Prestes a completar 70 anos de idade, Vera Fischer conta que a reexibição de ‘O Clone’ no ‘Vale a Pena Ver de Novo’ a faz lembrar de sua personalidade jovem, alegre. Segundo a atriz, sua personagem, a inconsequente Yvete, tem um lado menina que ela emprestou. “Yvete chega chegando, fazendo o que tem vontade. Esse trabalho me deu a chance de mostrar, um pouco, a Vera menina, botar para fora a sensação de não ter culpa, de ser alegre, de querer ser feliz. Eu tirei de dentro de mim a Vera menina, adolescente. A Vera de hoje ainda é um pouco assim também. Eu amei fazer essa novela porque acho que tenho esse lado ingênuo, meio bobão, e ele aflorou com a personagem”, revela a atriz.
A relação de Yvete com Leônidas (Reginaldo Faria), que ela chama de leãozinho, arrebatou o público na época da exibição original e também nos países onde a novela foi exibida. Vera acredita que o amor verdadeiro entre os personagens e sua química com Reginaldo Faria contribuíram para o sucesso do casal. “A Yvete e o Leãozinho formam um casal que, decididamente, abala estruturas. Seja na América Latina ou na Rússia, onde a novela fez muito sucesso, as pessoas ficaram apaixonadas. É um casal muito divertido, muito gostoso, e que se ama de verdade. Eu e o Reginaldo combinamos muito bem, ele é uma pessoa incrível. Um homem muito gentil, um lorde”, elogia. Em entrevista, Vera relembra mais sobre a personagem, os bastidores da novela e a viagem para o Marrocos.
Exibida no ‘Vale a Pena Ver de Novo’, ‘O Clone’ é escrita por Gloria Perez, com direção de núcleo e geral de Jayme Monjardim, direção geral de Mário Márcio Bandarra e Marcos Schechtmann, e direção de Teresa Lampreia e Marcelo Travesso.
ENTREVISTA COM VERA FISCHER
O que sentiu quando soube que ‘O Clone’ iria ao ar novamente 20 anos após a exibição original?
Eu fiquei super, superfeliz! ‘O Clone’ é uma novela que fala sobre milhões de assuntos diferentes e não tem fronteiras, de cultura ou idioma. Ela é sucesso em vários lugares do mundo. Eu amo a novela e as pessoas também, porque nunca pararam de falar sobre ela.
O que você recorda do processo de construção da Yvete?
A personagem foi construída à medida em que as situações iam acontecendo. Eu fui chamada para a novela e logo em seguida a gente já começou a gravar no Marrocos. Eu tinha feito, anteriormente, em ‘Laços de Família’, uma personagem forte, trágica, dramática e, então, a personagem que me veio em ‘O Clone’ era alegre, livre, ingênua, infantil e até um pouco sem noção (risos). Eu amei fazer porque acho que tenho esse lado ingênuo, meio bobão, e ele aflorou com a Yvete.
Como você descreveria a Yvete e como analisa a trajetória da personagem na trama, sua personalidade e seus conflitos?
A Yvete ama dinheiro e ama o leãozinho, mas começa a novela ficando com um dos filhos dele na festa, sem saber da coincidência, claro, o que causa problemas. Yvete chega chegando, fazendo o que tem vontade. Eu acho que a importância da Yvete nessa novela é a de ser engraçada e apaixonada ao mesmo tempo, contrapondo o drama dos outros personagens. Então isso me deu chance de mostrar, um pouco, a Vera menina, e botar para fora a sensação de não ter culpa, de ser alegre, de querer ser feliz. Eu tirei de dentro de mim a Vera menina, adolescente. A Vera de hoje ainda é um pouco assim também.
O casal Yvete e Leônidas caiu no gosto do público. Como era a relação deles e sua troca com o Reginaldo Faria?
A Yvete e Leãozinho formam um casal que, decididamente, abala estruturas. Seja na América Latina ou na Rússia, onde a novela fez muito sucesso, as pessoas ficaram apaixonadas. É um casal muito divertido, muito gostoso, e que se ama de verdade. Eu e o Reginaldo combinamos muito bem, ele é uma pessoa incrível. Um homem muito gentil, um lorde. Infelizmente, depois dessa novela nós não trabalhamos mais juntos. Apenas em ‘Espelho da Vida’, mas quase não tínhamos cenas juntos.
Qual a principal lembrança que você tem do período de gravação da trama? Como eram os bastidores?
Eu amava todo mundo do elenco. Era incrível como a gente se dava bem desde o Marrocos, quando começamos com uma equipe um pouco menor. Era tão engraçado, tão gostoso. Eu lembro que tirei muitas fotos do elenco e dei de presente para as pessoas, que diziam que não estavam mais acostumadas a ganhar fotos em papel. “Isso não existe mais”, diziam. E eu insistia: “Sim, existe!” Era uma comunhão. A direção do Jayme Monjardim e do Marcos Schechtman foi brilhante. Todo mundo no set era de uma educação, de uma elegância, foi tudo maravilhoso. Tínhamos atores brilhantes: Juca de Oliveira, Murilo Benício, Giovanna Antonelli, Leticia Sabatella, enfim, foi muito, muito gostoso fazer a novela.
Quais as lembranças da viagem para o Marrocos?
As melhores possíveis. Além da experiência incrível com a equipe técnica e elenco, eu sou apaixonada por muitas coisas da cultura árabe. Pelas cores, espaços, monumentos, movimentos, sons… acho tudo lindo! A gente tinha dias de folga e visitávamos as Medinas, fazíamos contato com uma cultura rica e diversa.
Até hoje o público fala desse trabalho com você? Como são essas abordagens?
A abordagem das pessoas é constante e muito boa até hoje. Muita gente ama a Yvete. Ela é muito diferente, cabeça de vento, apaixonada e passional. Na Rússia, particularmente, Yvete fez um sucesso absurdo e eu fico louca pra visitar o país e sentir mais de perto a reação das pessoas. Saber o que elas têm pra falar.
O que mais te atraiu em fazer parte da novela e na personagem?
Definitivamente foi o convite da Gloria Perez. Eu tinha feito a minissérie ‘Desejo’, que é inquestionavelmente maravilhosa, com uma personagem fantástica. E eu não iria recusar, jamais, fazer um trabalho da Gloria Perez. Eu fiz sorrindo, nem sabia muito da personagem quando aceitei. Depois que eu vi que ela era engraçada e um pouco avoada, apaixonada, botava os sentimentos para fora, batendo nas portas, quebrando as coisas, falando alto, eu fiquei apaixonada. Pensei que era tão diferente do que eu tinha acabado de fazer… eu amei fazer essa personagem. E foi assim até o final da novela.
Você é muito autocrítica ao rever um trabalho antigo?
Eu sou autocrítica sim, em relação a muitas coisas. Mas lembro da Yvete, de todas as cenas, e não tenho crítica nenhuma a fazer. Eu acho que eu fiz tudo muito bem-feito. Eu gosto muito do resultado, gosto muito da personagem, gosto muito de como eu, Vera, consegui ser a Yvete. Sem tirar nem pôr. Eu não censurava a Yvete, não me interessava se ela estava certa ou errada, aliás, eu não costumo fazer isso porque a gente tem de acreditar sempre na personagem.
Você guarda alguma recordação desse trabalho? Alguma peça do figurino da personagem ou objeto comprado no Marrocos, por exemplo?
Eu comprei muita coisa no Marrocos. Milhões de colares, aqueles que depois viraram moda, kaftas e Djellabas. Agora eu sou menos consumista, mas naquela época eu era mais. E chegando no Marrocos, não tem como não querer comprar aquelas coisas maravilhosas, que têm uma apresentação fantástica, de milhares de anos de história.
Quais são seus próximos projetos? Existe algo planejado para marcar os seus 70 anos?
Sim! Vou comemorar com um projeto maravilhoso, onde o grande público conhecerá uma Vera que atua, pinta, escreve, desenha joias, cuida da beleza, canta, dirige filmes trash e conduz a concepção de sua biografia.