O primeiro capítulo da edição especial de Flor do Caribe começou cheio de emoção. Samuel (Juca de Oliveira), pai de Ester (Grazi Massafera), revela que tem um trauma causado por um acontecimento trágico: durante sua infância, ele viu os seus pais sendo levados pelos nazistas até o campo de concentração. Sozinho, ele presenciou os terrores da guerra até conseguir uma segunda chance em terras brasileiras.
Mas, mesmo nas belezas de Vila dos Ventos, o seu passado volta e meia começa a lhe assombrar. Quando Cassiano (Henri Castelli) e outros pilotos sobrevoam a cidade com seus caças, Samuel acredita que está acontecendo uma invasão nazista. Por isso, desesperado, ele corre pelas praias da região até chegar à sua casa. Como será que foram gravadas essas cenas que parecem uma superprodução de cinema? Assista ao vídeo para conferir!
Juca de Oliveira, que deu vida ao personagem, relata os desafios de interpretar Samuel e analisa o caminho de superação do judeu:
“Não existe personagem fácil. Todos são complicados. E o Samuel, judeu holandês, era complicadíssimo, pois aos cinco anos ele assiste ao encarceramento dos seus pais para fora dos crematórios nazistas, onde eles foram mortos. Imaginem o trauma desse menino! Um trauma que ele carrega durante todo o tempo, ele não consegue jamais se livrar desse terror. Ele consegue, de uma certa maneira, fugir para o Brasil, chega para esse país maravilhoso, com as dunas ensolaradas e as praias, bem distante daquele trauma que ele viveu. E aqui ele encontra a Lindaura, seu grande amor, tem a sua filha, a Ester. E a vida fica maravilhosa.”
Para dar veracidade ao drama de Samuel, o ator veterano conta que mergulhou de cabeça no universo de pessoas que tiveram experiências similares:
“A construção desse personagem foi difícil. Eu passei a consultar judeus regressos do nazismo e que vieram para o Brasil. Me consultei também com psiquiatras.”
A volta de Flor do Caribe
Juca de Oliveira elogia a reexibição da trama na telinha. Para ele, o público vai poder aproveitar a história solar e otimista durante esse período de pandemia. E falando em quarentena, ele garante que vai acompanhar a trajetória de Samuel de casa, mas confessa que não vai conseguir fugir de um olhar crítico:
“Rever um personagem é engraçado, porque é maravilhoso ver seus colegas novamente, parece que a gente se apaixona novamente por eles. Mas quando chega em você… a gente pensa: ‘Opa! Por que você não fez de outra maneira?’. Você se critica muito. Rever é muito bom e também pra você se criticar, melhorar e aprender.”
Elenco entrosado
Ao falar da edição especial, o ator elogiou o clima com os atores que faziam parte do elenco e confessa que vai aproveitar para matar um pouco a saudade:
“Nós atores somos uma espécie de quadrilha: ficamos permanentemente juntos, estamos sempre nos comunicando, jantando, tomando nosso drink… Então, ter a oportunidade de assistir novamente, é uma espécie de reencontro com essas pessoas maravilhosas. A gente se ama. Rever uma novela é extremamente extraordinário.”
Na trama, Samuel é marido de Lindaura (Angela Vieira), uma mulher companheira, guerreira e compreensiva. Mesmo com tanta sintonia com a atriz em cena, ele revela uma curiosidade: foi a última vez que trabalhou com Angela, por quem nutre um grande carinho:
“Na novela, a Lindaura foi a Angela Vieira e não fiz mais nada com ela. Mas tenho uma enorme saudade dela, pois tivemos um contato maravilhoso na gravação. Ela se tornou minha amiga para sempre. É como se não tivesse passado o tempo dessa separação. É algo muito real entre nós.”