“Não reparem a roupa. Quanto mais deprimido eu estou, mais bem vestido”. Quem mais além de Domingos Oliveira poderia reunir em uma frase contradição, lirismo, intensidade e ironia? Tal qual o dramaturgo, são suas personagens repletas de estilo, personalidade e contrates que são revisitadas em ‘Todas as Mulheres do Mundo’, um original Globoplay escrito por Jorge Furtado com Janaína Fischer, livremente inspirada na obra de Domingos Oliveira, com direção artística de Patricia Pedrosa que chega à plataforma no dia 23.
A série em 12 episódios conta a trajetória do arquiteto carioca Paulo (Emílio Dantas), um apaixonado pelo amor e pelo universo feminino. A cada episódio, ele se apaixona perdidamente por uma mulher, cada uma delas com características únicas e irresistíveis.
Para marcar a originalidade e especificidade de cada mulher retratada na série, os figurinistas Natália Duran e Cao Albuquerque e a caraterizadora Anna Van Steen, mergulharam na obra de Domingos. “Na série são muitas mulheres, atrizes, personalidades e corpos diferentes. A cada uma delas tentamos dar uma identidade. O figurino precisa disso tudo para ser construído”, diz Natália.
Maria Alice (Sophie Charlotte), uma bailarina por quem Paulo se apaixona em uma festa de natal, tem como traço da personalidade a fluidez. “Maria Alice é uma mulher livre, para além de qualquer amarra, convenção. Ao mesmo tempo muito doce. Uma liberdade de ser e estar encaixada na própria pele, na própria vivência, no desenrolar dos acontecimentos, diz Sophie Charlotte.
“O figurino dança junto com a caminhada da Maria Alice. Ela caminha e a roupa desfila com ela, flui. E tem os tons do amor, os rosados, tons agradáveis de serem vistos”, explica Natália.
Para a personagem Laura (Martha Nowill), a aposta foi no vermelho. “A Laura é a consciência, a intensidade, a amiga que vai falar para o Paulo a verdade do que está acontecendo”, detalha. Para o Paulo (Emilio Dantas), foram adotados os tons de cinza e verde. “Pensamos em um jovem arquiteto dos dias de hoje que não está nem aí para roupa. Já para o Cabral (Matheus Nachtergaele), a pesquisa levou em conta o perfil de filósofos e professores universitários. O Cabral é todo de brechó, de roupa usada. Aliás, usamos muito brechó na série, de maneira geral”.
Natália endossa que, em todos os personagens, está presente a ‘carioquice’ do Domingos Oliveira. “Tivemos a intenção de transportar o clima carioca dos anos 60 para os dias de hoje de uma maneira bem gostosa. É um figurino despretensioso, que conta a história de uma maneira mais cinematográfica. É como se uma personagem passasse o bastão para a personagem do próximo episódio. Elas têm um salto de personalidade de uma para outra, mas existe uma harmonia no visual no figurino todo”, descreve.
A atemporalidade é um ponto forte da produção, que traz referências de todas as décadas, sem ficar datada. Anna Van Steen, responsável pela caracterização da série, explica que cada personagem homenageia uma época ou estilo, e todas fazem parte das décadas em que Domingos Oliveira viveu. “Definimos, por exemplo, modelos de cabelos do século passado e que ainda usamos hoje em dia. A beleza está em todas as mulheres, seja qual for o estilo.
A Maria Alice é a mais clássica e atemporal de todas. A Laura foi inspirada na Monica Bellucci. A Renata (Maria Ribeiro) e a Pâmela (Sara Antunes) revisitam os anos 60. A Natalia (Natasha Jascalevich) vem de uma pin up dos anos 50. A Martinha (Verônica Debom) tem livre inspiração na cantora Patty Smith nos anos 80. A Elisa (Marina Provenzzano) lembra uma mulher dos anos 40 e a Pink (Naruna Costa) está mais antenada com o nosso século, aproveitando a beleza dos cachos naturais”, detalha.
“Fernanda Torres, que interpreta Estela, mas que já foi Maria Alice na década de 90, homenageia esta época, com os cabelos levemente repicados. Já Dionara (Lilia Cabral), foi inspirada na atriz britânica Tilda Swinton nos anos 2000. Para Mariana Sena, que na série interpreta Gilda, a inspiração foi Grace Jones nos anos 70 e Sara, vivida por Maeve Jinkings, revisita a atriz dinamarquesa Anna Karina, também nos anos 60. Adriana (Samya Pascotto) representa a androginia – mistura de características femininas e masculinas em uma única pessoa – que é extremamente atual”, explica a caracterizadora.
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