Téo (Tony Ramos) é professor de literatura, mas não exerce a profissão. Gosta mesmo é de se dedicar à música e tocar saxofone com sua banda no bar de um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro. Sente-se feliz com o que tem, seus passeios pelo Leblon, sua música e sua família. O casamento com Helena (Christiane Torloni), no entanto, não anda bem e tende a desandar ainda mais com a reaproximação da esposa a César (José Mayer). Entre segredos que mantém guardados, está a origem do filho Lucas; Helena não sabe, mas o menino é fruto de um relacionamento de Téo com Fernanda (Vanessa Gerbelli).
No ar em ‘Terra e Paixão’, Tony Ramos relembra a alegria de ter feito parte do elenco de ‘Mulheres Apaixonadas’: “Há momentos muito dramáticos e momentos de bom humor; havia muita boa música também. São as melhores lembranças”, comenta. A poucos dias do retorno da novela ao ‘Vale a Pena Ver de Novo’, o ator destaca, a seguir, outras memórias do trabalho, fala sobre a relação de Téo com a música e conta que cena considera mais marcante na obra de Manoel Carlos.
ENTREVISTA COM TONY RAMOS
Este ano faz 20 anos da exibição original de ‘Mulheres Apaixonadas’. Que lembranças guarda da experiência de viver o Téo?
É uma novela que eu tenho muita alegria de ter feito, foram grandes momentos. Para mim, as lembranças do Téo são as mais variadas, mas principalmente de como – a partir da metade da novela – ele resolvia as coisas depois de ter grandes notícias sobre a vida dele que ele nem sabia. Há momentos muito dramáticos e momentos de bom humor; havia muita boa música também. São as melhores lembranças.
Seu personagem é um saxofonista. Como foi atuar com o instrumento? Precisou aprender a tocar?
Eu apenas tive instruções com um músico na época. Ele me deu as posições básicas e, depois, quando tinha uma atuação maior, mais completa, no estúdio, eu obviamente o dublava enquanto ele ficava por trás das câmeras e, consequentemente, fazia todo o número musical. Eu já sabia as posições e ia dublando aquilo que eu estava ouvindo. Eu apenas aprendi, portanto, do ponto de vista funcional. Não tenho nenhum dom para o saxofone ou para o trompete, que eu já havia ‘tocado’ na novela ‘O Astro’. Mas a gente vai lidando com isso conforme os personagens exigem.
O Téo vivia um casamento com a Helena no início da novela, mas era atravessado por uma relação com a Fernanda. Lembra de como foi o processo de composição desse personagem?
O Téo vivia um casamento mal resolvido com a Helena. Ele gostava dela e ela também, dele, mas ele começa a deixar um pouco de lado essa relação, como a própria vida. Ele é um homem rico; a irmã, Susana Vieira, é dona de escola. Eram dois herdeiros que conseguiram multiplicar sua herança. Mas o único prazer do Téo era realmente a vida noturna e tocar jazz ou bossa nova no bar do hotel, ele tinha esse hobby. A personagem da Lorena, irmã dele, era ainda mais atenta aos negócios do que ele. A relação com a Fernanda não é bem secreta; ele que depois se lembra, quando ela fala de uma criança, a Salete, filha de uma relação que eles tiveram. Então, há uma surpresa dele, de como revelar isso, porque ele não sabia também. A preparação para o personagem não foi nada complicada. A gente só conversava com o Maneco (Manoel Carlos), com os diretores – o Ricardo Waddington que liderava a turma. A gente tinha uma estrutura muito forte e era apenas criar em cima do lindo e maravilhoso texto do Manoel Carlos.
Que cena considera a mais marcante desse trabalho?
Há vários momentos: quando acaba o casamento, quando ele conhece a filha dele, quando sabe dessa criança (Salete). Mas a cena mais marcante, sem dúvidas, é quando Vanessa Gerbelli e eu estamos numa rua do Leblon, a Dias Ferreira, e bem realisticamente o Papinha (Rogério Gomes), diretor da novela, realiza um tiroteio. As filmagens duraram dois dias e a TV Globo avisou a toda aquela área que teria essa gravação. Nesse tiroteio entre policiais e assaltantes, o Téo e a Fernanda ficam no meio. Consequentemente, ela recebe uma bala, vai para o hospital e acaba falecendo. O meu personagem também recebe tiro, fica na UTI por vários capítulos. Ali houve, sem dúvidas, vários momentos de muita emoção. E é inesquecível como há uma virada na história da novela naquele momento.
Você e a Susana Vieira fizeram irmãos na novela. Como é reencontrá-la agora em ‘Terra e Paixão’?
A Susana é uma querida companheira. Nunca é demais repetir a grande companheira que ela é, a colega de trabalho absolutamente bem-humorada, positiva, sempre com muita perseverança. E a excelente atriz que ela é – tem uma carreira muito vitoriosa. Reencontrá-la agora está sendo mais um dos prazeres de fazer essa novela.
Na sua opinião, a obra de Manoel Carlos permanece atual nos dias de hoje? Por quê?
A obra do Manoel Carlos sempre será atual, não apenas essa novela. Tem uma novela dele em que eu fiz os irmãos gêmeos, ‘Baila Comigo’, que sem dúvidas poderia ter uma regravação nos dias de hoje. Ele tem um belíssimo texto, é um poeta, um homem de muita formação literária, muito culto. Além do bom papo de um homem que tem uma vivência maravilhosa, sempre são boas as conversas que você pode ter com Maneco. Ele é um dos nossos grandes, dos nossos gigantes, um autor inesquecível e principalmente de uma competência absurda. Dele eu fiz ‘Laços de Família’, ‘Mulheres Apaixonadas’, antes ‘Baila Comigo’, ‘Sol de Verão’. Fiz também ‘Felicidade’… foram vários momentos! Maneco é um dos grandes autores da história da minha carreira e da televisão brasileira. A ele eu rendo e renderei sempre todas as homenagens e os aplausos maiores. E o texto permanece atual porque Maneco sempre foi um grande observador do ser humano. Eu brincava com ele, conversando, e falava sempre: ‘Maneco é aquele que olha pela janela, mas não olha por olhar; ele olha tentando entender cada ser humano’. E daí surgem as grandes e atuais histórias dele.
De volta a partir do dia 29 de maio, no ‘Vale a Pena Ver de Novo’, ‘Mulheres Apaixonadas’ tem autoria de Manoel Carlos, com colaboração de Fausto Galvão, Vinícius Vianna e Maria Carolina. A novela tem direção de núcleo e geral de Ricardo Waddington e direção geral de José Luiz Vilamarim e Rogério Gomes, com direção de Ary Coslov e Marcelo Travesso.