No ar em “Vai na fé” onde dá vida ao personagem Joel, o ator Waldo Piano volta aos palcos em “Avental todo sujo de ovo”, na Casa de Cultura Laura Alvim (RJ), de 10 a 25 de maio, sempre as quartas e quintas-feiras, às 19h. Na história ele é Antero, um homem idoso, brejeiro, nordestino, nascido e criado em um ambiente interiorano onde também constituiu família, longe da cidade grande.
– Falar de Antero é falar de um presente imenso que recebi. Ele é um marido e pai amoroso, porém, que não consegue entender o desaparecimento de seu filho adolescente. Vive em um misto de amor, muita saudade, tristeza e mágoa com a falta de notícias dele, passando muitos anos a espera de qualquer correspondência que lhe justifique esse filho ter sumido. E essa dúvida o maltrata muito – revela.
Waldo teve que fazer um trabalho corporal, já que seu personagem vive com sequelas de um AVC.
– Como sequelas ele paralisou um lado inteiro da sua face e corpo, tornando o personagem maravilhoso tanto pra interpretar quanto para homenagear o homem do sertão e/ou agreste brasileiro. Pesquisei muito sobre sequelas do AVC, também dificuldades de locomoção, atrofia de membros e de parte do rosto. O desafio é passar todo o tempo em cena, com um lado inteiro do corpo paralisado, tendo que andar e falar com muita dificuldade. São horas de ensaios exercitando essa técnica para entregar o melhor Antero possível – explica.
A direção da peça é de Mário Cardona Jr, que Piano elogia no processo de criação de seu personagem.
– O Mário é um ator, diretor e coreografo pernambucano, que me proporcionou compor esse homem com suas peculiaridades, sotaque, sentimentos… As exigências e cobranças só me fizeram crescer como ator. Uma grande inspiração pra mim foi lembrar dos botecos e tabernas do interior onde nasci e, mesmo mudando pra Belém ainda bem pequeno, sempre viajava nas férias pra visitar meu avô em Tapiaí, e lá, à tardinha, se juntavam aqueles senhores em rodas de jogo, bebendo e contando “causos”, sem tv, ao som de um radinho de pilha com música ou jogo de futebol – ressalta.
O ator ainda destaca a troca em cena com Ana Carolina Rainha, Cissa Maria, Bibi Anne e Lucrécia Prieto “Elas são atrizes talentosíssimas e nossa sintonia é perfeita”, diz. Waldo fala que a expectativa para a nova temporada é grande, já que na última teve uma resposta ótima do público.
– Superou todas as minhas expectativas. Ver o público sair chorando sem conseguir, às vezes, dar um simples depoimento pra nós, por conta desse texto premiado de Marcos Barbosa. Foi de uma intensidade tão grande que eu não conseguia conter o choro durante os aplausos, envolvido por toda emoção e troca com o público. Vi o quanto todos se identificam com os personagens, querendo acolher, abraçar, e o melhor, querendo a continuidade da história que fala do amor incondicional em família, pais e filhos, saudade, diversidade, preconceito e liberdade de escolha – diz.
O ator ainda fala da reação do publico ao vê-lo após a peça sem a caracterização do seu personagem.
– A surpresa ao me verem sem as sequelas, tendo acreditado que eram reais, foi a melhor resposta que pude ter como ator durante a temporada passada. Espero que nessa que se inicia eu consiga trazer esse mesmo sentimento – completa.
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