Uma novela que conquistou o público pelo estilo inovador está de volta a partir do dia 16 no ‘Vale a Pena Ver de Novo’. O autor João Emanuel Carneiro subverteu a estrutura do folhetim tradicional ao revelar, depois de muitos capítulos, a identidade da vilã da história. Ambientada em São Paulo, ‘A Favorita’ apresenta como trama central a rivalidade entre Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Claudia Raia), antigas parceiras da fictícia dupla sertaneja Faísca e Espoleta. Flora foi condenada a 18 anos de prisão pelo assassinato do marido de Donatela, Marcelo Fontini (Flavio Tolezani). Ao sair da prisão, ela luta para provar sua inocência, acusando a ex-amiga do crime que ela já pagou. Donatela, por sua vez, foi quem criou Lara (Mariana Ximenes), a filha de Flora com seu marido morto e herdeira única de um império de papel e celulose. A ex-presidiária garante que foi vítima de uma farsa armada por Donatela, a quem acusa de estar interessada na fortuna da família Fontini.
Patrícia Pillar e Claudia Raia precisaram construir a dualidade das personagens, de forma que os espectadores ficassem em dúvida sobre o caráter de cada uma. Todo esse processo foi bastante estimulante para as experientes atrizes. “Essa provocação do João Emanuel Carneiro foi de grande originalidade e uma aposta arriscada que me agradou muito. Ele construiu uma trama muito surpreendente e para os atores abriu o campo de atuação trazendo muita liberdade”, analisa Patrícia. “Não é sempre que trabalhamos essa dualidade no personagem e escondemos quem ele realmente é. E Donatela me proporcionou me despir de mim mesma de uma maneira muito forte. Eu sou bailarina clássica, aprendi a ter postura desde os três anos de idade. Donatela é o oposto disso. Ela é uma mulher bronca, o que se reflete inclusive na maneira como anda, que é mais bruta. Poder viver isso em uma personagem foi muito especial”, conta Claudia.
Confira, abaixo, entrevista com Patrícia Pillar e Claudia Raia sobre o trabalho em ‘A Favorita’.
De volta a partir de 16 de maio no ‘Vale a Pena Ver de Novo’, ‘A Favorita’ é escrita por João Emanuel Carneiro, com direção geral e de núcleo de Ricardo Waddington, direção de Paulo Silvestrini, Gustavo Fernandez, Roberto Vaz, Pedro Vasconcelos, Marco Rodrigo, Roberto Naar, Ary Coslov e Isabela Secchin. Além de Patrícia Pillar e Claudia Raia, a novela traz no elenco grandes nomes como Murilo Benício, Mariana Ximenes, Cauã Reymond, Lilia Cabral, Ary Fontoura, Alexandre Nero, Jackson Antunes, Deborah Secco, Carmo Dalla Vecchia, Juliana Paes, Bel Kutner, Claudia Ohana, Taís Araujo, Milton Gonçalves, Fabricio Boliveira, Tarcísio Meira, Glória Menezes, Mauro Mendonça, Helena Ranaldi, Malvino Salvador, Emanuelle Araujo, Gisele Fróes, Chico Diaz, Clarice Falcão, Elizangela, Miguel Rômulo, Suzana Faíni, Suely Franco, Rosi Campos, Roberta Gualda e Paula Burlamaqui, entre outros.
ENTREVISTA COM PATRÍCIA PILLAR
‘A Favorita’ é pedida há muito tempo pelo público para ser reexibida no ‘Vale a Pena Ver de Novo’. Você também aguardava por isso? O que sentiu quando soube da notícia?
Sempre foi uma expectativa nossa saber como seria assistir a novela já sabendo “quem estava falando a verdade”. Acho que pode ser muito interessante para o público que terá a chance de não ser “enganado pelas aparências”. Assim, as pessoas terão uma compreensão melhor da complexidade de cada uma das personagens.
A novela inovou subvertendo o folhetim tradicional ao ter a vilã revelada depois de muitos capítulos. Foi estimulante participar de uma obra com essas características?
Sem dúvida! Essa provocação do João Emanuel Carneiro foi de grande originalidade e uma aposta arriscada que me agradou muito. Ele construiu uma trama muito surpreendente e para os atores abriu o campo de atuação trazendo muita liberdade.
Como foi sentir a reação do público quando Flora se revelou?
Foi mesmo uma grande virada, mas não foi nada forçado porque estava tudo ali construído no texto. A força da imagem pré-concebida que o público tinha de cada uma das personagens despistou as verdadeiras intenções de Flora e Donatela. Essa brincadeira levou o público a fazer uma aposta errada.
A Flora é uma personagem muito subjetiva e exigiu uma intensa preparação para compor o lado psicológico dela, correto? Além disso, você também visitou um presídio feminino para conhecer a realidade das detentas. Pode relembrar um pouco como foi o processo de preparação para a personagem?
Uma pessoa que ficou presa por muitos anos precisa ter essa vivência impregnada em seu corpo e em suas atitudes. Estive no presídio feminino Talavera Bruce, conheci várias detentas, muitas histórias de vida que me ajudaram a entender a dureza que é viver essa experiência. Encontrei no boxe uma atividade física que serviu como meio para encontrar esse físico mais embrutecido.
Como foi a parceria com a Claudia Raia e com outros atores com quem mais contracenou?
Maravilhosa. Nunca tinha trabalhado com a Claudia e de cara tivemos uma cena muito difícil que era o reencontro das duas depois que a Flora saiu da prisão. Nessa cena já rolou muito bem, ali já senti que seria um jogo muito gostoso.
O que mais te marcou neste trabalho e de que forma essa novela foi importante para sua carreira?
Me marcou muito a força que fica guardada em uma pessoa que não soube lidar com o sentimento de rejeição, sentimento mal resolvido que fez o amor pela irmã virar ódio e o ódio virar desejo de vingança. Muitas ações violentas são regidas pelo ressentimento. Poder lidar com essa gama tão complexa de sentimentos foi um presente do grande autor que é o João Emanuel Carneiro e foi um grande aprendizado para mim.
Qual a cena envolvendo a sua personagem ficou mais marcada na memória?
Foram três. A saída da prisão, a visita de Flora a Donatela na cadeia, onde ela diz que tomou tudo que era dela, e quando Flora confessa a Donatela que é uma assassina.
Quais as principais lembranças dos bastidores? Alguma curiosidade em especial?
O clima era uma delícia! Trabalhávamos muito, muito mesmo, mas era sempre em meio a muitas gargalhadas! Muitos momentos maravilhosos foram vividos com Claudia Raia, Ary Fontoura, Mauro Mendonça, Murilo Benício, Glória Menezes, Mariana Ximenes, Genésio de Barros, Carmo Della Vecchia…Guardo grandes recordações e agora vou matar um pouco dessa saudade.
Você pretende rever a novela? Gosta de assistir trabalhos antigos?
Não sou de assistir trabalhos antigos, mas ‘A Favorita’ eu vou assistir muito!!!
ENTREVISTA COM CLAUDIA RAIA
‘A Favorita’ é pedida há muito tempo pelo público para ser reexibida no ‘Vale a Pena Ver de Novo’. Você também aguardava por isso? O que sentiu quando soube da notícia?
Fiquei muito feliz quando soube. Assim que foi anunciado já me marcaram em várias postagens nas redes sociais. Acho que vai ser muito legal acompanhar a repercussão da história pelas redes, ver os memes. E assistir à novela mesmo. Essa é uma história contada de uma maneira muito brilhante pelo João Emanuel Carneiro.
A novela inovou subvertendo o folhetim tradicional ao ter a vilã revelada depois de muitos capítulos. Foi estimulante participar de uma obra com essas características?
Todo o processo foi estimulante para mim como atriz. Primeiro porque eu tive que já, de cara, trazer muitas nuances para a personagem. Afinal, ela era uma mocinha, mas que tinha ares vilanescos. O público tinha de ficar na dúvida sobre a Donatela, sobre o caráter dela. Não é sempre que trabalhamos essa dualidade no personagem e escondemos quem ele realmente é. Segundo porque Donatela me proporcionou me despir de mim mesma de uma maneira muito forte. Eu sou bailarina clássica, aprendi a ter postura desde os três anos de idade. Donatela é o oposto disso. Ela é uma mulher bronca, o que se reflete inclusive na maneira como anda, que é mais bruta. Poder viver isso em uma personagem foi muito especial. E isso também ajudou muito na composição da personagem e na maneira como o público a percebeu antes da revelação, não tenho dúvida.
Como foi a composição para interpretar uma personagem com uma carga dramática mais forte que a maioria dos tipos que já interpretou na TV?
O trabalho de composição foi muito intenso. Como falei antes, eu e Patrícia (Pillar) tivemos de criar personagens que fossem vilãs e mocinhas ao mesmo tempo. Operamos nesses dois polos. Não foi fácil porque tínhamos de pensar na coerência da história também depois que a revelação fosse feita e as cartas já estivessem na mesa para o público. Mas acredito que demos muito conta do recado, tanto que o público foi pego totalmente de surpresa quando a revelação aconteceu, isso teve uma grande repercussão. É uma trama que entrou para história da teledramaturgia brasileira.
Relembre um pouco a personalidade da Donatela, suas motivações e a trajetória na trama.
Donatela é uma mocinha clássica, né?! Ela sofre muito. Perde seu grande amor, perde o filho, acaba criando a filha de sua grande inimiga e depois vê Lara e Flora se reaproximarem quando Flora sai da prisão. Depois, tem de lutar para provar sua inocência, porque Flora e Silveirinha (Ary Fontoura) armam de tudo contra ela. Ao mesmo tempo que a vida a endureceu, ela tem um lugar de muito amor, de muita compaixão, como dá para ver na relação dela com Lara, depois com Haley (Cauã Reymond). Ela tem uma doçura e uma inocência ainda em alguns aspectos. Isso é muito legal porque traz uma humanidade grande para a personagem.
Como foi a parceria com a Mariana Ximenes e com outros atores com quem mais contracenou?
Foi em ‘A Favorita’ que eu ganhei a Mariana Ximenes como filha. A gente criou e cultivou uma relação de amor que já dura 14 anos, e que a cada dia fica mais forte. Na época, a gente gravava tantas cenas por dia que às vezes ela dormia lá em casa porque a gravação acabava muito tarde. Murilo Benício, Ary Fontoura, Cauã Reymond, Glória Menezes, Tarcisão… foram grandes parceiros de cena e de vida também. O elenco dessa novela é incrível, né?!
O que mais te marcou neste trabalho e de que forma essa novela foi importante para sua carreira?
O que mais marcou foi realmente a maneira como as duas protagonistas foram desenvolvidas. Quando soube que o João Emanuel Carneiro queria fazer a revelação no meio da novela, eu fiquei pensando: “será que vai dar certo?”. E deu muito certo. A história não perdeu o fôlego. Essa novela foi importante porque foi mais uma oportunidade de mostrar meu lado mais dramático, além de me lembrar que vale a pena correr atrás do que a gente acredita. Eu recebi o convite do João Emanuel para interpretar a Donatela depois de ele ter me visto na minissérie ‘Engraçadinha’. Essa foi uma personagem que eu lutei muito para fazer. Eu ganhei o papel e ele ainda me rendeu outros frutos lá na frente.
Quais as principais lembranças dos bastidores? Alguma curiosidade em especial?
Acho que uma curiosidade era que nem tudo o que ia ao ar já estava planejado no roteiro daquela forma. O cuspe de Silveirinha na Donatela foi algo ali do momento que fez sentido e entrou no corte final, foi ao ar. Ter essa possibilidade de participar da criação é muito legal. Ter esse entendimento da equipe e da direção também de que algo ali na hora do “gravando” pode fugir do que está no roteiro, mas deixará a cena ainda melhor.
Qual a cena envolvendo a sua personagem ficou mais marcada na memória?
Nossa, são tantas. A cena da revelação, sem dúvida. Aquele momento de Flora e Donatela no carro e depois se enfrentando. As cenas delas cantando ‘Beijinho Doce’, que o público ama. Até hoje a música é sinônimo de Flora e Donatela (risos).
Você pretende rever a novela? Gosta de assistir trabalhos antigos?
Eu adoro assistir trabalhos antigos. Amo rever as novelas que eu já fiz. Revejo muito no Globoplay. Aliás, quando ‘A Favorita’ entrou no catálogo, assisti à novela toda, era programação da família, víamos juntos. Agora não vou conseguir com tanta regularidade porque no horário da tarde estou trabalhando. Mas quando der, quero ver sim. Eu me divirto muito revendo, lembrando.