Em cenas previstas para irem ao ar nesta segunda-feira (23), Neném (Vladimir Brichta) volta, depois de anos, a ser titular do Mengão em jogo no Maracanã. Com direito a narração de Galvão Bueno, a partida marca o reencontro do craque com a sua torcida, jogando por terra todas as especulações de que sua carreira estava acabada. Após ser derrubado na área, a consagração do jogador mais querido da Tijuca vem com um gol de pênalti, para a alegria da Nação Rubro-Negra. Neném dedica o primeiro gol da sua volta ao Flamengo para toda a família e, claro, para seu santo de devoção, São Judas Tadeu.
O ator Vladimir Brichta fala um pouco sobre os bastidores das gravações no Maracanã, realizadas em uma partida entre Flamengo e Corinthians, em novembro de 2021, destaca a sua relação com o futebol e as expectativas para as campanhas deste ano do Bahia, seu time do coração, e da Seleção Brasileira na Copa do Mundo. Confira!
ENTREVISTA | VLADIMIR BRICHTA
Qual sua relação com o futebol? Dar vida ao Neném mudou de alguma forma a maneira como você lida com o esporte?
Sempre fui uma pessoa apaixonada por futebol, principalmente na infância e adolescência. Joguei muita bola durante a minha vida, jogava na rua. Era aquele fominha mesmo, de baba [pelada], como a gente fala na Bahia. Tanto que, na escola, lembro de sair correndo na hora do intervalo para chegar primeiro na quadra para ter tempo de jogar uma partida. Lembro que depois que terminavam as aulas, na época do horário de verão, por exemplo, era uma alegria, até hoje, a maior vantagem do horário de verão, para mim, é que terminava a escola, e eu estudando à tarde, ainda tinha um pouquinho de sol, então ainda dava para usar a quadra, ficar mais um tempo jogando bola. Realmente, sempre gostei muito de futebol e Copa do Mundo então… campeonato sempre acompanhei, mas Copa do Mundo sempre foi para mim um sonho, um desejo de assistir. Até que eu tive a oportunidade de ir na Copa da África e assisti alguns jogos do Brasil e de outras seleções.
A primeira vez que me recordo, eu assistindo futebol, torcendo e gostando, foi em 84-85, na novela ‘Vereda Tropical’. Tinha um personagem interpretado por Mário Gomes, que era o Luca, um jogador de futebol. Eu era muito fã da novela e do personagem também. Foi o meu primeiro ídolo de futebol, um jogador da ficção. Em relação à ‘Quanto Mais Vida, Melhor!’, percebi que eu não jogava futebol há muito tempo. Quando vim morar no Rio de Janeiro, eu mantinha com meus amigos um futebol duas vezes na semana, com amigos baianos que vieram para o Rio e com outros amigos cariocas. Teve um momento que eu parei, isso há uns dez anos, porque a coluna começou a doer e o futebol deixou de ser um esporte que eu praticasse e passou a ser um esporte que eu só assisto, torço e tudo. Mas o que eu percebi, o que mudou ao voltar a jogar futebol, fazer aulas e tudo mais, é como o tempo é cruel para o jogador de futebol, especialmente para quem não pratica com frequência (risos).
Tina e Neném são uma dupla e tanto no futebol. Você e Agnes batem uma bolinha de vez em quando ou praticam outro esporte juntos?
Não, Agnes e eu não jogamos futebol juntos. Quando ela foi selecionada, nós passamos a jogar um pouquinho, até dava a ela um treino de habilidade e condução de bola, ensinava o básico sobre como chutar, como matar no peito, correr, algumas noções básicas que eu tinha. Teve esse breve momento de batermos uma bolinha juntos, mas não temos esse hábito. Na verdade, eu não tenho esse hábito de praticar esporte com filho nenhum, e é uma coisa que eu sempre pratiquei muito, eu surfo desde muito novo, é um esporte que eu pratico ainda. Eu tentei fazer com que eles jogassem bola, surfassem, mas isso não aconteceu. Chegou uma época em que meus filhos faziam aula de tênis e eu cheguei a fazer aula também para poder jogar com eles, mas depois todos desistiram, inclusive eu. O bate bola que eu tive com a Agnes foi em cena e não nos gramados.
Nos próximos capítulos, Neném assina com o Flamengo e reestreia com a sonhada camisa 10 no Maracanã. Como foi gravar essas sequências tão importantes para o personagem?
Havia uma expectativa grande de que o Neném voltasse a jogar pelo Flamengo, isso é contado o tempo inteiro. Foi o time que o revelou e a história inteira é para que ele retorne ao time. Foi muito legal de fazer. Particularmente, gravar no Maracanã foi muito difícil porque, hoje em dia, as coisas estão muito mais rigorosas. Você não pode entrar em campo antes do jogo acontecer; não deu para ficarmos com o Maracanã ainda aceso depois do jogo de Flamengo e Corinthians, porque seria preciso manter a estrutura toda acesa e o público fica lá; há toda uma organização em questão até de segurança, da guarda municipal que precisa acompanhar o estádio ser esvaziado. Então foi difícil realizarmos isso. No entanto, o pouco que conseguimos gravar no Maracanã, que não foi em campo, mas na beira dele, antes do jogo, quando a torcida estava começando a chegar, e me reconheceram, reconheceram a novela, que ainda não tinha nem estreado, mas já tinha chamadas dela aparecendo, então começaram a gritar: ‘Neném! Neném!’. Chegamos a fazer uma cena em que eu estaria comemorando um gol, precisava correr e comemorar com o público, então pedimos às pessoas que estavam lá que gritassem como se fosse um gol, gritassem ‘Neném’, e eles entraram na onda, todo mundo participou. O carinho e entusiasmo do público com uma novela que ainda não tinha estreado foi a coisa mais bacana de ter gravado esse retorno ao Flamengo.
Você já disse que seu primeiro ídolo no futebol foi o Luca, personagem de Mário Gomes, em ‘Vereda Tropical’. Fora da ficção, você tem ídolos no futebol?
‘Vereda Tropical’ foi a novela que mais me deixou envolvido com futebol e o Luca foi, talvez, o meu primeiro ídolo. Mas depois disso eu tive muitos ídolos para os quais torci e admirei, como o Bobô, pelo Bahia, que é o time que eu torço, em 1988, Bobô, Charles, e alguns jogadores da Seleção Brasileira, como Zico, que sempre foi um grande ídolo e tem tantos outros. Vai desde Falcão, Sócrates, que eu vi jogando, vi Zico passando por aquela Seleção em 1982 e 1986, Ronaldo, Ronaldinho, eu acho absolutamente incríveis todos esses caras que eu vi jogando. Tenho grande admiração pelo futebol de alto nível.
Sabemos da sua relação com o Tricolor de Aço, o Bahia, e a gente quer saber se você costuma ir a estádios ou assiste aos jogos pela televisão. Qual a maneira do Vladimir torcer pelo time do coração? Alguma partida inesquecível?
Eu assisto futebol com alguma frequência, mas vou muito pouco a estádios. Não vejo futebol toda semana, mas sempre acompanho os resultados. Em 2018, quando eu fui gravar a novela ‘Segundo Sol’, que se passava na Bahia, eu fiquei um tempinho em Salvador e pude voltar à Fonte Nova, coisa que eu não fazia há muito tempo, e consegui ver um BAVI [Bahia x Vitória] lá, o Bahia inclusive ganhou. Era final do campeonato baiano. Mas não costumo ir a estádios, quando assisto, é pela televisão. Jogo inesquecível é difícil dizer um específico do Bahia, mas a campanha de 1988 foi quando eu consegui acompanhar pela TV vários jogos. Eu me lembro de ver o Bahia vencendo o São Paulo, que era o Bicho Papão, um time fortíssimo, e aquilo me impressionou, porque teve um gol do Zé Carlos, que fez um gol de falta ou talvez de fora da área, e lembro de estar vendo aquilo pela televisão e de ter me marcado: “uau, isso está acontecendo!” E depois a campanha inteira, no final acabou vencendo do Internacional, sendo campeão, foi inesquecível. E foi a época em que eu comecei a ir a estádios, comecei a assistir.
E como é a sua relação com os jogos da Seleção Brasileira? Depois de 20 anos do pentacampeonato, a Seleção vai disputar mais uma Copa. Você acha que temos chances?
Sempre me mobilizou mais a Copa do Mundo do que o Campeonato Brasileiro, por exemplo. Apesar de torcer pelo Bahia, a Seleção Brasileira sempre foi algo que me mobilizou bastante. Quando me entendi por gente, torcedor, o Brasil já era tricampeão, e eu me lembro de sempre acompanhar a Copa, não só a Seleção Brasileira, mas de querer ver todos os jogos, sem exceção. Sempre gostei até do que vai além do futebol, que é uma manifestação cultural, a representatividade de cada país, com sua cultura, a forma como as torcidas se manifestam, como comemoram um gol, sempre me interessou muito. E cheguei a realizar o sonho de ir à Copa de 2010, na África do Sul. Mas, ultimamente, eu não tenho acompanhado tanto os jogos da Seleção Brasileira, não tenho parado para ver. Houve uma época em que, se tivesse um amistoso da Seleção Brasileira, eu corria para casa desesperado para poder ver o jogo. Eu fui um jovem com esse ímpeto, mas com o passar do tempo, fui diminuindo um pouco. Hoje eu sou capaz de chegar a assistir à Copa do Mundo sem saber a escalação completa, todos os jogadores selecionados. Mas, pela campanha das eliminatórias que o Brasil vem fazendo, pelos resultados que temos conseguido, é possível que ganhe. Eu não acredito que o Brasil chegue como favorito pelo peso da camisa, mas pelos bons resultados que o Brasil tem tido, e seus jogadores, individualmente, em seus clubes têm tido. É uma safra muito talentosa, mesmo que não sejam os destaques dos seus clubes, fazem parte dos grandes. Talvez eles tenham conseguido fazer valer a coletividade, e isso tenha repercutido nos bons resultados das Eliminatórias. Eu acho que tem chance e vou torcer para ganhar, lógico.
‘Quanto Mais Vida, Melhor!’ é criada e escrita por Mauro Wilson, com direção artística de Allan Fiterman. Escrita com Marcelo Gonçalves, Mariana Torres e Rodrigo Salomão, direção geral de Pedro Brenelli e direção de Ana Paula Guimarães, Natalia Warth, Dayse Amaral Dias e Bernardo Sá. A produção é de Raphael Cavaco e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.