Repleta de personagens marcantes e atuações impecáveis, ‘Verdades Secretas’ trouxe uma dupla que se mantém viva na lembrança de quem assistiu. Com uma relação ácida e quente, recheada de diálogos cheios de humor e sarcasmo, a ambiciosa dona da agência de modelos Fanny ( Marista Severo) e o interesseiro Anthony Mariano (Reynaldo Gianechini) fizeram uma dobradinha inesquecível. Quinze anos antes da exibição original de ‘Verdades Secretas’, Marieta Severo e Reynaldo Gianecchini trabalharam juntos em ‘Laços de Família’, quando o ator estava em início de carreira, e retomar a parceria em outro momento foi muito especial para ambos. “Foi um reencontro delicioso. São muito bonitas essas histórias que a vida arma, ter voltado a fazer uma novela ao lado dele. A gente se emocionou muito. O Gianecchini se tornou um excelente ator. Evoluiu bastante, ganhou domínio e maturidade. Tenho uma confiança grande no trabalho dele, foi um prazer ter contracenado com ele novamente”, enaltece Marieta.
Gianecchini acredita que a oportunidade de contracenar com a veterana após adquirir mais bagagem como ator foi fundamental para o sucesso do trabalho. “Foi muito interessante poder contracenar com ela depois de eu ter mais experiência, de poder jogar um jogo mais redondo, num outro lugar como ator e como parceiros. Foi muito prazeroso mesmo. A Marieta é uma loucura, uma atriz maravilhosa, uma pessoa deliciosa de conviver. Então, ter a chance de novo de participar com ela de um trabalho, mas num lugar mais relaxado como ator, foi muito bom”, conta. Em entrevista, Marieta e Gianecchini relembram vários momentos do trabalho na trama e a parceria em cena.
‘Verdades Secretas’ é escrita por Walcyr Carrasco, com direção de núcleo de Mauro Mendonça Filho e direção geral de André Felipe Binder, Natália Grimberg e Mauro Mendonça Filho, direção de Allan Fiterman, Mariana Richard e André Barros. A obra vai ao ar a partir do dia 24 de agosto, às segundas após ‘Império’; às terças depois de ‘The Masked Singer Brasil’; às quintas na sequência de ‘Sob Pressão’; e às sextas após ‘Globo Repórter’.
ENTREVISTA COM MARIETA SEVERO
O que sentiu quando soube que ‘Verdades Secretas’ voltaria a ser exibida na TV Globo?
É ótimo mostrar de novo um trabalho do qual a gente sente orgulho. E agradeço muito ter feito parte desse.
Como você descreve a Fanny?
Fanny era amoral, sem escrúpulos, a coisa mais importante para ela era o poder e o dinheiro. Representava muito bem parte da sociedade atual, que se rege por esses valores.
Na época em que foi exibida originalmente, a trama fez muito sucesso. A que você atribui o êxito da história?
O sucesso vem sempre de uma combinação de fatores. A história que o Walcyr criou era original, densa, dramática, muito reveladora, eram verdades secretas mesmo. A direção do Maurinho Mendonça e da equipe dele foi extraordinária. A estética e a fotografia eram sofisticadas, a trilha sonora era ótima. E tínhamos um elenco muito coeso, com um nível de interpretação muito bom. Acredito que tudo isso contribuiu.
Qual a principal lembrança que você tem do período de gravação?
Atuar com um elenco de atores jovens é garantia de animação e de muita diversão. Era uma delícia chegar na “minha agência” e encontrar aquela moçada alegre e dedicada. Reencontrar os antigos amigos, Gianecchini, Rodrigo (Lombardi), Drica (Moraes)… e descobrir uma parceira talentosa e companheira como a Grazi (Massafera).
Como foi contracenar novamente com Reynaldo Gianecchini, depois de terem trabalhado juntos em ‘Laços de Família’?
Nosso reencontro foi muito emocionante. São muito bonitas essas histórias que a vida arma, ter voltado a fazer uma novela ao lado dele. A gente se emocionou muito. O Gianecchini se tornou um excelente ator. Evoluiu muito, ganhou domínio e maturidade. Tenho uma confiança grande no trabalho dele, foi um prazer ter contracenado com ele novamente.
O público a abordava muito nas ruas quando a trama foi exibida originalmente?
Muito! Quando fazia a Dona Nenê em ‘A Grande Família’ havia sempre um sorriso com muito carinho, eu já era parte das famílias. Com a Fanny foi diferente. Mas ninguém confunde mais personagem com ator, então existia a admiração por eu estar fazendo um papel completamente oposto.
Como foi o processo de construção da personagem?
Acho sempre difícil essa mágica de fazer as pessoas acreditarem naquele personagem. Seja na comédia ou drama, tudo é muito difícil. Sempre que leio um texto, penso: “Meu Deus, será que vou conseguir fazer isso direito? Como vou fazer isso?” Quero sempre que ele me traga grandes questões, que me deixe insegura. Não gosto de pensar que já sei fazer uma coisa. Muito pelo contrário. No caso da Fanny, tinha que assimilar o universo da trama. Usei uma mistura de referências, sempre subjetivas e misteriosas. Fui atrás desse mundo da moda, pesquisei sobre algumas mulheres importantes como a Anna Wintour, que inspirou o filme ‘O Diabo Veste Prada’.
Qual foi o principal desafio desse trabalho?
Com certeza o pouco tempo entre a despedida da Dona Nenê, que fiz durante 14 anos, e a chegada de Fanny. Terminei de gravar ‘A Grande Família’ e comecei a gravar Fanny no dia seguinte. E, por incrível que pareça, o estúdio onde gravamos ‘Verdades Secretas’ era o mesmo onde gravávamos ‘A Grande Família’!
O que mais te chamou atenção quando recebeu o convite para viver a Fanny?
Foi a oportunidade de fazer uma personagem tão diferente. Isso me atraiu muito. Precisava de uma personagem que não se assemelhasse à dona Nenê. Sem filhos, que não cozinhasse, não arrumasse a casa. Fiquei por 14 anos interpretando essa dona de casa deliciosa e cheia dos melhores valores. Então, não queria fazer nada parecido. Quando o Walcyr veio com uma proposta de uma personagem que era o oposto dela, topei na hora. Sabia que ia me levar para outro universo. A Fanny foi um presentão na hora certa que ganhei do Walcyr.
ENTREVISTA COM REYNALDO GIANECCHINI
O que sentiu quando soube que ‘Verdades Secretas’ voltaria a ser exibida na TV Globo?
Eu achei ótima a ideia de reexibir ‘Verdades Secretas’, porque é uma trama que fez muito sucesso. O público está ansioso pela continuação, eu sinto isso. Vai ser ótimo relembrar toda a história para as pessoas estarem com ela bem viva na memória quando a continuação estrear.
Como você descreveria seu personagem e como foi o processo de construção dele?
O Anthony é um gigolô, esse é o traço mais forte dele. Ele não tem empatia nenhuma, não tem moral, não tem muita questão com nada. Ele quer se dar bem e usa a sedução para isso. Meu processo de preparação consistiu em assistir filmes com personagens que usavam seu charme e sedução. A ideia era pegar o que poderia ser legal nesse universo masculino de sedução. Também tive muitas conversas com o diretor Mauro Mendonça Filho, mas, basicamente, me inspirei em vários filmes de personagens com esse perfil.
Como o Anthony Mariano marcou a sua carreira?
Considero o Anthony um excelente personagem na minha carreira. Eu aprendi muito fazendo ‘Verdades Secretas’, o processo criativo da trama foi muito interessante. Deu para fazer com um pouco mais de calma, porque a novela tinha um outro formato. As cenas eram mais discutidas, por exemplo. O Anthony é um personagem muito interessante porque tem várias nuances. Ele me colocou em contato com várias possibilidades, trabalhei com veteranos e atores novos maravilhosos. A troca foi muito boa e o resultado do processo foi muito positivo para mim.
Qual a principal lembrança que você tem do período de gravação?
A principal lembrança que eu tenho é de realmente ter muito prazer em estar no set, porque eu sentia que todo mundo estava feliz e com personagens bons na trama. É um elenco muito bem escalado, todos perfeitamente encaixados nos personagens. A convivência era muito gostosa. E era muito bom também ter essa possibilidade de estar com os jovens e ao mesmo tempo com veteranos, como a Marieta Severo e a Eva Wilma. Todos convivendo e aprendendo com essa troca. Eu lembro muito da descontração, para mim foi um dos sets mais leves que já trabalhei.
Como foi contracenar novamente com Marieta Severo depois de ‘Laços de Família’?
Foi muito maravilhoso voltar a trabalhar com a Marieta, que eu tanto tenho carinho e amor e por tudo que vivemos lá atrás em ‘Laços de Família’. Foi muito interessante poder contracenar com ela depois de eu ter mais experiência, de poder jogar um jogo mais redondo, num outro lugar como ator e como parceiros. Foi muito prazeroso mesmo. A Marieta é uma loucura, uma atriz maravilhosa, uma pessoa deliciosa de conviver. Então, ter a chance de novo de participar com ela de um trabalho, mas num lugar mais relaxado como ator, foi muito bom.
Você também contracenou muito com a saudosa Eva Wilma, em um dos últimos trabalhos dela. Como foi a experiência? O que recorda com mais carinho dessa parceria?
Foi a segunda vez que eu trabalhei com a Dona Eva, e eu lembro com muito carinho dessa parceria. As cenas do Anthony com a mãe eram todas num lugar que tocava o personagem e a mim também. Essa mãe era a única pessoa que fazia com que fosse possível ver o lado humano dele. Então, eu como ator ia para a cena com a melhor pessoa que podia fazer isso, porque a Dona Eva era uma grande atriz, ela tinha uma verdade…Estar em cena com ela já me colocava num lugar perfeito, era só reagir. Porque ela já me dava tudo, eram muito intensas as nossas cenas. Eu lembro que tinha muito prazer em fazer.
Qual foi o principal desafio desse trabalho?
O principal desafio foi mostrar esse olhar do Anthony que atravessa as pessoas, que não olha direito para elas, que não se interessa, não tem empatia. Então, eu tinha que deixar meu lado mais doce, preocupado e afetuoso que geralmente imprime fácil em mim e buscar uma violência, as questões todas que ele tinha e o tornaram bastante duro. Ao mesmo tempo, ele era muito humano com a mãe. Eu tinha que ficar muito atento a essas nuances. Isso que era mais interessante no meu personagem.
A trama aborda um mundo de aparências, fala sobre poder, dinheiro, entre outros temas. Qual a importância de trazer à tona tantas questões em uma história?
Eu acho muito importante iluminar esses caminhos difíceis que o jovem pode enfrentar. Para mim a trama fala sobre até que ponto você pode ir para conseguir os seus interesses alcançados e que tudo tem um preço, até que ponto você está disposto a pagar. O jovem geralmente tem essa ambição, essa vontade de conseguir logo as coisas e é muito importante saber que tudo tem um preço. Eu acho que essa trama coloca uma lupa sobre essa questão, podendo ser uma boa história para a reflexão.
O público o abordava muito nas ruas quando a trama foi exibida originalmente?
‘Verdades Secretas’ repercutiu demais. Foi realmente um grande sucesso, que podíamos constatar nas ruas. Quando a gente faz um trabalho que vira popular, que as pessoas gostam, a gente tem esse reflexo sempre que as pessoas nos abordam para falar. Eu adorava comentar com as pessoas e muita gente vinha falar comigo na época, o que é sinal de uma comunicação maravilhosa. Isso que eu acho mais legal de fazer televisão.
A que você atribui o êxito da história?
Eu atribuo o sucesso ao fato de ela ser muito bem contada. Além disso, ela está num contexto muito sedutor que é o universo da moda e da beleza. A trama tem ganchos maravilhosos, situações realmente fortes, com um elenco que deu conta do recado, muito talentoso, uma direção primorosa, com uma linguagem visual nova e interessante, talvez das melhores dos últimos tempos. E junto com tudo isso, o texto bem cheio de situações que pulsavam muito forte.
Você pretende assistir novamente à trama? É muito autocrítico ao rever um trabalho antigo?
Eu acabei de rever a trama toda no Globoplay, porque eu queria saber se eu ainda continuava achando boa. E eu continuo! Eu acho que depois desses anos todos que passaram, ela se sedimenta mesmo como um ótimo trabalho, muito consistente. Eu sou muito crítico sim, sempre, eu consigo ver o que poderia ser melhor, mas hoje em dia eu consigo reconhecer o que é consistente, o que foi um acerto no meu trabalho e no de todo mundo. Eu não fico só me criticando. ‘Verdades Secretas’ teve muitos acertos, várias cenas que eu acho que são perfeitas.