A oportunidade de interpretar uma modelo que se afunda no mundo das drogas em ‘Verdades Secretas’ foi determinante para a carreira de Grazi Massafera. Indicada ao Emmy Internacional de Melhor Atriz pela atuação no papel, ela conta que passou a perceber seu ofício de outra forma depois desse trabalho. “A Larissa foi um divisor na carreira e de profissão até. Com ela eu entendi muita coisa da profissão. É um trabalho e uma personagem com uma grande função social e eu acho que as pessoas também receberam dessa forma. Eu me orgulho disso”, revela.
Grazi diz que só sentiu a repercussão de seu trabalho tempos depois das gravações e que na época da indicação ao prêmio a ficha custou a cair. “A ficha só caiu quando eu estava lá, no dia da cerimônia. Foi muito louco isso. Hoje eu tenho essa indicação como um dos maiores orgulhos da minha carreira. Na época eu estava meio anestesiada, as pessoas falavam e parecia que não era eu, era tão grande que eu não percebia”, explica.
O resultado do trabalho foi fruto de muito esforço. A preparação para a personagem repleta de complexidades exigiu um intenso trabalho físico e mental. “Li sobre cada processo químico, de cada droga. Primeiro fui estudando, conversei com especialistas, fiz um amplo estudo de imagens de filmes já consagrados, clássicos do tema. Fui até a cracolândia, conversei com os dependentes químicos. Depois fui para o processo corporal, estudei sobre como era a sensação de cada droga no corpo e aí fui explorando o meu corpo, um processo bem exaustivo. Quando me aproximava do resultado, criava a memória corporal. Depois disso é que eu parti para o texto. Foi um processo bem interessante, bem esmiuçado”, relembra Grazi, que credita o sucesso desse trabalho especialmente à disponibilidade em desconstruir sua imagem. “O maior desafio foi acreditar que eu era capaz de fazer alguma coisa de diferente do que já tinha feito. Sempre creditavam a mim um personagem de acordo com o meu estereótipo. A Larissa não é diferente, o meu estereótipo ajudou na construção dela, mas foi a desconstrução que fez com que ela brilhasse”. Em entrevista, a atriz conta um pouco mais sobre a experiência na novela e os bastidores.
‘Verdades Secretas’ é escrita por Walcyr Carrasco, com direção de núcleo de Mauro Mendonça Filho e direção geral de André Felipe Binder, Natália Grimberg e Mauro Mendonça Filho, direção de Allan Fiterman, Mariana Richard e André Barros. A obra vai ao ar às segundas após ‘Império’, às terças e quintas depois de ‘The Voice Brasil’ e às sextas após o ‘Globo Repórter’.
ENTREVISTA COM GRAZI MASSAFERA
Como você descreve a personagem e qual a importância da Larissa para sua carreira?
É uma personagem muito complexa para descrever. A Larissa é uma modelo em momento de decadência, vazia, sem apoio familiar, sem estrutura emocional nenhuma. A história dela não tem nenhum paralelo com a minha, eu tenho uma estrutura familiar bem forte. Foi realmente um desafio muito grande passar por todo esse processo e eu não esperava que isso fosse acontecer de forma tão bonita. A Larissa foi um divisor na carreira e de profissão até. Com ela eu entendi muita coisa da profissão. É um trabalho e uma personagem com uma grande função social e eu acho que as pessoas também receberam dessa forma. Me orgulho disso.
Como foi o trabalho de composição da personagem? Você chegou a conversar com dependentes químicos e terapeutas?
Essa personagem me levou primeiramente para um processo mais mental, com leituras, li sobre cada processo químico, de cada droga. Primeiro fui estudando, conversei com especialistas, fiz um amplo estudo de imagens de filmes já consagrados, clássicos do tema. Fui até a cracolândia, conversei com os dependentes químicos. Depois fui para o processo corporal, estudar como era a sensação de cada droga no corpo e aí fui explorando o meu corpo, um processo bem exaustivo. Quando me aproximava do resultado, criava a memória corporal. Depois disso é que eu parti para o texto. Foi um processo bem interessante, bem esmiuçado.
Qual é a principal lembrança que você tem do período de gravação?
De uma coisa que as pessoas não acreditam: do processo de gravação em si, que era leve e prazeroso. Todo mundo acha que foi pesado, mas pelo contrário, eu já passei por personagens, especialmente as protagonistas, muito mais pesadas. A Larissa não tinha o peso da protagonista, eu gravava menos, tinha mais tempo para organizar as cenas, para me concentrar. Os bastidores eram muito bons, os atores eram muito legais. Eu adoro a Marieta (Severo)! A minha caracterizadora, a Dayse Teixeira, é maravilhosa, toda a equipe de direção também, e eu tinha muito contato com os câmeras. Tem um câmera que se chama Marconi e lembro que na época tiveram cenas em que a gente respirava ao mesmo tempo, sabe? Foi incrível demais.
Como foi receber a indicação ao Emmy como Melhor Atriz?
Quando me disseram fiquei meio aérea. Não caiu a ficha, só caiu quando eu estava lá, no dia da cerimônia. Foi muito louco isso. Hoje eu tenho essa indicação como um dos maiores orgulhos da minha carreira. Na época eu estava meio anestesiada, as pessoas falavam e parecia que não era eu, era tão grande que eu não percebia.
Qual foi o grande desafio desse trabalho como um todo?
Acreditar que eu era capaz de fazer alguma coisa de diferente do que já tinha feito. Sempre creditavam a mim um personagem de acordo com o meu estereótipo. A Larissa não é diferente, o meu estereótipo ajudou a construção dela, mas foi a desconstrução que fez com que ela brilhasse.
O público a abordava muito nas ruas por conta da trama quando ela foi exibida originalmente?
Acredita que não? Eu ficava tão concentrada nas gravações na época que não saía muito, quase não tive contato com o público. Agora estou tendo essa chance! (Risos)
É muito autocrítica ao rever um trabalho antigo? Como está sendo a experiência agora?
Sim, eu sempre fui assim, vejo uma cena minha e é difícil dizer que está bom, eu sempre vejo algo que eu poderia melhorar. Mas não me martirizo. Eu tenho um pensamento, uma estratégia de atleta: assisto a minha performance e vejo o que posso melhorar para as próximas. Já fui de ficar me martirizando, hoje não mais.