Cria do cinema e do teatro, a atriz Marjorie Gerardi (30) sempre soube qual profissão desejava seguir e, por causa disso, se formou em artes cênicas, balé clássico e teatro, investindo ainda em aprimoramento de técnica vocal com aulas particulares para melhorar sua desenvoltura, sua postura e sua preparação corporal.
— Eu acho que nasci interessada pelo meio artístico. Minha mãe, que sempre foi uma amante e admiradora das artes, me apresentou com muito carinho e respeito à dança e ao teatro e isso me incentivou muito. Sou bailarina clássica antes de ser atriz, danço desde os três anos de idade e, desde então, nunca mais parei de fazer nada artístico. A minha paixão pelo teatro foi uma consequência da dança, do amor pelo palco. Talvez eu não saiba definir exatamente o período em que comecei a me apaixonar por esse caminho sem volta.
Após conseguir decolar da dança e do teatro para o cinema (“Sertão: Veredas”, “Mais Forte que o Mundo: A História de José Aldo”, “Idílio”, “Crime Time”, “Gostosas, Lindas e Sexies” e “Amazon Obhijaan”), ela chamou a atenção de um produtor de elenco da Rede Globo para a novela “Rock Story”.
— Eu vim do teatro também, sempre gostei de me arriscar em personagens intensos nas peças que fiz. Eu fazia parte de uma companhia de teatro físico em São Paulo, Confraria dos Elephantes, foi onde consegui me dedicar em um profundo mergulho para estudar muito o processo de criação de cada personagem. Passei quatro anos com esse grupo. Aprendi a levar a personagem comigo para todos os lugares, de colocar o olhar dela como observadora, de mudar o ponto de vista do julgamento, de levar um caderninho na bolsa e sempre que vinha uma luz de como falar ou como fazer tal coisa diferente, eu anotava. Foi imersa em um desses palcos experimentais em São Paulo que surgiu a possibilidade da TV, de realizar um outro sonho que eu ainda não tinha tocado, foi surpreendente em vários aspectos. Novela é uma obra aberta e sua personagem está sujeita a mudanças toda semana. Achei sensacional. Estudei muito sobre universo do rock, sobre o que ele contesta, dos ambientes em que são mais apreciados, de como o preto e a atitude de rebeldia faz parte de um protesto, da liberdade. Levei tudo isso para minha personagem Tainá. Nunca vou esquecê-la.
A estreia na televisão aberta a permitiu então alçar voos maiores para dentro do universo de séries como, por exemplo, “Cidade Proibida”, “Se Eu Fechar Os Olhos Agora”, “Amigo de Aluguel” e “Coisa Mais Linda”, que requerem um timing diferente de interpretação, pois as obras possuem uma linguagem mais realista.
— Como uma boa observadora dos seres humanos, pude perceber que são mergulhos diferentes o cinema e a tv. Desde o tamanho do projeto, até a equipe de filmagem, a preparação de elenco, o tempo de demora de cada cena, a atenção nos detalhes e muito mais. Na TV você tem que ser mais rápido, mais desapegado, um mergulho horizontal. O cinema e as séries, são mais densos, o detalhe é mais importante, as pausas existem, a preparação é outra, um mergulho mais vertical. Gosto de fazer os dois. Eu sei me divertir bem com as diferenças de cada um e não vou para um esperando ser o outro.
A partir de abril, ela também pode ser vista na novela bíblica “Gênesis” (de Camillo Pellegrini, Emílio Boechat, Gustavo Reiz, Raphaela Castro e Stephanie Mendes com a colaboração de André Rodrigues, Ecila Pedroso, Marcos Ferraz, Meuri Luiza e Valéria Motta), uma superprodução da Record TV com quase 300 colegas de cena.
— Minha personagem é a Heidi, faço parte do núcleo que vai contar a história da Arca de Noé (Bruno Guedes/Oscar Magrini). Sou esposa do primeiro filho de Noé, o Sem (Augusto Caliman). A história é linda e aprendi muito desde a preparação até os estudos sozinha na minha casa. Eu conhecia pouco sobre a Bíblia, consegui ver que são diversas formas de interpretar a mesma história. A cada dia de filmagem eu aprendo alguma coisa.
E, para encerrar, será que ela possui algum perfil de personagem que gostaria de interpretar futuramente?
— Quero fazer uma personagem que conteste os valores do presente, que faça as pessoas refletirem com leveza, com risada e drama ao mesmo tempo. Quero dialogar com o agora. Estive refletindo muito sobre isso nos últimos meses, seria maravilhoso fazer algo parecido com isso.