A trajetória de Hebe Camargo, que chega às telas da TV Globo no dia 30 de julho, é marcada por momentos importantes da cantora e apresentadora à frente e longe dos holofotes. Em ‘Hebe’, eles recebem um olhar doce e curioso, e também ângulos incomuns, se comparados à forma como o público sempre assistiu à apresentadora. Os bastidores ganham o primeiro plano, em uma linguagem que transporta o espectador para trás das câmeras – tudo acontece frente aos olhos do público – e a narrativa segue sem se preocupar com a cronologia, em uma costura de memórias feita pela própria protagonista.
A diretora de arte Luciane Nicolino encarou o desafio de retratar a passagem não-linear de tempo por meio dos ambientes em que a apresentadora transitava e de tudo o que fazia parte deles. “Precisávamos remeter o público a determinadas décadas de forma que ele entendesse as épocas em que tudo aconteceu. Fizemos, então, uma tirinha de como era a percepção das cores ao longo dessas décadas para criar uma paleta e um filtro específicos para cada uma delas”, explica Luciane.
Além da paleta de cores e dos filtros criados, as casas em que a apresentadora viveu desde que sua família se mudou para São Paulo ajudam a ilustrar as diferentes épocas retratadas em ‘Hebe’. Elas aparecem durante toda a série e foram filmadas em variadas locações. Dentre elas, a casa real para a qual a artista se mudou com o marido Lélio Ravagnani (Marco Ricca) e onde faleceu, até hoje mantida por seu sobrinho Claudio Pessutti, no bairro do Morumbi, em São Paulo.
Para ambientar os espaços, além de uma infinidade de objetos de antiquários e lojas de aluguel existentes em São Paulo, a equipe teve em mãos um acervo especial: os itens pessoais de Hebe, preservados em sua casa, que agregaram muito à história. “Ela tem um acervo espetacular da vida inteira – todos os prêmios que ganhou, desde a época do rádio, fotos, álbuns, os presentes… Claudio Pessutti, muito generosamente, nos cedeu móveis, roupas, sapatos e vários outros objetos”, revela a diretora.
Já alguns cenários de estúdio de televisão onde Hebe trabalhou (SBT, Record e Bandeirantes) foram refeitos em teatros, forma como originalmente os programas de TV eram gravados na época.
As equipes de figurino e caracterização também precisavam retratar o avanço do tempo em décadas por meio das roupas e da maquiagem usada pela artista. Principalmente para o figurinista Antonio Medeiros e sua equipe, um fator foi de grande importância no processo: eles tiveram acesso a todas as roupas, sapatos, bolsas e acessórios reais de Hebe, guardadas até hoje em sua casa do Morumbi. Tudo usado para compor mais de 100 looks desde a década de 1980 até o final da vida da apresentadora.
“A grande maioria das peças serviu perfeitamente ao corpo da Andrea Beltrão. Foram raríssimas as vezes em que eu tive que fazer algum ajuste. E como para a fase de 2000 a 2012, em que a Hebe está mais velha, queríamos deixar a Andrea menos moldada e menos escultural, optamos por deixar as roupas exatamente como elas caíam”, afirma Antonio.
Para as outras fases da personagem, o figurinista conta como trabalhou: “Os anos 40 formam a fase mais pobre dela, ainda muito garota. Estudamos o que era comum no interior de São Paulo e brincamos com algumas peças. Para os anos 60 e 70, foram usadas muitas peças de brechó e também muita roupa contemporânea levada para épocas anteriores”.
Capítulo à parte na vida de Hebe e marca registrada da artista, as joias que aparecem na série são réplicas dos modelos originais. “É claro que é impossível ter os tamanhos e as proporções exatas porque é tudo muito grande. O coração de esmeralda que ela usava deve ter uns seis centímetros de diâmetro, todo cravejado de diamantes. Hoje, parece absurdo imaginar uma pessoa usando uma esmeralda assim. Mas a Hebe se dava esses presentes e isso era algo muito particular dela”, reflete Antonio.
Parte fundamental de toda a produção da série, a caracterização, assinada por Simone Batata, ressalta detalhes das fisionomias de cada personagem. Para as atrizes Valentina Herszage e Andrea Beltrão, ela conta que partiu de um longo e valioso processo de pesquisa: “A gente estudou as próprias coisas da Hebe, em seu acervo de fotos e reportagens que ainda estão em sua casa. Bebemos na fonte, num acesso muito privilegiado”.
Para aplicar tudo o que pesquisaram, Simone e sua equipe usaram muitas perucas. “A Hebe foi ficando loira e afinado a sobrancelha para a televisão. Ela tinha sua vaidade, mas foi moldando suas mudanças pelo o que percebia necessário fazer para o seu público”, diz.
Na maquiagem, um jogo de cores marca as décadas retratadas na trama: “Muita cor nos anos 60, quando se usava mais verde e azul. Nos anos 50, tons secos com mais delineador. Nos anos 80, aquela loucura: muita maquiagem! A Hebe era muito mais ligada ao cabelo do que à maquiagem; ela tinha muito cabelo e brincava com ele de várias formas”, detalha a caracterizadora. Já na fase final da vida da apresentadora, o objetivo foi justamente deixar alguns aspectos bastante aparentes, como a peruca que Hebe usou quando perdeu cabelo em função da doença que levou a sua morte.
‘Hebe’ estreia na TV Globo no dia 30 de julho e vai ao ar às quintas-feiras, após ‘Fina Estampa’. Original Globoplay, desenvolvida pelos Estúdios Globo, a série é criada e escrita por Carolina Kotscho, tem direção artística de Maurício Farias e direção de Maria Clara Abreu.