“Fofocas e intrigas existem desde que o mundo é mundo. Mas, com as novas possibilidades da era digital, os fuxicos e disse-me-disse se tornaram ainda mais ferozes, velozes e sem qualquer limitação geográfica”. É neste cenário ilustrado por Gloria Perez que começa a história de ‘Travessia’. Na nova novela das nove da TV Globo, escrita pela autora e com direção artística de Mauro Mendonça Filho, enquanto acompanha a relação de encontros e desencontros entre Brisa (Lucy Alves) e Ari (Chay Suede), o público se familiariza com algumas das mudanças do mundo contemporâneo, cada vez mais tecnológico e ágil, e reflete sobre o impacto que elas provocam na vida em sociedade.
No caso de ‘Travessia’, um equívoco fruto de uma nova ferramenta de manipulação de imagem impacta profundamente não só a vida de Brisa, mas a de todos à sua volta, incluindo o noivo, Ari (Chay Suede), o filho do casal, Tonho (Vicente Alvite), e os integrantes da vizinhança em que esta família se formou. Todos eles, em maior ou menor proporção, precisam revisitar seus valores, crenças e trajetórias, e já não podem ignorar que para além de suas vidas no interior do Maranhão existem novos caminhos e possibilidades.
A autora Gloria Perez revelou as escolhas que estão por trás desta narrativa. “Como em todos os meus trabalhos, gosto muito de olhar a sociedade. Hoje, com o avanço das tecnologias, cada ferramenta permite uma nova realidade. Com as redes é possível que todos se comuniquem, e isso torna o mundo menor. Em ‘Travessia’, nós vamos contar uma história muito humana com um pano de fundo que nos faz perceber que estamos no momento de uma grande mudança”, detalhou. “E eu gosto de falar sobre diversidade. Todas as minhas novelas trazem um novo olhar sobre as diferentes formas de viver e sobre como as pessoas lidam com o diferente. O Maranhão, por exemplo, tem uma cultura com expressões interessantíssimas, sem falar das paisagens”, acrescentou.
Para Lucy Alves, intérprete da protagonista, os desafios estão além da responsabilidade de dar vida à uma personagem principal de novela das nove: se encontram na própria descoberta de quem é a Brisa. “As protagonistas de Gloria Perez costumam ser mulheres muito fortes, resilientes, nunca bobas. Estou descobrindo a Brisa ao longo dos capítulos. Mesmo sendo nordestina, eu ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer a fundo a cultura maranhense, o misticismo, a culinária. É um lugar cheio de história. Ter esse contato foi muito importante para minha personagem. Cada estado é muito único, e o Nordeste não é uma coisa só; por isso a viagem foi essencial para a minha construção. Estou aprendendo muito e estou curiosa para saber o que vai acontecer com ela”, disse.
Ari, personagem de Chay Suede, é um ferrenho defensor da cultura e do patrimônio histórico de São Luís. Mas, quando vai ao Rio de Janeiro investigar a construtora que pretende derrubar um dos casarões históricos de seu estado, se depara com um mundo repleto de possibilidades, até então, desconhecidas para o jovem interiorano. Para o ator, esta virada revela a complexidade de seu personagem. “O Ari vai se despindo na frente do público enquanto vai se enxergando. É um personagem que tem muitas certezas e elas vão desafiando-o ao longo dessa história”, explicou Chay, que também comentou a cumplicidade que já tem com Lucy: “No Maranhão, Lucy e eu construímos memórias em comum, memórias que se tornaram de Ari e Brisa”.
De volta às novelas após sete anos, nos quais atuou em séries, Drica Moraes contou como tem sido a experiência de dar vida à Núbia, a mãe superprotetora de Ari: “Estou amando voltar às novelas! Elas têm uma agilidade que me seduz. Reencontrar amigos, como Mauro e Gloria, tem sido muito feliz. Quanto à Núbia, ela é uma personagem passional, uma mãe possessiva. E é uma sobrevivente, criou um filho sozinha. Então, para tudo que se opõe à visão de mundo dela e do que ela quer para o filho, ela se coloca como antagonista. Mas tem muito humor. Estar nesse núcleo do Maranhão, para mim, é um prêmio”, celebrou Drica.
As cenas que retratam o Maranhão em ‘Travessia’ foram gravadas no estado, onde elenco e direção vivenciaram durante mais de um mês a cultura local. Para o diretor artístico da novela, Mauro Mendonça Filho, as filmagens fora do eixo Rio-São Paulo deixaram a trama ainda mais rica e colorida: “Por uma extrema felicidade, o Maranhão foi escolhido por Gloria Perez, assim como Lisboa e o Rio de Janeiro. A proposta da novela é ser solar, leve. Foi muito feliz estarmos em São Luís e em diferentes regiões dos Lençóis Maranhenses. A gente quer que as pessoas se reconheçam nessa novela, e para isso precisamos ser autênticos e mostrar as diferenças do Brasil; trazer a magia com um pouco de novidade. Queremos trazer todas as cores que o Maranhão tem. Estar lá aqueceu as turbinas do trabalho, foi divertido e prazeroso”. Em conversa com os jornalistas, o diretor ainda anunciou, com exclusividade, que essa mesma atmosfera estará presente na abertura da novela, que trará uma versão da música “Tempos Modernos”, de Lulu Santos, cantada por Seu Jorge.
Marcos Caruso contou, ainda, que beber da fonte maranhense deu a real dimensão da importância da defesa do patrimônio histórico local, pauta que é grande motivação do professor Dante, seu personagem na trama. “Estar em São Luís foi o destampar de uma garrafa de champanhe. Por mais que eu conhecesse a história da cidade, eu sou um ator que cria vendo e fazendo. Andei muito pelas ruas sozinho, no meio das pessoas. Tem uma faculdade de História em frente à nossa base de produção e fui lá ver os professores, mergulhar nesse ambiente. Me surpreendeu concluir que o Dante, assim como nós brasileiros, está sempre tentando preservar e recuperar algo de algum mal”.
Já as atrizes Priscilla Vilela e Camila Rocha destacaram o relacionamento de parceria que têm construído com a equipe e todo elenco para a composição de Adalgisa e Tininha, duas maranhenses “raiz”. “Trabalhar com essa equipe é muito fácil, temos sido muito bem acolhidas. Estar em uma obra da Gloria, que é sempre muito humana e fala sobre o que as pessoas precisam refletir, é um presentão”, descreveu Priscilla. Nos bastidores, o clima é sempre acolhedor, como entregou Camila: “Tem sido um presente muito grande, de um trabalho de uma vida inteira. Eu sou suspeita para dizer, porque esse núcleo é incrível, mas cada dia tenho mais prazer em trabalhar com essas pessoas. As expectativas para a estreia são boas, mas eu deixo acontecer; estou aberta aos caminhos que estão por vir”.
Claudio Dager, gerente de produção de ‘Travessia’, fez coro com as duas atrizes quanto ao clima de união entre equipe e elenco nas gravações, que agora seguem no Rio de Janeiro, e disse como tem sido a empreitada de colocar a nova novela das nove no ar. “É um trabalho dinâmico, estamos sempre nos redescobrindo. Fazer uma novela em que a gente precisa conectar outros espaços com o Rio de Janeiro é sempre um desafio. Nós levamos cerca de 50 pessoas para o Maranhão. Conseguimos uma conexão de fotografia, arquitetura e espaços que ficou muito bacana. É um trabalho constante”, afirmou.
‘Travessia’ é criada e escrita por Gloria Perez, com direção artística de Mauro Mendonça Filho, direção de Walter Carvalho, Andre Barros, Mariana Richard e Caio Campos. A produção é de Claudio Dager e Tatiana Poggi; e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.