Até interpretar a muçulmana Nazira em ‘O Clone’, a carreira de Eliane Giardini era voltada a papéis dramáticos. Foi com a irmã de Mohamed (Antonio Calloni) e Said (Dalton Vigh) que ela descobriu que tinha uma veia cômica para explorar. “Nazira me abriu o mundo da comédia. Já havia experimentado o humor na novela anterior, ‘Explode Coração’, também com a Gloria Perez, mas essa personagem foi muito além. Tinham muitas camadas para explorar. Uma mulher com muita vitalidade, inconformada com seu papel de cuidadora dos irmãos mais novos e de suas cunhadas. Muito criativa, romântica. O humor salvou a Nazira da vilania”, constata Eliane, que recebeu o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor atriz pela personagem.
Com sentimentos mal resolvidos por não ter se casado, Nazira está sempre de olho nas atitudes das cunhadas Jade (Giovanna Antonelli) e Latiffa (Leticia Sabatella). Nos capítulos que estão indo ao ar essa semana na trama do ‘Vale a Pena Ver de Novo’, ela descobre que Jade conseguiu uma forma de driblar o marido para não ter filhos. Quando não está interferindo na vida da família, ela se tranca no quarto para assistir a um vídeo de beijo de novela e sonha com Ali (Stênio Garcia). Por essas e outras situações vividas pela personagem e suas falas repletas de ironias e bordões que Eliane considera Nazira um de seus grandes trabalhos. “Em todas as enquetes sobre os meus trabalhos, ela chega em primeiro ou segundo lugar no máximo. Considero a Nazira como uma disrupção de minha carreira. Vinha numa paleta dramática e teria continuado assim não fosse esse desafio. Desde então minhas personagens carregam essa atmosfera dramática/cômica. Gosto de deslizar de um ponto a outro equilibrando a credibilidade”, explica a atriz. Em entrevista, Eliane relembra mais sobre a personagem, os bastidores da novela, a preparação e a viagem para o Marrocos.
Exibida no ‘Vale a Pena Ver de Novo’, ‘O Clone’ é escrita por Gloria Perez, com direção de núcleo e geral de Jayme Monjardim, direção geral de Mário Márcio Bandarra e Marcos Schechtmann, e direção de Teresa Lampreia e Marcelo Travesso.
ENTREVISTA COM ELIANE GIARDINI
O que sentiu quando soube que ‘O Clone’ iria ao ar novamente 20 anos após a exibição original?
Comemorei! Amo essa novela, minha personagem é uma das minhas favoritas e também muito querida pelo público. Em todas as enquetes de meus trabalhos, ela chega em primeiro ou segundo lugar no máximo.
O que você recorda do processo de construção da Nazira?
Lembro de nossa viagem a Fez, no Marrocos, antes das gravações. Jayme (Monjardim) levou o núcleo árabe para vivenciar os costumes, foi uma preparação luxuosa. Depois, aqui no Brasil, tivemos palestras e muitas aulas de dança.
Como você analisa a personalidade da Nazira e de que forma ela marcou sua carreira?
A Nazira me abriu o mundo da comédia. Já havia experimentado o humor na novela anterior, ‘Explode Coração’, também com a Gloria Perez, mas essa personagem foi muito além. Tinham muitas camadas para explorar. Uma mulher com muita vitalidade, inconformada com seu papel de cuidadora dos irmãos mais novos e de suas cunhadas. Muito criativa, romântica. O humor salvou a Nazira da vilania.
A Nazira caiu no gosto do público mesmo sendo uma mulher dissimulada pelo humor e seu talento como atriz. Como avalia essa trajetória durante a novela?
Considero essa personagem como uma disrupção de minha carreira. Vinha numa paleta dramática e teria continuado assim não fosse esse desafio. Desde então minhas personagens carregam essa atmosfera dramática/cômica. Gosto de deslizar de um ponto a outro equilibrando a credibilidade.
Qual a principal lembrança que você tem do período de gravação da trama? Como eram os bastidores?
Eram diversão pura. Sempre é muito bom fazer novela, tenho muita sorte com trabalhos e elencos. Mas com certeza , o elenco, camarim e set de ‘O Clone’ eram impagáveis.
Quais os aprendizados para viver uma mulher muçulmana foram mais desafiadores?
Todo personagem novo é desafiador. Equilibrar a rebeldia e a submissão acho que foi a equação mais complicada ao interpretar a Nazira.
Você é muito autocrítica ao rever um trabalho antigo?
Gosto muito de rever trabalhos. Não me sinto confortável quando ainda estou gravando, acho que meu senso crítico atrapalha o que está em andamento.
Você ganhou o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como melhor atriz pela personagem. Como foi ter esse reconhecimento?
Prêmios são a cereja do bolo em qualquer trabalho. São bônus muito bem-vindos.
Nazira, como vários personagens da trama, tinha um figurino exuberante. Isso também te atraía no trabalho?
Eu me sentia muito bem usando aquele figurino. Sou muito básica na vida real, um figurino tão cheio de detalhes eram meu trabalho diário de entrar na personagem. Quase um ritual de pedir passagem.