Letícia (Tânia Khalill) é mãe e filha amorosa, que ficou viúva muito jovem. Por conta dessa grande perda, ela resistiu muito a se entregar a um novo relacionamento. Mas, graças ao empurrãozinho de Carolina (Bianca Salgueiro) e dos amigos da adolescente, Letícia se apaixonou por Juan Guilherme (Carlos Casagrande).
O romance seguiu em frente e os dois decidiram se casar, até um empecilho aparecer na vida de ambos. Chiara (Helena Ranaldi), ex de Juan e mãe de Fábio (Guilherme Leicam), chegou do exterior deixando Letícia mais insegura do que nunca.
Com uma doença terminal, que Vilma (Arlete Salles) e Juan duvidam ser verdade, Chiara contou histórias para Letícia que a deixaram muito encafifada. Aconselhado pela futura sogra, Juan marca um médico brasileiro para Chiara, com o intuito de saber se a doença é mesmo real.
‘Fina Estampa’ é uma obra de Aguinaldo Silva, com direção geral e de núcleo de Wolf Maya e direção de Ary Coslov, Claudio Boeckel, Marcelo Travesso, Marco Rodrigo e Marcus Figueiredo.
ENTREVISTA COM TÂNIA KHALILL
Qual foi a importância de Fina Estampa em sua carreira?
Uma importância enorme. Acho que como atriz, principalmente, fazer um processo e um projeto longo como são as novelas, o amadurecimento emocional e profissional é gigante! Além do pessoal, porque é a trajetória de um ano da vida. Então, eu agradeço muito Fina Estampa pela oportunidade de trabalhar com pessoas que me deram a primeira chance como o Wolf Maya e o Aguinaldo Silva, além de ter o privilégio de contracenar com Arlete Salles. Ser filha dela na ficção é um privilégio para qualquer atriz. Também aprendi muito fazendo uma personagem que tinha uma filha adolescente. Agora, quase 10 anos depois, eu estou vivendo essa situação. A Letícia tinha várias questões afetivas a superar para poder encontrar o amor. Lembro que, na época, muitas pessoas me falavam sobre isso, pediam para eu abrir o coração e deixar a Letícia ser feliz. Eu acho que essa é uma mensagem que a gente sempre gostaria de passar para os outros, de uma segunda chance, de esperança, de que sempre existe a possibilidade de um mundo melhor, de um amor. Eu tenho muito carinho por essa personagem.
Você está acompanhando a novela? É muito autocrítica?
Eu estou acompanhando pelo Globoplay, pois estou morando nos EUA. E, sim, sou muito autocrítica, quando a gente vê um trabalho quase 10 anos depois, percebe o que poderia refazer. Mas eu tenho muito orgulho do que eu fiz naquele momento. Tem coisas que eu adoro, coisas que talvez eu refizesse, mas isso é coisa do ator ou de qualquer profissional que está em crescimento. E acho que a atuação, mais do que nunca, anda com o nosso amadurecimento como pessoa, que ajuda na compreensão das questões que o personagem está vivendo, no ponto de vista, na lente que a gente coloca para olhar a emoção e na realidade do personagem.
Como está a repercussão para você? Tem recebido muitas mensagens do público?
Eu recebo tanta mensagem nas redes sociais… Nas ruas, as pessoas me pedem para voltar a fazer novela, estão adorando a Letícia, esse amor que por parte dela é muito sincero e verdadeiro. Eu fico feliz de anos depois receber tanto carinho do público, talvez até mais agora do que na época. Ou mesmo porque agora é uma situação tão inusitada, e as pessoas gostam de reviver e relembram o que estavam fazendo há 10 anos.
Como você definiria a Letícia e como se preparou para viver a personagem?
Eu acho que sempre o meu preparo parte de mim e o que eu não possuo da personagem eu vou pesquisar. A Letícia é uma mulher que teve uma perda amorosa muito grande e, por isso, tem muita dificuldade de se abrir para um novo amor. Essa realidade, claro, eu não vivi na minha vida, mas a gente entende a dor do amor e o desejo de ser amada. A preparação em uma novela acontece durante o trajeto dela, pois a história muda a cada dia. A Letícia mudou até de corte de cabelo no meio da trama para representar essa virada da personagem, esse desejo de encarar uma nova vida. Há, claro, um preparo prévio e depois a gente vai se adaptando conforme os textos vão chegando.
O que lembra com mais carinho das gravações?
Tenho um carinho muito grande pelo núcleo que eu contracenava, Lilia Cabral, Dira Paes, Arlete Salles, Bianca Salgueiro, Carlos Casagrande. Criamos, nesse pequeno núcleo que a personagem vivia, uma família querida onde havia muito apoio, muito amor. A minha filha Laura era bebê quando eu comecei a gravar, eu amamentava ainda. É uma novela que marcou muito a minha vida pessoal também, por eu ter uma filha muito pequenininha. Quando aceitei o projeto eu ainda estava grávida, o que mostra o tamanho da paixão que eu tenho pelo o que eu faço. Eu morava em São Paulo e com a novela eu mudei com toda minha família para o Rio.
Gostaria de rever alguma cena da trama?
Todas as pessoas me pedem muito a cena do casamento, porque eu acho que era algo que parecia que nunca ia chegar. A Letícia fica muito sentida com a chegada da ex-mulher do Juan Guilherme.
Sente falta de atuar em novelas no Brasil? Sua última novela foi Joia Rara, certo?
Eu amo fazer novela, eu amo o Brasil! A minha última novela foi Joia Rara, depois que ela acabou eu fiz algumas séries e três peças seguidas. Além de ter focado no Grandes Pequeninos, que é um projeto infantil que eu tenho com o meu marido, Jair Oliveira. É um projeto premiado e que apresentamos pelo país inteiro durante dois anos. Também já nos apresentamos aqui nos Estados Unidos algumas vezes.
Nesse momento da trama, o relacionamento de Letícia e Juan Guilherme está abalado com a chegada de Chiara. Ela estava em um momento de realizações e passa a viver uma fase de difícil convivência com a ex do noivo. Como foi trabalhar esse sentimento de incerteza da personagem?
A incerteza é uma qualidade da vida. Se a gente tivesse certeza do amanhã claro que teria menos angústia. Mas a certeza tornaria a vida tão chata… O amor pode até ser eterno, mas o relacionamento não. Então, eu acho que a certeza ela é maravilhosa no conforto, mas ela também mantém a gente numa mesmice… A incerteza causa angustia, mas causa vida. Acho que a Letícia, por ter vivido muita dor, ela não quer mais ter essa incerteza, ela não quer perder o objeto amado porque ela ficou viúva muito jovem. Então, ela sofre com essa incerteza, sofre muito. Ela tem medo da solidão que ela já viveu e ela não quer mais, por isso que ela se fechou tanto para o amor.
Como está a vida fora do país?
A vida em NY é um redescobrir todos os dias, fazendo mil funções que eu nunca fiz, reiniciando uma carreira no exterior. O meu trabalho tem sido muito bem visto.
Tem algum projeto futuro que queira mencionar?
Meu projeto no futuro é continuar a minha pesquisa interna para me tornar melhor, fazer muito cinema e televisão aqui fora e no Brasil. E, principalmente, seguir com nosso projeto Grandes Pequeninos, que toca tantas famílias, tantas crianças e tem tanto propósito no seu alcance artístico, que é de iluminar, espalhar o amor através da música. A intenção é tocar as crianças e seus pais, nos lembrar que somos todos pequeninos, que dentro de nós existe uma leveza, uma vontade de brincar, de compartilhar, de não julgar, e aceitar o próximo.
Como está lidando com esse período de isolamento social?
O isolamento social é desafiador, mas eu estou tendo muitos ganhos internos. A meditação está sendo cada dia mais potencializada, minha relação com minhas filhas também. Mas, claro, tenho momentos de altos e baixos. Mas todo dia eu acordo e me proponho a ter esperança.