Uma clássico da dramaturgia está de volta a partir de 07 de setembro, no ‘Vale a Pena Ver de Novo’. Em ‘Laços de Família’, o autor Manoel Carlos conduz uma crônica urbana ambientada no charmoso bairro do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e discute as relações humanas, especialmente entre pais e filhos, com simplicidade e doses equilibradas de ficção e realismo. Na primeira semana no ‘Vale a Pena Ver de Novo’, a novela divide a faixa com as emoções finais de ‘Êta Mundo Bom’, nesta ordem de exibição. A partir do dia 14 de setembro, a novela passa a ocupar todo o horário e estreia também no Globoplay, como parte do projeto de resgate de novelas clássicas da plataforma.
Completando 20 anos de sua primeira exibição, ‘Laços de Família’ é movida pelo amor incondicional de Helena (Vera Fischer) pela filha Camila (Carolina Dieckmann). No início da trama, Helena, uma empresária do ramo da estética, se apaixona pelo médico Edu (Reynaldo Gianecchini), muitos anos mais novo do que ela, e dois iniciam um romance. Mais adiante, Camila retorna de uma temporada de estudos no exterior e se apaixona pelo namorado da mãe, que decide abrir mão do amor por Edu e começa a se relacionar com Miguel (Tony Ramos), homem culto e charmoso, dono de uma livraria no Leblon. A família sempre foi uma prioridade na vida de Helena. Ela também é mãe de Fred (Luigi Baricelli), que mora em sua casa, com a esposa Clara (Regiane Alves) e a filha pequena.
O ponto alto de ‘Laços de Família’ acontece quando Camila é diagnosticada com leucemia e Helena mostra estar disposta a qualquer sacrifício para salvar a vida da filha. A cena em que a jovem tem a cabeça raspada durante o processo de tratamento da doença, ao som da canção Love By Grace, de Lara Fabian, entrou para o rol dos momentos mais antológicos da televisão brasileira. Carolina Dieckmann conta que antes de gravar a cena jamais poderia imaginar o impacto que causaria nela e no público. “Foi nesse momento que o personagem entrou de uma maneira física em mim. Eu senti que ela estava mais forte do que nunca, e isso passou para a cena, não fui só eu que senti. Acho que todo mundo que vê a cena identifica que tem ali um encontro físico da personagem com a atriz”, relembra Carolina. O drama de Camila serviu para promover uma campanha pela doação de medula óssea, o que gerou um aumento significativo no número de doadores em todo Brasil durante e após o término da exibição da novela.
Além da trama em torno do trio de protagonistas, diversas histórias e personagens da novela se destacaram. Ao interpretar Capitu, uma universitária que trabalhava como garota de programa para sustentar os pais e o filho pequeno, Giovanna Antonelli foi uma das grandes revelações da trama. Vinte anos após a exibição original, ela ainda é lembrada pela personagem, até no exterior, já que a novela foi vendida para mais de 60 países. “As pessoas falam comigo sobre a personagem em vários países que visitei. Em Portugal, por exemplo, até hoje me chamam de ‘menina Capitu’. Com certeza ela foi um divisor de águas na minha carreira. É uma personagem muito real e humana”, enaltece Giovanna.
Deborah Secco trilhava uma carreira promissora na TV, e sua atuação como a ardilosa Íris impressionou e elevou a atriz a outro patamar. “Foi uma personagem que me proporcionou trabalhar muitas nuances. Ela tinha uma mistura de sentimentos. Era invejosa em alguns momentos, em outros, generosa. Era muito apaixonada pela família e quando o pai e a mãe morrem fica vivendo com parentes de favor, ninguém tem por ela uma afeição genuína. Acho que isso tocou o público e fez com que a Íris não virasse apenas uma vilã odiada. O processo de criação foi um dos mais profundos da minha carreira”, conta Deborah. Regiane Alves também viu sua carreira alavancar ao viver Clara, a nora mimada de Helena. Depois do destaque na novela, ela ganhou a inesquecível Dóris de ‘Mulheres Apaixonadas’ (a novela estreia hoje no Canal Viva), e trabalhou com Manoel Carlos também em ‘Páginas da Vida’. “Foram três novelas do Maneco seguidas, ele confiou em mim como atriz e me deu a oportunidade de mostrar meu trabalho com personagens maravilhosas. A forma como ele traduz a alma feminina e seus conflitos é de muita sensibilidade e conhecimento”, analisa Regiane.
‘Laços de Família’ foi o primeiro trabalho de Reynaldo Gianecchini e Juliana Paes em novelas. O ator relembra o quanto foi intenso e transformador estrear em horário nobre, contracenando com atrizes veteranas como Vera Fischer e Marieta Severo. “Foi uma responsabilidade enorme fazer meu primeiro trabalho na TV numa novela com o porte e a força de ‘Laços de Família’. De cara foi uma loucura fazer par romântico com a Vera, a musa que eu cresci assistindo. E quando soube que a Marieta seria minha tia, também não acreditei, porque sempre fui fã dela. A troca com a Carolina foi muito legal e intensa. As três foram generosas e me acolheram. E ainda tinha a Juliana Paes começando comigo. Tenho muito carinho pelo o que a gente viveu junto nessa novela”, revela o ator.
Na pele da socialite Alma, outra grande personagem da trama, Marieta Severo deu vida a uma mulher forte, decidida e manipuladora. Ela trata o sobrinho Edu como filho e interfere em todos os campos de sua vida, principalmente na relação com Helena, o que rendeu memoráveis duelos entre as personagens. Em seu quarto casamento, Alma mantém uma relação intensa com Danilo (Alexandre Borges), um mulherengo incorrigível que vive tentando seduzir a empregada da casa, Ritinha (Juliana Paes). Marieta conta que uma das lembranças mais fortes que guarda do trabalho é ter feito parte da primeira experiência de Gianecchini e Juliana na TV. “Lembro demais do momento em que minha personagem descobriu o caso do marido com a Ritinha e tinha uma cena de peso com a Juliana. Tenho uma recordação muito nítida da minha tensão, porque era a primeira cena com muito texto que ela iria fazer e eu precisava ampará-la e deixá-la à vontade. Eu já tinha 35 anos de carreira e me lembro perfeitamente do olhar de expectativa dela para aquele momento em cena comigo”, revela Marieta. Juliana acredita que foi a oportunidade de contracenar com grandes atores que fez com que conquistasse êxito no ofício. “Entrei na TV muito crua, fui desenvolvendo meu potencial a cada dia. Aprendi muito com os grandes atores, e acho que talvez por isso tenha aprendido bem, modéstia à parte”, diz Juliana, aos risos.
O elenco especial e as histórias envolventes ganham charme com o colorido do Rio de Janeiro, situações típicas do cotidiano e a trilha sonora marcante, repleta de clássicos da Bossa Nova. É impossível pensar em ‘Laços de Família’ e não vir à mente o tema de abertura ‘Corcovado’, interpretada por Astrud Gilberto, com participação de Tom Jobim, João Gilberto e Stan Getz; e ‘Samba de Verão’, que embalava o romance de Helena e Edu, na voz de Caetano Veloso; além da versão da música em inglês So Nice (Summer Samba), cantada por Bebel Gilberto.
Outro atrativo da trama é a viagem para o Japão que Helena faz para visitar a filha – é neste momento que Camila e Edu se conhecem. Tony Ramos também participou das gravações no país do sol nascente – seu personagem Miguel vai até lá atrás de Helena, na companhia da filha Ciça (Julia Feldens). O ator, que atuou em cinco novelas de Manoel Carlos, conta que ‘Laços de Família’ tem um lugar especial por ter vivido um personagem que abordava a importância da leitura e as dificuldades das pessoas com deficiência por meio da trajetória do filho, Paulo (Flávio Silvino), que ficou com sequelas do acidente de carro que matou a esposa de Miguel. “Maneco é um grande observador de tudo o que acontece e um leitor voraz, ama a palavra e a língua portuguesa. O público que assistiu Laços sempre comenta comigo que foi muito importante o incentivo à leitura e as questões difíceis vividas pela família do Miguel. É uma novela imperdível que merece ser vista pelas pessoas que gostaram e as gerações que ainda não assistiram”, pontua o ator.
De volta a partir do dia 07 de setembro, ‘Laços de Família’ é escrita por Manoel Carlos, com direção geral e de núcleo de Ricardo Waddington. A novela traz ainda no elenco Helena Ranaldi, Daniel Boaventura, Júlia Almeida, Henri Pagnoncelli, Walderez de Barros, Leonardo Villar, Soraya Ravenle, Zé Victor Castiel, Ana Carbatti, Luciano Quirino, Thalma de Freitas, Marly Bueno, Umberto Magnani, Xuxa Lopes, José Mayer, Paulo Figueiredo, Vanessa Machado, Juliana Silveira, Cynthia Benini, Claudio Gabriel, Arlete Heringer, Max Fercondini, Monique Curi, Leon Góes, Inez Viana, Paulo Zulu, Carla Diaz e Alexandra Richter, entre outros.