A partir do dia 29 de julho, quando estrear Bom Sucesso, Lucio Mauro Filho será visto no horário das 7 como Mário, o editor-chefe gente boa da Editora Prado Monteiro, comandada por Alberto (Antonio Fagundes). “Mário chegou na empresa muito jovem, por ser amigo de adolescência de Nana (a filha de Alberto). A editora se tornou a sua verdadeira casa. Ele também é um poeta, mas não vingou. Mário não tem essa vaidade de ser um nome. É mais resignado. Isso se deve ao fato de trabalhar ali há muitos anos”, adianta Lucio.
Mas o que move a vida de Mário não é apenas o trabalho. Ele tem uma paixão platônica por Nana, vivida por Fabíula Nascimento. “Esse amor atravessa os tempos!”, diz o ator. Acontece que na trama, escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, ela só enxerga Mário como um grande amigo. E, pra piorar as chances desse poeta, Nana está casada com Diogo (Armando Babaioff), que ainda faz o favor de assombrar a vida de Mário, trabalhando como advogado da Prado Monteiro.
“Existe ali um embate, uma implicância entre os dois. Diogo é um cara manipulador, que tá sempre armando. Enquanto Mário é um cara da paz, mas tem suas armas também… É bem-humorado, sarcástico e muito provocador”, avisa ele.
Lucio embarca nesse novo papel um pouco mais de dois meses após a morte de seu pai, o ator e comediante Lucio Mauro. Nos últimos três anos, desde o dia em que seu pai sofreu um AVC, Lucinho se viu aguardando a hora da despedida, situação que ele enxerga como muito semelhante ao que vai acontecer na novela. Na história das 7, a família de Alberto também vai ter que se preparar para esse momento, uma vez que o patriarca está sofrendo de uma doença terminal e só tem seis meses de vida.
“Ele sofreu um AVC em 2016 e foram três anos de home care. Isso não tem jeito. Cada dia que ele estava vivo era um dia a mais que a gente tinha para se preparar. Vai estar preparado 100%? Nunca! Mas ele precisava descansar, não merecia ficar amarrado a uma cama sem o uísque dele, sem o cigarrinho dele, com a vida linda que ele teve, com tudo de bom que realizou. E a gente tem que passar por cima do nosso egoísmo e permitir isso”, conta.
E quando foi chamado para Bom Sucesso, Lucio, junto com o elenco, foi apresentado ao livro “A morte é um dia que vale a pena viver”, escrito por Ana Cláudia Quintana Arantes. “É sobre como se preparar para a morte e como fazer para que esses dias anteriores à morte sejam respiráveis. E olha eu aqui também podendo contribuir para isso! Eu vivi nos últimos três anos a iminência de perder alguém. Conversei muito com a Fabíula porque passei exatamente pelo o que a sua personagem vai passar na novela. Eu sou o filho mais estruturado, casado, com filhos e um bom emprego. Isso também me ajudou muito na hora de prestar um apoio a minha família. Eu colei na minha mãe, nas minhas irmãs”, diz o ator.
Lucio lembra que começou a encarar o fato de que um dia não teria o pai por perto há cerca de dez anos, quando ele teve um problema de saúde e foi internado. “Naquela época, meu pai me perguntou: ‘se eu quiser morrer, tá tudo ok?’. E apesar de eu ter dito que sim, eu reparei que não estava”, lembra o ator, que transformou essa experiência na peça “Lucio 80-30”, que escreveu e chegou a encenar ao lado do pai naquela época. “Ali a gente começou a discutir a finitude. O meu personagem não conseguia dizer ‘te amo’ para o pai porque o homem não é preparado pra mostrar afeto a outro homem, mesmo que o outro homem seja o seu pai. Mas eu estava na peça dizendo ‘não espera morrer, fala agora'”, completa Lucio.
O ator justifica o jeito sereno com que fala da perda do pai:
“A pessoa que passa três anos cuidando de uma outra que vai definhando tem que entender os sinais energéticos e espirituais. Ele foi um cara vitorioso. Eu era parado em aeroporto. Eu virei a viúva do papai (risos)! Eu continuei trabalhando e recebi uma quantidade imensa de carinho. Acho que isso é o grande prêmio do meu pai”.
Bom Sucesso, escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, estreia dia 29/7. Direção artística de Luiz Henrique Rios e direção geral de Marcus Figueiredo. Produção de Samantha Santos.