Foram 23 anos longe das novelas da Globo, desde o sucesso como Chiquita de O Rei do Gado, em 1996, amante do senador Caxias (Carlos Vereza). Com uma trajetória respeitada no teatro, Arieta Corrêa está empolgada com o retorno à emissora na nova trama das 9, Amor de Mãe, em um papel desafiador.
Leila, personagem dela, passa anos em coma, após um acidente de carro. Magno (Juliano Cazarré), seu marido, é quem cria a filha do casal, Brenda (Clara Galinari), com a ajuda da mãe dele, Lurdes (Regina Casé).
“Leila chegou com uma bênção na minha vida através do Zé Villamarim (diretor) e da Manuela Dias (autora). Há meses, tive um encontro com eles e aconteceu esse convite. Fiquei muito honrada. Sou de teatro, só fiz uma novela na Globo, que foi O Rei do Gado (algumas participações e séries, como A Teia, de 2014). O Zé dirigiu minhas cenas com o Vereza, por isso tenho muita gratidão por ele. Estou com 42 anos e, na época, tinha 18”, diz a atriz, impactada com a passagem do tempo.
Mãe de Gael, de 10 anos, da relação com o também ator Rodrigo Veronese, Arieta conta que ainda não decidiu como fará para gravar a novela no Rio de Janeiro: se vai se mudar de mala e cuia de São Paulo para a Cidade Maravilhosa, ou se vai ficar indo e vindo. Certo mesmo é que a rotina do filho permanecerá inalterada.
“Quando o Gael nasceu, eu nunca trabalhei tanto. Mas ele se adaptou tão bem. Até dois anos atrás, onde eu ia ele estava junto. Fui para Portugal em turnê de mais de um mês com uma peça, e ele foi também. Agora atrapalha a escola.”
“Quando pintou o convite, perguntei: ‘Filho, o que você acha de a gente morar no Rio?’. E ele disse: ‘Mãe, nem pensar! Estou feliz por você, mas tenho minha escola, meus amigos, o futebol… Vou ficar em São Paulo’. E eu tenho que respeitar. Meu compromisso é com o bem-estar do meu filho. Vou dar um jeito de ficar indo para Rio sem ter que morar, mas se tiver ele vai me visitar. Vou respeitá-lo como indivíduo. Não mexo mais na rotina dele.”
Foi nessa viagem marcante para Portugal que Arieta conheceu seu atual companheiro, o produtor português Pedro Santos. A relação deu tão certo, que ele veio com ela e Gael para o Brasil:
“Estou casada. Conheci o Pedro nessa turnê. Nos encontramos em um teatro lindo, ele veio na mala e está aqui até hoje. Vai fazer cinco anos já (risos).”
Amor de Mãe
A maternidade foi transformadora para essa artista natural de Botucatu, São Paulo, em todos os sentidos. Gael chegou e mudou a vida da mãe para melhor. Segundo Arieta, nem todo processo de autoconhecimento pelo qual passou durante anos foi capaz de tanto efeito quanto o nascimento do menino.
“Ele é o maior presente que Deus me deu. É tão intenso, que nem sei se quero ter outro. Lembro da minha vida antes do Gael. Sempre gostei muito de viajar de mochilão, tinha aquele espírito livre, de descobertas. E hoje, quando olho, penso que é como se eu viajasse, viajasse, mas nunca tivesse entrado em contato tão profundamente comigo mesma, como a partir do nascimento do meu filho.”
“Lembro dele saindo de mim, de parto normal, e de sentir todo aquele poder. Nada é tão forte como ser mãe. Minha vida mais profunda e complexa nasceu com o Gael”, analisa ela.
Na novela que estreia dia 25/11, Arieta vai viver uma história dramática. Além de passar anos em estado vegetativo, sua filha, Brenda, é portadora de uma doença genética, a talassemia maior, e só pode ser curada com transplante de medula de doador compatível. Para complicar ainda mais a situação, no hospital onde a menina se trata e Leila está internada, o marido dela, Magno, conhece Betina (Isis Valverde), chefe de enfermagem que cuida das duas. Eles se aproximam e a atração que sentem um pelo outro, apesar de velada, é intensa:
“Estou com o coração cheio de expectativas boas porque Leila é uma personagem grande, forte. Em flashback, ela vai aparecer como uma mulher possessiva, ciumenta. Não posso julgá-la. Quero tentar compreender os motivos que vão levá-la a fazer certas coisas.”
“Estou pesquisando e vou encontrar com pessoas que passaram por esse processo de coma. É chocante. Tem cada história… Quero ver o quanto isso afeta a vida e o entorno dessas pessoas, seus familiares. Soube de uma que estava comendo, engasgou e está em coma há oito anos. A gente pergunta o porquê disso acontecer, mas não tem resposta. Eu prefiro acreditar em aprendizado, em uma espécie de fênix que renasce. Imagino que quem passa por isso ressignifica a vida.”