Não se sabe ao certo por quanto tempo Ana (Fernanda Vasconcellos) ficará em coma, nem mesmo se a tenista acordará um dia. Em meio a isso, sua irmã, Manuela (Marjorie Estiano), decide escrever todos os dias em um blog o que acontece com Júlia, sua sobrinha, para que um dia Ana possa ler e saber do desenvolvimento da filha. O bebê agora vive sob os cuidados da tia e de Rodrigo (Rafael Cardoso), que tem se mostrado um pai envolvido e presente.
Após ser expulsa de casa pela mãe, Eva (Ana Beatriz Cardoso), Manuela vai morar com a avó Iná (Nicette Bruno), em Gramado, e decide abrir um negócio junto com Maria (Neuza Borges) – antiga empregada da casa de Jonas (Paulo Betti). Elas contavam com Laudelino (Stênio Garcia) como investidor financeiro do negócio. No entanto, o namorado de Iná não topa investir no buffet. Desapontada, Iná rompe o relacionamento, mas Laudelino tentará, a todo custo, reconquistar a amada.
Na conversa abaixo, a atriz Marjorie Estiano conta sobre a convivência e atuação com Nicette Bruno. “Nicette não tinha nenhum tipo de aprisionamento. Dentro do convívio que tivemos, não teve um único momento de incômodo, constrangimento, conflito de gerações, nada. Ela era uma pessoa e uma atriz extremamente acolhedora. Ela foi simplesmente maravilhosa, um bálsamo”, descreve a atriz.
‘A Vida da Gente’ é escrita por Lícia Manzo, com direção de núcleo e geral de Jayme Monjardim, e direção geral de Fabrício Mamberti. A novela é exibida depois de ‘Malhação Sonhos’.
Entrevista com Marjorie Estiano
O que você mudaria na Manu se a interpretasse hoje?
A relação familiar é atemporal, essa origem dos conflitos atravessa o tempo. A célula familiar é extremamente complexa e intensa. Mães, pais, filhos, irmão mais velho, mais novo, do meio, meio irmão, irmão de criação, filho adotivo. Inevitavelmente, faria diferente porque sou diferente hoje. E mesmo que eu tentasse fazer igual, não seria.
Como foi contracenar com a Nicette Bruno? Quais memórias você guarda?
As melhores lembranças. Não tenho nenhum rastro de qualquer sensação que não seja de admiração, de leveza, beleza… Somos humanos e estamos em transição sempre. Em qualquer etapa da vida passamos por fases. Teremos sempre dias ruins e/ou dificuldades nessa adaptação ao novo momento de vida e ao novo momento do mundo. Felizmente muita coisa está mudando e a Nicette tinha uma compreensão do mundo, das relações, do exercício do trabalho… Não tinha nenhum tipo de aprisionamento. Dentro do convívio que tivemos, não teve um único momento de incômodo, constrangimento, conflito de gerações, nada. Ela era uma pessoa e uma atriz extremamente acolhedora. Ela foi simplesmente maravilhosa, era um bálsamo.
Você vê semelhanças entre a Iná e a Nicette?
Não diria que Iná e Nicette são a mesma pessoa, acho que tinham muita coisa em comum: perspicácia, inteligência emocional, entre outras características. Mas a Nicette tinha uma personalidade talvez mais gaiata, divertida, uma vitalidade invejável e um interesse por absolutamente tudo. Era uma pessoa interessada, inteira. Nicette era um espetáculo que eu tive o privilégio de assistir durante um ano da minha vida e que reverbera e me transforma até hoje.
A novela foi muito aclamada pelo público e mostrou com detalhes as relações humanas e familiares. Quais reflexões você acha que a trama pode provocar no público?
‘A Vida da Gente’ chega com muito afeto, muita humanidade e delicadeza em um momento muito árido. Trazendo diálogos bons de serem testemunhados, instigantes. Os personagens da novela fazem suas escolhas em nome do amor. Não conseguiria antecipar as reflexões do público ao reencontrar esses conflitos e personagens, mas, com certeza, a delicadeza vai vir em boa hora. Estamos todos com a alma muito dolorida, dor de um impacto muito forte, o corpo está sensível… então, antes de qualquer coisa, vejo essa novela como uma forma de acolhimento, nos relembrando como o afeto deixa a vida mais bonita.