Interpretar um caipira que diante das maiores adversidades acredita que “tudo o que acontece de ruim na vida da gente é ‘pra meiorá'” foi um dos maiores desafios da carreira de Sergio Guizé. O ator já havia interpretado dois protagonistas em novelas, mas com o desempenho brilhante na pele do alegre e otimista Candinho ele ganhou prêmios e viu sua carreira deslanchar. O humor inocente do personagem, acompanhado de divertidos bordões – ‘Ê Lasquera!’, ele sempre dizia diante de alguma encrenca – além da pureza e determinação conquistaram o público.
Até hoje, mesmo após dois papéis de destaque em novelas das nove, Guizé é chamado de Candinho por muita gente e se orgulha disso. “Candinho é um marco na minha carreira. Ele representa felicidade, esperança, gratidão, é muito difícil reunir tantas coisas boas num único personagem. Acho que não poderia ter melhor momento para ele voltar. Candinho, sem dúvida, diria que vamos aprender muito com as dificuldades que enfrentamos agora”, acredita o ator, se referindo à pandemia por coronavírus.
Na entrevista abaixo, Sergio Guizé fala sobre a expectativa com o retorno da novela, relembra os momentos mais divertidos das gravações, o processo de construção do personagem e conta como está lidando com a quarentena.
Como está sua expectativa com a volta da novela?
Estou muito feliz e ansioso para rever a trama. Estamos precisando da leveza que ela traz, com uma história bonita, contada de forma lúdica e bem-humorada. Vai ser aquele momento gostoso de assistir tomando o café da tarde. E acho que vou curtir mais agora, pois quando estamos gravando o olhar é outro, assistimos um capítulo já pensando no próximo.
Como foi a construção do personagem?
Eu bebi em muitas fontes. Li o conto do Voltaire ‘Candido ou o Otimismo’ e assisti ao filme ‘Candinho’ com Mazzaropi, que foram referências do Walcyr Cararsco para escrever a novela. Me inspirei muito em Charles Chaplin e no cinema mudo e também busquei referências na minha memória afetiva. O personagem de certa forma foi uma homenagem a minha avó materna, Maria. Candinho tem muito dela, o sotaque principalmente.
Lembra a cena mais marcante que gravou? E a mais difícil?
Sem dúvida a que me marcou mais foi o reencontro do Candinho com a mãe. Foi emocionante, ficamos todos comovidos em cena. Era um dia de gravação muito especial, estávamos ansiosos por esse momento. A mais difícil foi no último capítulo quando ele olha diretamente para a lente da câmera e dialoga com o público, olho no olho, que a sua teoria se concretizou.
Conte algumas situações divertidas do período de gravação…foram muitas?
Tivemos várias, mas a mais marcante foi logo no primeiro dia de gravação. Eu tinha cena com o burro e estávamos nos conhecendo ainda. Determinado a dar o meu melhor, eu queria me entender com ele a todo custo e quando o Jorge Fernando deu ação, a cena era Candinho e Policarpo olhando a paisagem, mas me veio a ideia de subir no burro. Depois de muito sacrifício eu montei, mas ele começou a rodar, e rodava cada vez mais rápido. Eu fiquei desesperado, olhava para a equipe com olhos arregalados, pedindo socorro, não conseguia falar e nem eles conseguiam parar de rir… aprendi muita coisa aquele dia, o Juca – nome do burro na vida real – me olhava com uma cara do tipo: não vem improvisar não, não me lembro de termos combinado que você subiria em mim! (risos). Nunca mais vou esquecer isso. A situação está na abertura da novela. O Jorge Fernando se divertia muito quando essas coisas aconteciam em cena, quando eu escorregava na lama ou derrubava comida sem querer em cena, porque sou atrapalhado mesmo, ele aproveitava tudo (risos).
Quais ingredientes fizeram de Eta Mundo Bom um sucesso na sua opinião?
Em primeiro lugar a mensagem e a condução da história pelo Walcyr Carrasco e Jorge Fernando. A dobradinha autor e diretor que eles tinham era infalível. Além disso. o elenco é brilhante, com grandes mestres como Marco Nanini, Ary Fontoura, Eliane Giardini e tantos outros…o elenco jovem era muito talentoso também e tinha o astral de toda a equipe, fomos muito felizes durante o trabalho.
Como está lidando com a quarentena?
Estou em casa há mais de um mês com a minha mulher, Bianca Bin, e nossos cachorros. Tenho a sorte e o privilégio morar no interior, rodeado de silêncio e natureza. Estou buscando o autoconhecimento, estudando, pintando meus quadros. Tenho tentando estar mais próximo da família e dos amigos, e ajudar os mais vulneráveis. Como a Bianca também atuou na novela, estamos felizes em poder assistir juntos já que estamos em casa.
De volta a partir do dia 27, ‘Êta Mundo Bom!’ é escrita por Walcyr Carrasco, com direção geral e de núcleo de Jorge Fernando.