada em três pilares: análise técnica e de riscos aliada a processos jurídicos; clara comunicação interna entre militantes e externa para que a informação chegue à sociedade; e alinhamento e organização da ação propriamente dita, com estratégia e cálculo de movimentos para a batalha. Sem conhecimento prévio algum dessas informações, sem saber que estavam verdadeiramente militando pela primeira vez, as amigas de infância Natalie (Débora Falabella), Luiza (Leandra Leal) e Verônica (Taís Araujo) lutam, aos 13 anos, pela preservação de uma praça da cidade de São Paulo. Depois de muitos dias embaixo de chuva e sol, as jovens recebem a notícia de que venceram a briga. A partir de então, elas têm certeza que a luta pelo meio ambiente está só começando
Os anos se passam e a veia ativista se fortalece dentro de cada uma dessas mulheres. Elas crescem feitas do mesmo material, o alheio lhes concerne. São inquietas, passionais, feridas. Viraram guerreiras
Luiza (Leandra Leal) é intempestiva e arisca, a típica ativista que está na linha de frente, usando corpo e impulsividade como seus maiores aliados. Ela representa a ação propriamente dita no ativismo, ainda que suas atitudes muitas vezes a coloquem em risco, aproximando-a da mais dura realidade destes defensores no Brasil: a morte. Além da militância, Luiza se aventura pelos desafios da maternidade. Mãe de Yan (Pedro Guilherme), fruto de uma antiga relação com Gilberto (Samuel Assis), sua presença na educação e na rotina da criança estão sempre em questão. Uma disputa judicial pela guarda do menino a deixará sem saber se seguir na briga pelo meio ambiente ou não.
Já Natalie (Débora Falabella) traz todo o poder da comunicação para dentro da ONG. Jornalista e renomada apresentadora da TV Núcleo, por diversas vezes une a profissão com a causa como forma de alertar o público sobre os perigos corridos pelo meio ambiente. É comum vê-la bater de frente com o chefe Sheik (Bruno Padilha) por conta das denúncias feitas em seu programa e os interesses comerciais da emissora. Conhecida do público nacional, é por ela que chegam as acusações anônimas, pelas quais, geralmente, as ativistas iniciam suas investigações. Muito intensa, a jornalista carrega consigo o drama de perder um filho em uma gestação avançada. Toda a garra que aplica na profissão, tanto na TV quanto na ONG, não é capaz de usar dentro de casa, onde vive um relacionamento fracassado com Amir (Rômulo Braga).
Transitando entre Brasília, São Paulo e Amazonas, Verônica (Taís Araujo) pratica o chamado advocacy: ela advoga por um propósito social e não para um interesse de mercado. A mais racional das três ativistas é extremamente planejada, estratégica e séria. Por muitas vezes, perde a cabeça com Luiza, principalmente por agir por conta própria, arriscando não somente a própria vida, como também a causa da ONG. Mulher de origem humilde, Verônica batalhou muito para ter o reconhecimento no meio jurídico e, por conta do profissionalismo, conta com diversos contatos no Planalto Central para questões ambientais. Tamanha seriedade e controle não são aplicados na vida pessoal, já que vive um romance proibido com Amir (Rômulo Braga), marido da melhor amiga Natalie (Débora Falabella). Como um espelho reverso do que se vê em ações ativistas, Verônica não consegue se afastar do amante, cedendo aos encantos do amor, e lida com essa mentira que a corrói por dentro, cheia de remorso e ambiguidade.
E ainda há Clara (Thainá Duarte), uma jovem cheia de sonhos, que chega à Aruana sem ter ideia por onde começar e sobre como funciona a rotina de uma instituição ativista. Depois de fugir da sua cidade natal, no interior de São Paulo, onde vivia um relacionamento abusivo com Ramiro (Rafael Primot), ela é acolhida na ONG por André (Vitor Thiré) e Natalie, e desafiada a correr atrás se quiser participar das principais ações. São os olhos de Clara que revelam como aprender e entender o processo de funcionamento de uma ONG e como são pensadas as ações dos defensores do meio ambiente. Estagiária, durante sua jornada ela sai de um lugar de submissão feminina e desenvolve uma força que sempre teve, mas antes não podia mostrar.
Também fazem parte da Aruana os ativistas André (Vitor Thiré), responsável pela comunicação e relações públicas da ONG, e que acompanha as amigas nas ações; Falcão (Bruno Goya), o diretor de logística que cuida do planejamento das ações para dar suporte às militantes; e PontoCom (Ravel Andrade), o braço tecnológico da instituição, que tem papel essencial para desvendar todas as informações online e off-line.
Durante a investigação na Amazônia, as ativistas ganham o apoio de Gregory (Gustavo Vaz), antropólogo que estuda as questões indígenas e entra nessa investigação de cabeça ao conhecer Natalie, com quem também tem um caso romântico.
O início de uma ação ativista: a denúncia
O trabalho de um ativista geralmente começa a partir de uma denúncia, na maioria das vezes, anônima. Foi dessa maneira que as Aruanas tiveram acesso ao caso de Cari. A ligação de um desconhecido, sem muitos detalhes, foi o suficiente para causar a inquietude de Luiza, Verônica e Natalie. O preço pelas informações e segurança do delator é de R$ 100 mil e quem deve intermediar a negociação é Otávio (Sérgio Pardal), jornalista local. Luiza é quem se desloca até a cidade do interior do Amazonas para encontrar o profissional, que promete entregar um dossiê digital, mas já adianta: o material acusa a mineradora KM de envolvimento em crimes ambientais na região, na iminência de um colapso.
Por trás da KM, está um homem sedento por poder e dinheiro, um exemplo de como a ganância enxerga o meio ambiente e qualquer outro “obstáculo” que apareça pela frente. Miguel Kiriakos (Luiz Carlos Vasconcelos) herdou a afeição pelos garimpos do pai, morto soterrado em um acidente no descampado. Ambicioso, sagaz e egóico, cresceu nesse ambiente e soube se tornar referência em mineração com a sua KM. Miguel tem planos ambiciosos. Acostumado a lidar na ilegalidade e se mascarar por trás da reconhecida e respeitada empresa, ele lidera diversos garimpos ilegais no local. Mas quer mais. Quer ocupar toda a Reserva de Cari, capaz de garantir a riqueza que deseja. Para isso, contrata Olga (Camila Pitanga), reconhecida lobista em Brasília, especializada em interesses de empresas que pouco ligam para o meio ambiente. Com ela, abre o caminho no poder público para facilitar o decreto de extinção da reserva, o que permitiria devastar terras indígenas e florestas tropicais de maneira legal.
Com o know how do assunto e diversas influências políticas, Olga (Camila Pitanga) está acostumada a conquistar seus objetivos, excelente na arte do “custe o que custar”. Apesar de não precisar de dinheiro, ela tem gana de poder. Gosta do jogo e por isso não mede esforços, agindo sempre de maneira egoísta e ameaçadora. Absolutamente sedutora, desenvolve uma relação para além de profissional com Miguel, nada mais é do que uma simples diversão sexual para aliviar as tensões do trabalho. Independente, com estilo moderno, Olga gosta mesmo é de ter prazer, seja lá como for, em todos os aspectos da vida.
A única coisa capaz de amolecer Miguel é sua família. Toda a vilania do empresário é tomada pelo amor que sente pela neta Gabi (Manuela Trigo), fruto de sua já falecida filha e por quem nutre um carinho e cuidado sem tamanho. A criança tem paralisia cerebral e o avô é capaz de qualquer coisa em busca de tratamentos que possam lhe garantir mais qualidade de vida.
A maneira como conduz os negócios e a vida pessoal faz com que Miguel confie em poucas pessoas. Felipe (Gustavo Falcão) é um deles, seu braço direito na KM, diretor de Relações Institucionais da empresa e padrinho de Gabi. A relação dos dois só entra em risco quando Felipe, cansado e indignado com as atitudes de Miguel, cria um dossiê sobre a KM e decide fazer uma denúncia… a tal denúncia anônima.
Ameaças não fazem parar
A tensão já domina a investigação das Aruanas quando o novo encontro entre Luiza e Otávio para a entrega do pen drive com o dossiê não acontece. Na surdina, Nelson (Flávio Rocha), capataz de Miguel, passa as informações ao chefe, que é objetivo: tirá-los de seu caminho de qualquer maneira. Otávio é encontrado morto no carro de Luiza, que é presa como principal suspeita e libertada do cárcere, em seguida, com ajuda de Verônica.
As ativistas têm receio dos próximos passos. Pouco agiram e já lidam com a morte. Ainda que não entre elas, a equipe de Miguel age rápido e logo dá o recado de perigo em uma ameaça ao filho de Luiza, o pequeno Yan (Pedro Guilherme), por meio de um bilhete intimidador no parque. A intenção é que elas parem, mas não há ganância que supere os ideais de defensores ambientais. Mesmo porque, antes de partirem para São Paulo, Padre Adelino (Luti Angeleli), pároco de Cari e partidário da ONG, deixa no ar uma suspeita: antes de ser assassinado, Otávio fazia visitas frequentes a Seu Antônio (Paulo Goya), ex-funcionário da KM, internado no hospital com graves doenças.
De volta à Cari, as Aruanas convencem seu Antônio a conceder uma entrevista para Natalie, como forma de depoimento para a investigação. Muito debilitado, ele indica que, caso ninguém faça nada, muitas pessoas irão do leito à morte. Outros internos vindos da população ribeirinha apresentam os mesmos sintomas, como cegueira e tremedeira. Só que uma ameaça repentina é o suficiente para que ele desista de seguir contando o que sabe. E para que as ativistas pisem no freio, preocupadas com a segurança de suas fontes.
Em paralelo, Verônica, na companhia do promotor da cidade, Rubens (Marcos Andrade), age para descobrir os verdadeiros assassinos de Otávio. Comprada pela KM, a polícia local prende Mosquito (Ítalo Ruy), que já tem passagens pela delegacia como bode expiatório. Inteligente e perspicaz, a advogada sabe que o rapaz não é o culpado e consegue tirar isso dele. Já instalada na cidade, a equipe Aruana promove uma ação na frente da delegacia em que a população local, mascarada de bode, questiona o cárcere de Mosquito e quem está por trás desse crime.
A força da ação
A guerra está declarada. As Aruanas sabem que a KM está envolvida com os crimes ambientais da cidade e Miguel percebe que a ONG está agindo contra seus interesses. As investigações seguem e o foco é fazer com que o delator não desista.
Verônica segue atrás de pistas sobre a fuga de Mosquito, a morte de Otávio e o que está por trás disso tudo. Natalie conversa com um geólogo em seu programa e levanta o debate sobre conflitos entre indígenas e grileiros e posse de terras, alertando à população sobre os riscos de viver perto de mineradoras. Luiza e Clara avançam no contato com pessoas doentes na cidade, com os mesmos sintomas, e, já desconfiando da contaminação da água, invadem a KM para fazer uma coleta no rio dentro do espaço da mineradora. A busca por mais provas só não é desastrosa, pois, depois de pegas pelos seguranças, conseguem fugir do local. Os resultados, no entanto, ainda não são suficientes: a água está contaminada, mas não pela KM.
Acuado com as acusações, Miguel muda de estratégia. Em evento beneficente, é apresentado pessoalmente a Natalie e a convida para conhecer a KM e ver, com os próprios olhos, o trabalho sustentável que a empresa realiza. Felipe é quem faz a visita com a ativista, rebatendo as acusações da jornalista com informações positivas sobre a mineradora. Em determinado momento, Miguel toma a frente e experimenta da própria água para provar que a empresa nada tem a ver com a contaminação. Quase convencida, uma mensagem repentina e anônima sobre o decreto de extinção da Reserva de Cari levanta novamente a inquietude de Natalie. Porém, sem provas concretas, ela não consegue emplacar o furo na TV.
As ativistas querem evitar o decreto – ele significa uma verdadeira catástrofe em terras amazonenses. Verônica viaja a Brasília para pedir a suspensão do documento, nem que seja provisória. Ao chegar na capital nacional, se depara com ilegalidades, injustiças e um mundo de moedas de troca, onde só se conquista o que se deseja com chantagens e jogos sujos.
E é assim que mais um grupo ameaçado entra em jogo. Ao viajar para Cari com uma equipe de TV para gravar imagens da floresta da reserva, as ativistas se deparam com um mundo de lama e incontáveis garimpos abandonados. Ao montarem acampamento, o piloto do bimotor que as levou até ali descobre Gregory (Gustavo Vaz) escondido no local. Antropólogo e representante da ONG Biodiversidade Internacional, ele está na região há seis meses e garante que, para cada garimpo visto pelas defensoras, uma dúzia de índios foram mortos ao lado. A relação entre os crimes ambientais com o genocídio indígena é óbvia.
Próxima parada: filmar as aldeias na companhia de Gregory, ainda que as cenas sejam de terror. Corpos de adultos e crianças indígenas estão espalhados, ensanguentados, vítimas de um recente ataque motivado pelo controle das terras. Os ativistas ajudam os sobreviventes, entre eles o casal Payall (Kay Sara), grávida a ponto de parir, e Raoni (Abraão Mazuruna). No caminho, voltam a ser atacados e Payall entra em trabalho de parto. A mando de Miguel, que sabe que as militantes estão agindo no local, garimpeiros ameaçam suas vidas com tiros, e o empresário, estrategicamente, surge em um helicóptero como o herói salvador.
Enquanto isso, na cidade de Cari, Falcão, André, PontoCom e Clara planejam uma nova ação. Clara será o pivô, em caso de prisão, por ser a única reincidente entre eles – na militância, os organizadores estão sempre preparados para as consequências, sendo o cárcere a mais comum delas. No meio da praça da cidade, o grupo exibe fotos da parte intacta da reserva de Cari e distribuem panfletos sobre a possível extinção para mostrar como ficará o local depois da devastação. Moradores da região, que trabalham na KM, se revoltam e atacam André e Falcão, alheios a tudo. A grande desordem chama a atenção da polícia, que chega ao local. Enquanto Clara se entrega como culpada, Falcão sofre uma facada e é levado ao hospital. Estão, assim, fincados em Cari os principais pilares da ONG: a ação na justiça, a comunicação à sociedade em forma de denúncia e o risco na busca de provas e manifestações públicas.
Ao ser liberada da prisão, Clara lida com seu maior pesadelo: o responsável por sua soltura é Ramiro (Rafael Primot), seu ex-namorado abusivo, de quem fugiu ao chegar na ONG. Mas não é só Clara que lida com suas sombras. Entre São Paulo e Brasília, atrás dos trâmites contra a extinção da Reserva, Verônica se esforça para manter-se distante de Amir (Rômulo Braga), marido de Natalie, que insiste em uma relação secreta. Natalie, por outro lado, não quer enxergar que o relacionamento acabou e, mais uma vez, coloca o ativismo e a profissão na frente do seu casamento – a conversa com Amir fica sempre para outro momento; sua prioridade agora é o caso de Cari.
Já Luiza, nesse momento, se questiona se segue na batalha pela guarda de Yan, uma vez que não consegue priorizar a maternidade. Ela chega a perder a audiência na Justiça que definiria o futuro do filho por marcar, na mesma data, uma visita ao Mercado Clandestino de Cari para descobrir de onde vêm o ouro e os demais minérios da cidade. Sempre na linha de frente, em determinado momento Luiza conhece o vendedor de minério Ícaro (Daniel Ribeiro) e o Garimpo Agulhas, uma das posses ilegais de Miguel. No local, a ativista descobre que as terras invadidas e desmatadas são propriedades do dono da KM.
O desafio agora é juntar as peças desse quebra-cabeça, mesmo sob as constantes e veladas ameaças de Miguel e Olga. Há provas, evidências e fontes seguras, mas ainda faltam informações para fechar essa conta. Se Miguel é dono de todos os garimpos locais, por que então protege o decreto presidencial de extinção da Reserva de Cari?
É um trabalho, que não deveria ser uma luta
O trabalho de Verônica, Luiza, Natalie e Clara não começa dentro da ONG nem nas ruas. Começa em casa, quando a paixão pela causa faz com que questões pessoais, medos e dilemas psicológicos fiquem em segundo plano. De forma consciente, a entrega é total. A militância dessas mulheres salva a vida de todos, ainda que nem todos peçam, saibam ou entendam a relevância dessa salvação. Salva tanto quem não se importa quanto quem age contra o meio ambiente.
O trabalho de Verônica, Luiza, Natalie e Clara não é diferente do trabalho de tantas outras pessoas. Assim como não foi do trabalho de Irmã Dorothy Stang, Terezinha Rios Pedrosa, Manoel Índio Arruda, Chico Mendes, Edmilson Pereira dos Santos e tantos outros ativistas ambientais mortos, de verdade, em militância.
O trabalho de Verônica, Luiza, Natalie e Clara não deveria ser encarado como uma luta, e sim como um movimento com valor para o bem coletivo. O trabalho de quem se arrisca diariamente pela biodiversidade do Brasil e do mundo e pela longevidade humana precisa ser mais conhecido, mais reconhecido. Precisa de valorização, de apoio, de segurança e proteção. Precisa de luz, não apenas por trás das câmeras do entretenimento.
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