Um cara que já errou muito na vida, mas que no fundo tem um bom coração. Na verdade, o Duque tem um coração tão bacana que é impossível não passar cada capítulo de Flor do Caribe torcendo por ele. E olha que o personagem foi apresentado ao público em uma prisão – a mesma que Cassiano (Henri Castelli) foi levado após cair em uma armadilha. O ator Jean Pierre Noher confessa que o Duque foi um dos seus papéis mais importantes na teledramaturgia brasileira:
“O Duque foi um personagem maravilhoso, carismático, universal… Não tem uma nacionalidade, tem muitas. Ele é um estelionatário, mas é um cara com bons sentimentos. A novela mostra diferentes faces dele: a lealdade com Cassiano, sua fidelidade, sua energia… É um personagem que amo. E é maravilhoso vê-lo de volta nas telas.”
A dobradinha na tela com Henri Castelli deu tão certo que Jean brincou ao afirmar que ele era mais par de Cassiano do que a própria Grazi Massafera, que viveu a mocinha Ester. E não é para menos! Depois que foi parar no Caribe, por causa de uma armação de Alberto (Igor Rickli), Cassiano virou companhia inseparável de Duque. E essa parceria continua até mesmo nas árduas tentativas de fuga da prisão de Dom Rafael (Cesar Troncoso).
Nos próximos capítulos da novela, a dupla terá sucesso e conseguirá escapar do cárcere. Mas, para sair do encalço do criminoso, eles terão que passar por grandes aventuras, inclusive, viajar na parte de cima de um ônibus em movimento. Jean Pierre cita a cena como uma das mais difíceis de fazer e lembra que recebeu muita ajuda de Henri Castelli:
“As cenas mais difíceis foram na Guatemala. Lembro de uma que tivemos que subir em um ônibus durante a fuga na prisão. Mas tive meu super-herói Henri Castelli, que me ajudou muito. O ônibus corria e foi bem difícil. Foi incrível e inesquecível.”
Jean conta que, os vários dias de gravação na Guatemala, ao lado do elenco e da produção, ficarão para sempre marcados no seu coração: “Foi quase um mês gravando nesse lugar único, incrível, com vulcões… Guatemala é um país muito pobre, então, foi uma experiência humana muito importante para os atores e para a equipe.”
Além da parceria com Henri Castelli, Jean Pierre também ressalta a sintonia desenvolvida com Jayme Monjardim, diretor artístico da trama. O ator elogia o trabalho de Jayme durante o set e cita algumas semelhanças descobertas entre eles durante a convivência:
“É algo muito especial: temos a mesma idade, nascemos no mesmo mês de maio… Então, existe algo particular. Não somos só da mesma geração, somos quase irmãos de nascimento. E foi sempre um irmão que respeito e admiro muito. Ele capricha muito, é muito detalhista. No set é muito tranquilo. É incrível trabalhar com o Jayme. Trabalharia sempre com ele.”
O ator franco-argentino comemora o sucesso alcançado no Brasil e lembra que o “passaporte” para o nosso país começou com a visibilidade de um filme que foi parar no Festival de Gramado, um dos festivais de cinema mais importantes do mundo. No evento, Jean foi reconhecido com uma menção especial pela interpretação do escritor Jorge Luís Borges no longa-metragem “Um Amor de Borges”.
“Tive muita sorte, não é normal um ator estrangeiro trabalhando tanto no Brasil. Tudo começou no ano 2000 fazendo cinema, com “Um Amor de Borges” – filme que fez muito sucesso no mundo, e também no Festival de Gramado. Depois, fiz muito cinema brasileiro. E eu já me sinto parte dos atores que trabalham no Brasil e parte da família de artistas brasileiros. Sinto-me muito honrado porque sempre me fazem sentir muito bem, como se eu fosse um brasileiro. E eu amo isso e agradeço.”
Foi durante “Redentor”, em 2004, seu primeiro longa no Brasil, que Jean conheceu uma das colegas de elenco, que é também uma das atrizes mais aclamadas do país: Fernanda Montenegro. A atriz gostou tanto do trabalho de Jean que acabou indicando o nome do ator para um papel no filme “Diários de Motocicleta”, dirigido por Walter Salles. Jean Pierre fala com carinho da veterana e deixa claro a gratidão que sente pela amiga brasileira:
“Uma das primeiras atrizes que conheci foi a Fernanda Montenegro. Imagina! E de “Redentor” em diante, trabalhei com Wagner Moura, Rodrigo Santoro, Patricia Pillar, Cassia Kis, Selton Melo, Marcos Palmeira, João Miguel, Babu Santana, Lilia Cabral, enfim… Fico muito honrado estando perto desses nomes em um set. Muitos deles ficaram amigos para sempre, como a Fernandona e toda a sua família. Fico muito agradecido e ganhei uma amiga para sempre.”
O ator, que já tinha no currículo mais de trinta trabalhos na TV e vinte atuações no cinema, viu sua carreira se popularizar no Brasil ao receber o convite para dar vida ao inesquecível Pepe Molinos, na novela A Favorita, de 2008. O trabalho em uma obra de João Emanuel Carneiro deu tão certo que, posteriormente, Jean integrou o elenco de outra novela do autor. Dessa vez, no fenômeno “Avenida Brasil”, como o pai da Nina (Débora Falabella).
“Gostaria de entrar novamente no imaginário do João Emanuel Carneiro. Tive a sorte de trabalhar em ‘A Favorita’ e em ‘Avenida Brasil’. Então, gostaria de ter a terceira oportunidade de trabalhar com ele”, confessa Jean.
Antes de mostrar seu talento em terras brasileiras, Jean Pierre Noher trabalhou como ator em muitos países da América Latina e também nos Estados Unidos. Mas ele afirma que a relação do público brasileiro com a arte na TV é bem especial – além de motivadora:
“Eu acho que essa relação que o povo brasileiro tem com a teledramaturgia e com a ficção é bem especial. É única. E não acontece a mesma coisa em outros países. Acho muito particular a atenção que o público do Brasil dá às novelas. Acho muito bom, especialmente para nós atores. Aqui na Argentina também tem ficção, mas não tem a transcendência que tem no Brasil.”
Quarentena e projetos a mil
Enquanto aguarda o lançamento da série “Filhas de Eva”, Jean conta que também tem outros projetos em vista, mas que estão paralisados por causa da pandemia:
“Atualmente, estou esperando a estreia de Filhas da Eva na Globo, com Renata Sorrah, Giovanna Antonelli, Vanessa Giácomo… Um elenco incrível. Também estou esperando a estreia de uma série que fala sobre a vida do Maradona, onde faço o agente do jogador. E tenho pela frente filmes, como um na Bolívia com coprodução com a França. Tem também um filme muito lindo e independente no sul do Brasil, em Novo Hamburgo. Projetos eu tenho, vamos ver quando podemos firmar. Quando a pandemia vai nos permitir começar a trabalhar de novo.”
Passando a quarentena em Buenos Aires, Jean afirma que está se cuidando bastante e que procura manter a cabeça imersa nos projetos. E nas “muitas horas vagas”, como o próprio ator diz, Jean afirma que faz “o que todo mundo gosta de fazer”:
“Muita leitura, muita música, muita ficção, muitas séries. Gosto muito de futebol, esportes… Tudo isso.”