Se engana quem pensa que ‘Malhação: Viva a Diferença’ conta somente com histórias de amor envolvendo os adolescentes. Assim como os famosos #keyto, #tinderson, #gune, #jotellen e #felica, casais adultos fizeram sucesso, divertiram e emocionaram o público.
Além dos orientadores das escolas Cora Coralina e Grupo, Dóris (Ana Flavia Cavalcanti) e Bóris (Mouhamed Harfouch), que são casados na trama escrita por Cao Hamburger, o casal Josefina (Aline Fanju) e Roney (Lúcio Mauro Filho) também deram o que falar e tiveram sua própria hashtag: #joney.
Ela é prática, racional e vive andando com um cinto de utilidades para ter as ferramentas à mão. Ele é sensível, sonhador e já foi um dos maiores cantores românticos do país.
Apesar do amor não ter sido à primeira vista, a admiração vai crescendo com a convivência e eles não conseguem mais evitar o sentimento. Em breve, o casal estará disposto a enfrentar as diferenças de personalidade para ficarem juntos. Inclusive serão capazes de mostrar que podem até abrir mão de alguns antigos hábitos para surpreender o outro.
Aline Fanju, que faz a Josefina, diz que os dois vão se entregando aos poucos e são adoráveis. “Roney e Josefina são dois solitários focados na vida prática e na criação dos filhos. A vida não foi fácil para eles, que passaram por traumas enormes que os deixaram defendidos e céticos. Inexperientes no ramo do amor, eles se comportam como dois adolescentes, como duas crianças em negação quando começam a se apaixonar um pelo outro. Eles são adoráveis”, diz a atriz.
‘Malhação: Viva a Diferença’ tem autoria de Cao Hamburger e direção artística de Paulo Silvestrini e vai ao ar logo após o ‘Vale a Pena Ver de Novo’.
Entrevista com Lúcio Mauro Filho:
Fale um pouco de Malhação – Viva a Diferença e de como foi esse trabalho pra você.
‘Malhação: Viva a diferença’ foi um divisor de águas na minha carreira. Eu estava trabalhando há 16 anos na linha de shows, fazendo comedia. Fui apresentado ao grande público no ‘Zorra’, depois em ‘A Grande Família’, ‘Sexo Frágil’ e ‘Chapa Quente’. E nesse período ficava sempre a vontade e o gostinho de fazer esse tipo de dramaturgia. Meus parceiros de trabalho da Globo sempre esperando o Lucinho ficar liberado e a gente nunca imaginava que um programa iria ficar 14 anos no ar como foi o caso de ‘A Grande Família’. ‘Malhação’ veio de um convite lindo do diretor Paulo Silvestrini e do autor Cao Hamburger, o que já me deixou muito envaidecido porque são dois profissionais que eu admiro e respeito muito. E fora fazer um personagem tão legal como Roney. Assim que eles me contaram sobre ele já me apaixonei. Como ator, posso dizer que aprendi muito fazendo ‘Malhação’, porque é preciso encontrar o tom para esse tipo de dramaturgia.
Tem algum momento que te marcou mais, alguma cena que você queira mais rever?
‘Malhação’ tem cenas muito icônicas. O dia do show do Roney na festa junina, quando acontece um monte de coisa ao mesmo tempo. A chegada do pai misterioso do neto dele, ele cantando pela primeira vez depois de tanto tempo e morrendo de medo disso. A apresentação de Guto (Bruno Gadiol) e Benê (Daphne Bozaski) também, o discurso lindo da Dóris (Ana Flavia Cavalcanti)… são cenas que eu quero muito rever.
Ao final da temporada, qual era seu sentimento? Como você acha que o Roney impactou sua vida, que legado esse trabalho deixou para você?
Era um sentimento muito louco. E minha filha nasceu na semana final de gravações. Estava previsto uma semana depois de terminar, mas ela veio um pouquinho antes. A produção estava preparada para isso e, claro, eu também, então felizmente pude estar com a minha mulher no parto. ‘Malhação’ fala de maternidade, paternidade, e eu fazendo papel de pai e de avô, enquanto na vida real eu tenho uma filha, já com 45 anos me torno pai de novo. O Roney impactou muito na minha vida e ele também me deixou preparado para fazer novelas, um tipo de gênero que eu não estava acostumado a fazer. O sucesso do Mario de ‘Bom Sucesso’ eu credito boa parte a essa experiência que eu tive com o Roney.
Nas redes sociais, o público tem acompanhado a novela com você?
As redes sociais também marcaram uma virada na minha vida. Porque eu nunca fui muito de redes sociais, tenho minhas restrições porque acho que ela pode ser tóxica muitas vezes quando existe alguma “treta”. Mas um mês antes de começarem as gravações de ‘Malhação’, eu estava em Belém com o Bruno Mazzeo, prestes a entrar em cena com “Cinco Vezes Comédia”, quando fui fazer uma foto dele e acabei caindo no “ao vivo” do Instagram (risos), e descobri ali naquela hora, fiquei impressionado de poder falar com um monte de fãs ao mesmo tempo em uma televisão de bolso, como o celular. Eu lembro que apresentei o Theatro da Paz, onde a gente estava, e contei a história de que foi lá que meu pai trabalhou. Muitas pessoas comentavam que era a primeira vez que estavam vendo um teatro por dentro. E eu fiquei muito impressionado com aquela ferramenta e me apaixonei pela live, então comecei a fazer isso nos bastidores de ‘Malhação’, no ‘PopStar’ também, e de uma certa maneira me conectou com os fãs e virou um portal para eles falarem comigo. E agora, durante a reprise, é muito legal também, porque na exibição original eu ficava gravando muito tempo e não conseguia assistir. Agora estamos todos em casa e posso assistir junto com o público, fazer comentários. O que o povo fala muito de ‘Malhação’ é que merece mesmo todos os prêmios, como o Emmy. É um produto muito especial que resiste ao tempo e foi feito para todas as idades. Muitos amigos adultos estão assistindo agora com seus filhos e elogiando muito, todos estão surpresos com a qualidade do produto.
Fala um pouco também dessa situação de coronavírus, como você está se sentindo? Está fazendo isolamento social, acha importante?
Claro, estamos fazendo isolamento. É um momento difícil porque a gente gosta de frequentar os amigos, ver os parentes. E não ver minha família, minhas irmãs, minha mãe dá uma agonia, mas acho que vem um aprendizado por aí disso tudo. A gente aqui em casa está tentando manter uma rotina. Os empregados que temos aqui estão em isolamento também então a gente está vivendo uma vida diferente, todo mundo cuidando da casa, meus filhos adolescentes estão tomando outra consciência do mundo. Então, de certa maneira, eles estão dando muito mais valor não somente às pessoas que trabalham aqui com a gente, mas à casa também. Estamos todos estudando, fazendo cursos na internet. Estou lendo e escrevendo também. E todo mundo fazendo a higiene mental, porque também é importante. Pensamos muito em solidariedade, para tentar ajudar o máximo de pessoas possível. Esse é um momento de compaixão.
Como é a relação do Roney e Josefina?
A relação deles é a clássica da dramaturgia, aquela que começa com duas pessoas se estranhando, mas que tem algo a mais do que aquele estranhamento, é algo que precede uma paixão. Foi um prato cheio para mim e Aline Fanju. Já éramos amigos e já tínhamos intimidade, a química rolou lindamente. O Roney é aquele que morde e assopra, o que deixa qualquer mulher irritada. E a Josefina tem um lado prático, de resolver tudo sem esperar um homem, ela é muito resolvida. São vários componentes maravilhosos para despertar uma grande paixão.