As relações humanas e familiares vão ganhar foco no horário das nove a partir do próximo dia 8 de novembro, quando estreia ‘Um Lugar ao Sol’, a primeira novela totalmente inédita no horário desde o início da pandemia. A trama criada e escrita por Lícia Manzo com direção artística de Maurício Farias é uma obra que reflete sobre as várias oportunidade – ou a falta delas – que encaramos durante a vida. Os gêmeos Christian e Christofer (Cauã Reymond) estão em realidades polares: a dos sonhos realizados e a dos que foram cruelmente frustrados. Ao perderem a mãe no parto, em Goiânia, os irmãos são separados prestes a completarem um ano de idade. Um deles é adotado por um casal do Rio de Janeiro; o outro é encaminhado pelo pai, sem recursos, a um abrigo. Assim, Christofer – rebatizado Renato pelos pais adotivos – e Christian crescem em realidades opostas, sem saber da existência um do outro. Até que seus caminhos se convergem. “O tema central da novela contrapõe pessoas num lugar muito desvalido, daquelas pessoas ditas privilegiadas. E mostra quais as consequências desses irmãos idênticos serem materializados em vidas tão opostas. Na procura por um lugar ao sol, se você tem possibilidades, recursos, ferramentas, já é um facilitador humano, mas infelizmente muitos de nós não tem isso”, reflete a Lícia Manzo.
‘Um Lugar ao Sol’ aborda ainda temas contemporâneos como gordofobia, preconceito social e racial, abuso emocional, os dilemas da mulher moderna após os 50 anos, gravidez na adolescência, liderança feminina, entre outros. “Toda essa discussão está aí: sobre corpo livre, belezas múltiplas, invisibilidade feminina, liderança feminina… A novela acaba por refletir o que está acontecendo, dando visibilidade e colocando os temas na roda”, afirma a autora.
A novela começou a ser gravada em 2020 e vai ao ar totalmente pronta. Para Maurício Farias, vale a pena o público acompanhar a trama e conferir o resultado. “Gravamos de uma maneira nunca antes feita, com mais tempo para produzir as cenas e com acesso a um número maior de capítulos que a Lícia ia escrevendo. Foi muito instigante porque lançou muitos desafios, ao mesmo tempo em que trouxe coisas interessantes como o conhecimento da história do personagem, o entendimento com mais profundidade do que a autora está dizendo. O público vai receber esse produto novo e é a vez dele se surpreender. O que a gente quer é que o público acredite, se entretenha, compreenda o que estamos falando”, torce o diretor.
Cauã Reymond, que interpreta os gêmeos Christian e Renato, afirma que esse trabalho foi o maior desafio de sua carreira: “Foi muito impactante porque um dos irmãos é adotado e o outro não. Fica a mágoa, o desejo de ter tido as mesmas oportunidades. Estou ansioso para conferir o resultado. É como se esse desafio entrasse na minha corrente sanguínea. Me entrego a todos os meus personagens, mas ‘Um Lugar ao Sol’ faz parte de mim. No meu ofício, entrego minha emoção, meu tempo, meu foco, minha determinação, dou uma parte enorme de quem eu sou durante um período de tempo. Que esse trabalho gere muita reflexão, além de entretenimento”.
Andréia Horta vive Lara, par romântico de Christian. A personagem sofre profundamente quando passa a acreditar que seu grande amor está morto – depois que Christian assume a identidade de Renato. “A Lara fica despedaçada. Ela é uma mulher corajosa, que quer vivenciar o amor e isso é brutalmente interrompido. Ela leva tempo para se levantar e depois se dar uma chance de se reconstruir. Quando há o reencontro lá na frente, em que ele se apresenta a ela como Renato, parece que ele sabe o caminho do corpo dela. Mas é confuso porque ele morreu…”, conta Andréia. “A Lara é uma mulher simples, naturalmente bonita. Todos os detalhes dela me encantam. Estou torcendo para que o público goste”, complementa a atriz.
Já Alinne Mores será Bárbara, namorada de Renato. Quando ele morre, a personagem, enganada, se casa com Christian. “Como a realidade da Bárbara é muito distorcida sobre várias coisas, até sobre ela mesma, ela acha que continua sendo o Renato ali. A única certeza que ela tem é o amor por aquele homem. Quando há essa troca entre os dois, ela finalmente tem o que mais queria, um marido, como sempre sonhou. Ela sabe que algo está errado, mas é tudo tão perfeito que ela prefere acreditar e vai se enganando”, conta Alinne, que ainda analisa a personagem: “A Bárbara é muito complexa. As coisas vão acontecendo na vida dela e ela vai se moldando, se transformando. Ela é um pouco de tudo. Quando você acha que ela está evoluindo, ela tropeça de novo. Mas é ao mesmo tempo uma personagem frágil, humana, muito delicada”.
Elenice, interpretada por Ana Beatriz Nogueira, é a mãe adotiva de Renato. A personagem, assim como Bárbara, não consegue ver que não é mais o Renato quem está convivendo com ela. “A Elenice só vê o que quer. Quando ela separa os irmãos, ainda bebês, ela só olha para a criança que ela quer levar. Ela percebe as mudanças de comportamento do filho, mas não acha que seja outra pessoa”, comenta Ana, defendendo sua personagem: “Elenice tem um humor. A Lícia, mesmo em situações dramáticas, consegue construir um espaço para um humor de situação. Elenice improvisa, se arrisca mais. Ela arma situações em que depois não sabe como sair delas. Então ela faz uma confusão, o que traz uma empatia”.
Noca, personagem de Marieta Severo, também tem papel central na história. Avó de Lara, a personagem esconde muitos segredos. “Você sente que ela tem uma sombra na vida, mas ela é uma sobrevivente: do machismo, da falta de oportunidades… Ao mesmo tempo, é uma mulher extremamente solar. Noca tem a sabedoria da vida. Tem uma frase dela que é “sempre dá para ir adiante mesmo quando parece que não sobrou nada”. É uma personagem que compreende as coisas e o outro pelo coração. Tem uma empatia e enxerga a causa do outro e toma para si aquela luta, seja o que for. A melodia da Noca é “levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima”. Conviver com ela, absorvê-la para a minha vida foi muito bom, muito importante”, afirma Marieta.
‘Um Lugar ao Sol’ é uma novela criada e escrita por Lícia Manzo com direção artística de Maurício Farias. A obra é escrita com Leonardo Moreira e Rodrigo Castilho, com colaboração Carla Madeira, Cecília Giannetti, Dora Castellar e Marta Goés. A direção geral é de André Câmara e direção de Vicente Barcellos, Clara Kutner, João Gomez, Pedro Freire e Maria Clara Abreu. A produção é de Andrea Kelly e a direção de gênero de José Luiz Villamarim.