Bento (Pedro Guilherme Rodrigues/Matheus Dias), Letícia (Maria Luiza Galhano/Larissa Nunes) e Lorenzo (Vinicius Pieri/Guilherme Prates) são amigos de infância e foram criados juntos no lugar onde, anos mais tarde, se tornou a vila operária da fábrica de tecelagem, instalada em Campos dos Goytacazes. Filho de Abílio (Luciano Quirino), o jovem e inteligente Bento sonha em se tornar um grande escritor e, na segunda fase da história, a amizade que tem por Letícia, a agora professora da escolinha da vila operária, se transforma em amor. Mais tarde, os dois decidem ficar noivos, para a tristeza de Lorenzo, que desde criança é apaixonado por ela, mas nunca foi correspondido.
Ao saber que Bento e Letícia vão casar, o filho da italiana Giovanna Martinelli (Roberta Gualda) fica arrasado e decide então se alistar na Força Expedicionária Brasileira, para lutar na Segunda Guerra e tentar esquecer a amada. O que ele não imaginava é que Bento, tomado por gratidão pelo amigo que sempre foi um grande incentivador da sua carreira de escritor, também decide ir à guerra para protegê-lo. À Letícia, filha mais velha de Onofre (Guilherme Silva) e Felicidade (Carla Cristina Cardoso), resta a aflição ao ver partir seu grande amor e seu melhor amigo.
A atriz Larissa Nunes, que dá vida à Letícia, e os atores Matheus Dias e Guilherme Prates, intérpretes, respectivamente, de Bento e Lorenzo, contam em entrevista os desafios na construção de seus personagens e mais detalhes sobre a trama. Confira!
ENTREVISTA LARISSA NUNES
Como você define a Letícia?
A Letícia é inteligente, justa e não deixa de ser uma garota simples e apaixonada. Desde cedo, o público acompanha a história de uma jovem que se encanta pela educação e faz disso um ofício, tendo essa afinidade com o sonho do namorado Bento, que deseja ser escritor. Letícia não abre mão de viver seu sonho, e vai reconhecer, posteriormente, que precisa vencer preconceitos e que também merece amar e se sentir amada. Ela é uma personagem que tem a leveza na medida e a determinação de uma garota que vive a realidade brasileira dos anos 40.
Em quem se inspirou para fazê-la?
Em todas as mulheres e meninas pretas que conheci. Relembrei com atenção das minhas avós, uma nascida nos anos 30 e a outra nos anos 20, que chegou a trabalhar como redatora de um jornal regional em Vitória da Conquista, na Bahia, trazendo as histórias de romance vividas por elas, cheias de muitas idas e vindas. Também fui até as professoras e o ensino do magistrado nos anos 40 e 50, pra contextualizar mais a minha personagem no seu tempo. Porém, como nossa novela tem muito encanto, fui até as grandes estrelas negras do cinema norte-americano como Eartha Kitt, Dorothy Dandridge; e a doçura de Judy Garland em “O Mágico de Oz”. Essa combinação diversa me alimentou muito no processo de construção de Letícia.
Qual a importância de interpretar uma professora nesse momento tão desafiador que estamos vivendo?
A educação é o grande portal de descobertas e reviravoltas na nossa sociedade. Em um ano tão importante como 2022, fazer uma professora que pode viver o próprio sonho de ensinar e não apenas se tornar aquilo que determinam pra ela é um sinal de que as coisas na dramaturgia e na vida real estão em transformação. Criamos novas brechas para fazermos a diferença no coletivo. Professores têm um papel essencial na sociedade e, mesmo reconhecendo suas origens, Letícia sabe que é através da educação que tem chances reais de transformar o mundo.
Qual a sua expectativa para este trabalho?
Estou muito animada com a minha primeira novela. Recém-chegada no Rio de Janeiro e saindo de trabalhos mais curtos no audiovisual, fui muito bem recebida pelos meus colegas de elenco, desde a preparação, além da nossa novela ser muito envolvente. Todos os personagens nos encantam, são irreverentes, interessantes e bem escritos. Espero que a história da Letícia seja relevante e mobilize mais pessoas a acreditarem no amor, mesmo com as dificuldades da vida. E que não haja mais barreiras para sentir uma realização no amor e no trabalho.
Comente sobre a relação de Letícia, Bento e Lorenzo.
Leticia, Bento e Lorenzo são amigos de infância. Conviveram desde sempre no engenho e viram aquele lugar se transformar no que hoje é uma vila operária. Esses amigos cresceram juntos descobrindo novos sentimentos, como a paixão. Bento despertou em Letícia e ela por sua vez despertou algo em Lorenzo que ele não consegue revelar. Quando se tornam adultos, tudo fica mais maduro e esse amor começa a levar esses personagens a tomarem duras decisões. Lorenzo vai para a Segunda Guerra Mundial, num ato radical pra tentar esquecer esse amor e Bento sente a necessidade de proteger o amigo, mesmo sem saber o que o amigo sente. Letícia, apaixonada por Bento, também nutre a intensa amizade pelos dois rapazes e o instinto de tê-los por perto. A relação dos três é de intimidade e proteção. Por isso, a história pode trazer algumas reviravoltas.
ENTREVISTA COM MATHEUS DIAS
Como você define seu personagem?
O Bento é um rapaz muito apaixonado, amoroso, sonhador, sensível e isso diz muito sobre o que ele escolheu pra ter como sonho, que é ser um grande escritor. A lealdade e o respeito são suas maiores virtudes, mas por acreditar muito nas pessoas e querer fazer muito pelos outros, isso pode atrapalhar. Bento é muito grato e parece que se alguém faz algo por ele, na sua cabeça, ele tem que retribuir. O amor que ele sente pelas pessoas é tão grande, que ele esquece de si.
Em quem se inspirou para fazê-lo?
Tive muitas referências ao longo do processo, pesquisei em muitos filmes e personalidades reais. Personagens do Denzel Washington; o Zé Navalha, interpretado por Lázaro Ramos em ‘Lado a Lado’; Stephan James, do filme ‘Se a Rua Beale Falasse’; Machado de Assis e Muhammad Ali são algumas referências.
Pesquisou sobre a guerra para fazer o personagem?
Um dos momentos mais divertidos foi pesquisar as referências da guerra. Foi um trabalho de pesquisa muito interessante, porque quando soube que o personagem iria pra guerra, fiquei encantado, pois é um assunto que sempre me interessou, desde novo. Achei vídeos, filmes e muitos registros em áudios dos Pracinhas em documentários. A Larissa Nunes me apresentou um aplicativo de fotos e encontrei registros incríveis da época e passei a colecionar essas fotos. Fazia uma série de postagens com essas fotos toda semana nas minhas redes, pra criar um álbum e ter esse universo de referências registrado, e ninguém entendia nada porque não podia contar ainda sobre a novela. Eu e Larissa também trocávamos cartas e áudios com poesias, quando ela ainda estava em São Paulo e eu no Rio, como se fôssemos os personagens já nessa distância da guerra. Foi lindo!
Qual a sua expectativa para este trabalho?
Minha expectativa é que as pessoas se reconheçam no Bento e Letícia, principalmente, os jovens pretos. Durante muito tempo a gente quer conquistar esse espaço, de mostrar nossos personagens em outros lugares e nós dois representamos a esperança do futuro. Somos um escritor e uma professora, dois jovens pretos que se amam de verdade e se valorizam. Além da história deles ser muito marcante, é encantador.
Comente sobre a relação de Bento, Letícia e Lorenzo.
Bento, Lorenzo e Letícia cresceram juntos. E nessa amizade eles acabaram se tornando uma família, eles se completavam nas suas necessidades. Bento e Letícia se prometeram ainda muito novos e Lorenzo alimenta um amor por ela também, mas sempre foi algo velado. E essa relação é muito complexa, porque o Lorenzo ama a Letícia e ama muito o Bento. Ele ajuda o Bento a conquistar o sonho dele, mas quando percebe que não vai conseguir ter esse amor, toma uma atitude radical e decide se alistar. Só que ele não esperava que o Bento fosse junto e ele mente dizendo que foi convocado.
ENTREVISTA COM GUILHERME PRATES
Como você define seu personagem?
É difícil definir uma personagem porque elas são muito complexas e contraditórias, mas acho que muito do que a gente é vem da nossa infância. Então, o Lorenzo teve uma infância sem pai, ajudando sua mãe no trabalho e isso fez com que os dois tivessem uma relação muito forte. Por outro lado, ela o privou de viver outras relações, como as que ele poderia ter na escola, por exemplo. E acho que é disso que ele sente falta, sem falar da descoberta do grande amor, que também foi totalmente privada pela relação que já existia entre o Bento e a Letícia. Acredito que, no fundo, é tudo isso misturado que faz ele querer sair dali e ir pra guerra encontrar algum sentido para o que ele está vivendo.
Em quem se inspirou para fazê-lo?
Não tenho uma inspiração específica. Tenho uma playlist que me traz sensações que eu acho que constroem esse universo que ele habita… Por exemplo: as canções ‘Disparada’, ‘Romaria’, ‘Bolero de Isabel’, ‘Dança da Solidão’, ‘Lamento Sertanejo’ e ‘Bicho de Sete Cabeças’ estão nessa lista. Por que? Eu não sei.
Pesquisou sobre a guerra para fazer o personagem?
Pesquisei! A minha história está diretamente ligada com a guerra porque minha bisavó e meu bisavô vieram fugidos da Áustria. Eu só conheci minha bisavó e nós tivemos parentes, incluindo os pais deles, mortos em campos de concentração. Além disso, sempre amei história, então a Segunda Guerra Mundial já era um objeto de estudo antigo. Para as cenas de guerra, vi inúmeros filmes que retratam esses conflitos, como o ‘Resgate do Soldado Ryan’, ‘Dunkirk’ e ‘Batalha Esquecida’.
Qual a sua expectativa para este trabalho?
Eu procuro não criar muitas… Espero que gostem (risos).
Comente sobre a relação de Lorenzo, Letícia e Bento.
Eles cresceram juntos. Os três são melhores amigos, sinto que a relação com a Letícia é um pouco mais distante. Na primeira fase, eles eram mais próximos, mas depois que a Letícia e o Bento começam a namorar, na segunda fase, eles têm menos momentos juntos, não por um enfraquecimento dessa amizade, mas porque é difícil esconder os sentimentos. Já com o Bento, parece que a relação se torna mais forte, porque eles são muito próximos e, talvez, essa seja até uma forma do Lorenzo não se afastar completamente da Letícia e também de tentar dizer pra si próprio que está tudo bem, desejando o máximo de felicidade para eles e sendo o melhor amigo que ele pode ser.
Além da Ilusão’ é criada e escrita por Alessandra Poggi, com direção artística de Luiz Henrique Rios. A obra é escrita com Adriana Chevalier, Letícia Mey, Flávio Marinho e Rita Lemgruber. A direção geral de Luís Felipe Sá e direção de Tande Bressane, Jeferson De e Joana Clark. A produção é de Mauricio Quaresma e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.