Escrita por Daniel Ortiz e dirigida por Fred Mayrink, a novela “Salve-se Quem Puder” apresenta uma interrupção na evolução da qualidade do roteiro proposta por sua antecessora, a novela “Bom Sucesso” (de Rosane Svartman e Paulo Halm), o que já era esperado desde que sua equipe de produção foi anunciada.
Para agradar o brasileiro médio que deseja assistir o gênero de comédia na faixa das sete da noite, não é necessário subestimá-lo, mas a novela “Salve-se Quem Puder” trata o público-alvo, literalmente, como burro, se salvando por causa da presença de bons atores, que repetem pares românticos para forçar ‘shippadas’.
Com premissa realmente interessante – a entrada de Alexia (Deborah Secco), Kyra (Vitória Strada) e Luna (Juliana Paiva) no Programa de Proteção à Testemunha da Polícia Federal – o plot inicial em Cancún (México) teve erros de pesquisa, esquetes de humor pastelão, pirotecnia mal feita e roteiro pobre, faltando emoção para torcida.
Logo nos primeiros capítulos, ficou mal explicado qual era o caso que Juiz Vitório (Aílton Graça) estava julgando contra Dominique (Guilhermina Guinle). Além disso, foi bizarra a aparição de um capanga armado dentro de um avião comercial e tornar Kyra tão atrapalhada, a ponto de atirar no teto do avião.
Alexia, Kyra e Luna viraram Josimara, Cleyde e Fiona, piorando o tom de comédia, porém, na saída de Judas do Norte, elas resolveram fazer uma mistura uma na vida da outra, como se ninguém tivesse visto a cara delas na televisão e nos jornais até então, o que foi mostrado.
Embora seja bonita e colorida, a abertura da produção também é uma espécie de plágio da vinheta da novela “Topíssima”, mas a música escolhida (Ludmilla: Beija-me) não combina com o que é visto no ar e só está ali efetivamente para promover sua intérprete, sem conexão nenhuma com a história.
A cereja do bolo ainda vem: Três mulheres negras, Bel (Dandara Mariana), Renatinha (Juliana Alves) e Úrsula (Aline Dias), são antagonistas de três mulheres brancas, Alexia/Josimara (a melodramática cômica), Kyra/Cleyde (um papel exagerado que estava cotado para Tatá Werneck) e Luna/Fiona (a super carioquíssima), facilitando a torcida por casais brancos.