Durante toda a exibição de Éramos Seis, o público sofreu antes, por saber o que estava por vir, e depois, ao assistir a difícil trajetória de Lola (Gloria Pires) e sua família, na São Paulo do início do século passado. Odiou Júlio (Antonio Calloni), mas chorou com sua redenção e morte no início dos anos 1930. Também se irritou com Carlos (Danilo Mesquita), que, dentro do que era esperado em sua época, assumiu o papel de homem da casa, intervindo e atrapalhando a vida dos irmãos, ao tentar poupar sua mãe. Mas, igualmente, lamentou sua dolorosa morte que precedeu a Revolução Constitucionalista de 1932.
Mesmo em meio a tantas dificuldades, como a morte de entes queridos e a luta para manter a casa e as contas, além da necessidade de cuidar sozinha da sobrevivência e da educação dos filhos, Lola nunca esmoreceu. Foi forte, determinada, batalhadora e seguiu em frente, cuidando dos que mais amava e sempre estiveram ao seu redor.
Depois de tantos obstáculos, os fãs torceram e esperaram por um final diferente das últimas versões para a matriarca da família Abílio de Lemos. A aproximação com Afonso (Cássio Gabus Mendes) foi um sopro de esperança, mesmo diante de todas as maldades de Shirley (Barbara Reis) e as surpresas que a própria vida se encarregou de apresentar.
Shirley morreu. Lola apaziguou suas tristezas. Precisou ir para o Rio de Janeiro e, depois, ao voltar a São Paulo, resolveu, por vontade própria, se instalar num asilo, onde conheceu Madre Joana (Nicette Bruno) e Tereza (Irene Ravache).
A história terminava aí. Mas Angela Chaves, em concordância com Carlos Araújo, achou por bem dar um final feliz à sua protagonista. Lola é surpreendida por Afonso no asilo, que não só se declara mais uma vez, como a pede em casamento sem rodeios. Lola aceita, e a cerimônia não demora a acontecer. Afinal, esperaram tanto por esse momento.
O casamento não é perfeito. Alfredo (Nicolas Prattes) continua rodando o mundo, de navio em navio. Julinho (André Luiz Frambach) não aceita esse romance e não vai à festa, que acontece em Itapetininga. A única presente, entre os quatro filhos, é Isabel (Giullia Buscacio). Mas Lola não esperava que fosse diferente. É um casamento real.
As cenas vão ao ar a partir desta terça-feira, dia 24.‘ Éramos Seis’ é escrita por Angela Chaves, baseada na novela original escrita por Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho, livremente inspirada no livro de Maria José Dupré. A direção artística é de Carlos Araújo, e a obra conta ainda no elenco com Ricardo Pereira, Simone Spoladore, Virgínia Rosa, Eduardo Sterblitch, Maria Eduarda de Carvalho, Werner Schunemann, Mayana Neiva, Camilla Amado, Denise Weimberg, entre outros.
Entrevista com a atriz Gloria Pires
Como foi gravar com a Nicette Bruno e com a Irene Ravache?
Nicette Bruno e Irene Ravache, além de serem atrizes experientes e mulheres que sempre admirei, também interpretaram Lola nas outras versões da novela. Imaginem a emoção instalada no set, justamente no último dia de gravação, numa pressão enorme por conta do Covid-19. Uma vontade enorme de abraçar e beijar. Eu me senti uma privilegiada por todos esses contornos que tornaram esse encontro ainda mais especial.
Como enxerga esse final feliz para Lola?
A Angela Chaves conduziu essa trama tão conhecida com muita inteligência, relendo passagens que ressignificaram a trajetória de Lola. Não deixou de levá-la pelos caminhos tortuosos, mas com a possibilidade de um novo olhar. Acho que o público vai amar! Eu adorei e me emocionei muito.
Qual sentimento fica, com o fim da novela?
Estar em ‘Éramos Seis’ superou as minhas melhores expectativas. Lola entrou para minha galeria do coração.
Entrevista com a autora Angela Chaves
Qual é o balanço que você faz de ‘Éramos Seis’?
‘Éramos Seis’ é uma novela atemporal, que mostra sua força em mais esta adaptação. É uma história emocionante, que merece ser contada muitas vezes. Espero que o público que não leu o livro tenha curiosidade em ler este belo romance de Maria José Dupret.
Quais foram as adaptações necessárias nesta reta final por causa do coronavírus?
A novela estava bem adiantada na reta final, faltavam apenas algumas cenas para serem gravadas. Nossa preocupação foi com os mais velhos e também com as crianças. Mas conseguimos realizar da melhor forma com a ajuda de todos.
Ao longo da história, vários atores que participaram da versão de 1994 ou até da versão de 1977, caso da Nicette Bruno, fizeram participações especiais. Isso já era previsto? Como foi poder homenageá-los?
Essas participações foram acontecendo. É incrível o afeto que esta novela carrega. É um sonho poder contar com Nicette Bruno e Irene Ravache, duas Lolas marcantes… assim como com todos os demais.
Como decidiu o que ficava e o que saía nesta versão?
Nossa base foi o texto da novela de 1994, seguimos por este caminho com todo critério e responsabilidade, mas também tivemos liberdade pra mudar. A ideia desde a sinopse foi dar um sopro de esperança, um final mais feliz para dona Lola.
Entrevista com o diretor Carlos Araújo
Quais alterações foram necessárias devido à pandemia por coronavírus?
O que a gente fez na segunda e terça-feira da última semana é o que normalmente no final de uma novela se faria em cinco dias de gravação. A gente acelerou o processo, enxugou algumas coisas, como figuração, que não usamos, para não ter muitas pessoas envolvidas no set. Mas realizamos todo conteúdo programado no texto, na dramaturgia.
O que mais te emocionou neste final?
O sentimento que vem com as cenas. A novela fala muito de fraternidade, sempre falou, mas nesse final fala bastante. De valor humano, respeito, generosidade, a troca, o olhar. Vai ser um acolhimento, um conforto. De certa forma, faz uma conexão com o momento que vivemos.
Como foi gravar com Irene Ravache e Nicette Bruno?
A Nicette Bruno é a Madre Joana que acolhe a Lola no convento. E a personagem de Irene se chama Tereza, é uma personagem que vive ali. E elas se tornam amigas, se aproximam, trocam uma ideia, falam sobre a vida. Angela fez uma homenagem a mais. Parte do texto dela que Irene fala, ela falou nas outras versões. Isso é bem bonito.
Qual sentimento fica?
Foi uma novela feita com bastante delicadeza. E foi muito prazerosa. Uma comunhão de coisas, um momento especial. E me parece que para todos. Isso foi transbordando para o público. Essa generosidade que fomos colocando no nosso dia a dia, esse companheirismo. Isso transbordou para o vídeo e foi a alma da novela.