Parece que a Showtime pretende trazer “Dexter” das montanhas para uma minissérie especial. Será verdade? O site Screen Crush publicou a notícia de que o canal tem interesse de reviver a série e que o ator Michael C. Hall estaria disponível para as gravações.
David Nevins, o produtor da série, declarou que não gostaria que “Dexter” retomasse o mesmo caminho e, por isso, iria trabalhar com os roteiristas para encontrar um novo rumo para o personagem. Que bom, né? Porque o rumo do final foi tipo assim: terrível. Bom, dá até um medo do que vem por aí porque, como diria a grande filósofa contemporânea Inês Brasil: cada um faz o que quer, mas cada um segura sua marimba.
O final não foi terrível porque o Dexter encerrou a série – impiedosamente, cruelmente e sanguinariamente – matando a porra toda. Não, nada disso. Foi terrível de ruim mesmo. E olha que eu sou fã desde o princípio. Era uma das minhas preferidas, mas quando foi chegando perto do final, não seguraram a marimba monamour.
Vamos recapitular?
No piloto, somos apresentados a Dexter Morgan, um cara pacato que divide o tempo entre trabalhar como analista forense – especialista em sangue – na Miami Metro Homicides e ser serial killer. Mas, o Dexter não é simplesmente um assassino em série, não. Ele tem regras, padrões e princípios. Oi? É isso mesmo: o Dexter é uma espécie de justiceiro que elimina os outros serial killers das ruas de Miami. Ele presta um serviço para a sociedade. Aham…
A trama é a seguinte: ainda bebê, Dexter vê a mãe sendo brutalmente assassinada e é resgatado por um policial, Harry, que o adota e lhe identifica, enquanto ele cresce, traços de psicopatia. Harry cria então um código para o filho psicopata seguir, ensinando-o a selecionar as suas vítimas da melhor forma possível: já que matar é uma necessidade, mate então quem gosta de matar gente também. É, nem Freud explica esse pai do Dexter, mas, ok. Até aí tá tudo maravilhoso.
Então, depois de adulto, ele baseia a sua vida no código de Harry e cria uma personalidade para disfarçar a sua psicopatia, enganando todos à sua volta. Ele é visto como um nerd de laboratório esquisitão, que é aficionado por sangue e é até zoado, principalmente pelo sargento Doaks e a sua irmã, Debra. Essa provavelmente é a melhor personagem da série, pelo menos era a minha preferida. E Doaks foi o mais esperto da série toda. Também temos Batista, Vince, Quinn, Laguerta e Rita, a namorada, no melhor estilo Sandy de ser. Não quero entrar no mérito de discutir os outros personagens, acho que eles são ótimos e outro dia posso falar exclusivamente sobre, mas agora, vamos ao que interessa.
Primeira Temporada
Dexter está procurando Ice Truck Killer e, nesse meio tempo, mata outros assassinos e dá manutenção ao seu disfarce. Ao final da temporada, descobre que Ice Truck Killer é, na realidade, o seu irmão de sangue, mas passa a faca nele: desmembra o brother todo e depois joga no rio, embrulhado em plástico bolha. Irmão? Grande coisa. Dexter é impiedoso. Ele não tem sentimento por ninguém.
Segunda Temporada
Debra vai morar com Dexter, dificultando um pouco o hobby dele, de matar gente. E Doaks, aquele único personagem mais esperto que acha o Dexter muito do esquisitão, começa a vigiar o nosso amado serial killer para descobrir qual é a dele. Também temos uma nova personagem, Lila. Vamos entender: Rita pensa que o Dexter tem problema com drogas, coitada, e para não revelar qual é a origem real do seu comportamento estranho, ele aceita ir em reuniões de apoio para largar as drogas. “Não querida, não uso drogas, é que eu gosto de matar gente” – não dava pra contar né, amigo?
E nessa, Lila se torna madrinha de Dexter. Mas, acontece que ela também é uma louca de pedra: se apaixona pelo galã, bota fogo no Doaks quando descobre que Dexter é serial killer e resolve infernizá-lo até se cansar e ir embora para Paris. Mas, o nosso anti-herói não ia perder Lila assim. Ele pega um avião para a cidade mais romântica da TV, encontra a amante e… passa a faca nela para ela parar de ser trouxa. O conflito principal da temporada é que todos no departamento em que Dexter trabalha estão procurando ninguém menos que o próprio Dexter, que é apelidado de Bay Harbor Butcher. E, ao final, o Dexter dá um jeito de incriminar Doaks, o único a descobrir quem é o assassino procurado. Motherfucker esse Dexter, né?
Terceira Temporada
Dexter começa a ter crises de consciência e refletir sobre ética e princípios. Oi? Debra se torna detetive, como sempre sonhou. Rita descobre que está grávida e o futuro papai, Dexter, faz o seu primeiro melhor amigo, o promotor Miguel Prado, só que, no final da temporada, passa a faca nele. Isso que é melhor amigo, né? Essa é a temporada mais fraca até então…
Quarta Temporada – A Melhor
Nasce Harryson. Dexter se torna um pai de família e o vilão da vez é Arthur, ou Trinity Killer, um serial killer de mais de trinta anos de carreira. Um ídolo para Dexter, que vê nele o cenário perfeito da camuflagem para viver em sociedade e nunca ser descoberto. Bom demais para ser verdade. Resolve aprender com o mestre. A temporada vai se tornando uma competição entre Dexter e Arthur, culminando com o final mais trágico, no episódio mais visto, da história do Showtime: Dexter mata Arthur para depois chegar em casa e descobrir que Arthur matou Rita e deixou Harryson exatamente no mesmo cenário onde Dexter foi encontrado, naquela mesma idade, pelo pai. Esse final foi sensacional.
Podia ter parado por aí, né? Ou então ter concluído daí o desfecho em mais alguns poucos episódios, numa quinta temporada, estratégia muito bem usada na série “Nikita”. Mas não, eles quiseram continuar.
Quinta Temporada
Dexter conhece Lumen, a sua nova amada. Não tem nada de grande acontecimento nessa temporada, foi fraquíssima depois do que vimos na quarta. Fica naquela: Dexter vivendo o seu romance e matando um povo aí. No final, Lumen vai embora. Foi tarde. Muito da chatinha essa personagem.
Sexta Temporada
A trama é sobre fanatismo religioso e o vilão da vez é Travis, que pensa estar vivendo o apocalipse. Essa fase termina com Debra pegando Dexter no flagra enquanto ele mata Travis. Ali, ela descobre que o Bay Harbor Butcher da segunda temporada é, na realidade, o seu irmão. Com esse acontecimento, eles poderiam ter encerrado a série a partir da atitude que Debra toma com a descoberta, mas não, eles quiseram continuar.
Sétima Temporada
Vemos uma Debra surtada: Christiane F, drogada e prostituta. Ela abandona o cargo de detetive do Miami Homicides para trabalhar como detetive particular freelancer, vai contra todos os princípios das outras seis temporadas para aceitar o irmão daquele jeito e, no final, ainda pensa que está apaixonada, incestuosamente, pelo irmão serial killer. Oi? Disputa o amor do Dexter com Hannah, a quem Dexter pensa ser a sua alma gêmea, a versão feminina de si. Hannah tenta matar Debra e aí Dexter fica putinho e faz com que Hannah seja presa, tudo para proteger a irmã. Enfim, novelona essa temporada, nem precisava.
Oitava Temporada
Finalmente vamos para a última, a pior, a mais desgramada. Nessa, o Dexter vira a casaca, de serial killer impiedoso, se torna um maluco apaixonado, tipo música do Zezé di Camargo & Luciano, querendo mudar o rumo da sua vida para viver um amor intenso, mexicano e caloroso com a sua amada, rainha das poções envenenadas, Hannah, que não está mais presa. Agora, ela está escondida na casa da Debra e elas viram amigas, own.
Dexter e Debbie estão fazendo análise para melhorar a relação maluca deles com uma velha muito da xarope que tem um filho serial killer, chamado Saxon, o grande vilão dessa temporada. E esse matou pencas, até a mãe ele mata. E quando Dexter está com a faca na mão para matar o Saxon – literalmente – ele tem um surto de consciência: depois de passar a temporada toda atrás do cara, resolve que não precisa disso e não quer mais ser um assassino, motivo pelo qual vai embora do local, deixando Saxon lá de boa na lagoa. Oi?
Enquanto Dexter está vazando, Debbie está chegando. E aí, adivinha? O tal do Saxon, que não é besta nem nada, aproveita que já está ali mesmo e atira em Debbie. Ela é socorrida, mas tem um AVC e fica em estado vegetativo. Sério? Esse foi o final que vocês deram para a melhor personagem da série? Bacana hein, galera.
Como tudo o que é ruim pode piorar, depois disso, Dexter, escondido, tira a irmã, em estado vegetativo, do hospital para dar um final digno para ela: desmembrar, enrolar em plástico bolha e jogar no rio. Nossa, de novo, é sério mesmo? Ok, como tudo o que é ruim pode piorar, de novo, Dexter manda o seu filho (que parece ser, além de Debra, Hannah e o próprio pai, o único pelo qual ele consegue ter sentimentos – serial killer com sentimentos agora, oi!) enfim, ele manda seu filho embora com a Hannah Banana, vão morar na Argentina. Claro, isso fazia todo o sentido na história, só que n. E como tudo que tá muito ruim e já piorou ainda consegue ficar mais terrível: depois disso o Dex resolve se aposentar e fugir pras montanhas onde passará o resto da sua vida sendo lenhador. The End.
E foi assim que um dos seriados mais maravilhosos da TV perdeu todo o respeito dos fãs e o personagem mais massa da Showtime perdeu toda a coerência. Acredito que David Nevins tem plena consciência de que esse final é indefensável, indigno da série e do personagem, e quer fazer a justiça pros fãs. Quem sabe ele pensa que a minissérie pode concertar esse final lixo e tirar da imaginação dos fãs que o Dexter vive nas montanhas cortando lenha.
Se a minissérie realmente será produzida, não sabemos, mas vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos. Eu, como fã, espero sinceramente que seja verdade e que a minissérie comece com Dexter acordando lá na quinta temporada, descobrindo que a sexta, sétima e última temporada era só um sonho, ou melhor, um pesadelo.
E aí, vocês querem “Dexter” de volta? Comentem!
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