‘Amor e Sorte’ é uma série que conta quatro histórias diferentes, independentes e com novos personagens a cada capítulo. Longe dos sets e das grandes equipes envolvidas com as produções, o elenco não atua somente como protagonista, mas divide com a equipe de produção diversas frentes. A começar pela intimidade de suas casas. Eugenia Maakaroun, a “Didi”, que assina a produção de arte da série, explica que a proposta foi interferir o mínimo possível nas casas de Lázaro Ramos e Taís Araújo; Caio Blat e Luisa Arraes; Emílio Dantas e Fabiula Nascimento; e Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, que atuam em cada um dos episódios, valorizando a identidade de cada ambiente em cena.
“Combinamos de levar o menor número possível de objetos. A maioria das peças vem dos Estúdios Globo, seguindo todos os cuidados de segurança e com uma paleta de cor específica para compor melhor o ambiente. Às vezes, quero trocar uma roupa de cama, colocar plantas. Participamos do processo o tempo todo colocando os objetos em harmonia com o que já está ali. É legal essa coisa de mostrar a identidade deles, é algo que o público quer ver”, avalia Didi.
A produtora de arte conta que ‘Amor e Sorte’ é sua segunda experiência trabalhando de forma remota, por conta da pandemia. “Fiz a produção de arte de ‘Diário de um Confinado’, da Joana Jabace e do Bruno Mazzeo. Lá, desbravamos um universo novo de gravar remotamente. Cheguei neste segundo projeto sabendo muito mais e entendendo o que eu ia fazer. Como entregar os suprimentos, as comidas que precisavam ser cozidas nas casas deles, enfim. São vários processos diferentes e que a gente está entendendo melhor”, conta.
Durante todo o processo de gravação, Didi e sua equipe tiveram que encarar alguns desafios. “A quarentena é o mais importante. Ficamos muito atentos para não mandar nada que não estivesse quarentenado. Outra preocupação são as marcas de cena porque, na maioria das vezes, quando estamos em estúdio, trocamos todos os objetos para peças com rótulos cenográficos. E, gravando remotamente, é muito mais difícil termos esse controle. Por exemplo, em uma das cenas de continuidade, foram usadas garrafas de vinho de verdade. E tínhamos sempre o cuidado de pedir para os atores girarem as garrafas”, relata a produtora de arte. “O fato de não podermos separar o material que queremos colocar em cena é muito novo. Em estúdio, colocamos o que queremos, começamos do zero. Agora, é o contrário. Você recebe uma coisa 100% e tem o desafio de conseguir colocar aquele cenário da forma adequada, do jeito que você gostaria que fosse”, descreve.
No episódio ‘Linha de Raciocínio’, com Lázaro Ramos e Taís Araújo, foram enviados arranjos de flores para compor ambientes que ficariam em primeiro plano. Roupas de cama e almofadas também foram escolhidos. Já no episódio ‘A Beleza Salvará o Mundo’, com Caio Blat e Luisa Arraes, foi criado um ambiente específico. “Mandei imprimir pôsters de cinema e de teatro. Cobrimos as paredes brancas e enchemos a casa de plantas, vasos plantados, ervas. Ficou orgânico, gostoso. Está lindo”, opina Didi. O casal de atores Emílio Dantas e Fabiula Nascimento, protagonistas do episódio ‘Territórios’, usou o ambiente colorido já presente em casa como cenário. “O estilo da casa deles é mais urbano e artístico”, conta. A produtora de arte explica que recebeu fotos feitas por Andrucha Waddington, que dirige o episódio ‘Lúcia e Gilda’, para compor o ambiente da trama estrelada por Fernanda Torres, sua esposa, e Fernanda Montenegro. “A partir da imagem, fui propondo as ideias. Mandei móveis, luminária, orquídeas e bromélias. Mas acho que o jeito como ele montou vai me surpreender”, afirma.
Didi conta que está tendo muitos aprendizados com a nova forma de trabalhar. “Acho que os papéis se inverteram. Estou em casa falando para um elenco maravilhoso e que a gente admira, pedindo a eles coisas como trocar os objetos de lugar. É legal porque eles estão valorizando o nosso trabalho. Está todo mundo se colocando em outros lugares”, reflete.
‘Amor e Sorte’ é uma série em quatro episódios, criada por Jorge Furtado e com direção artística de Patricia Pedrosa.