Afastada da televisão desde o ano passado, quando viveu Ellen em “Malhação – Viva a Diferença” (de Cao Hamburger) e Jussara em “Carcereiros” (de Fernando Bonassi, Dennison Ramalho e Marçal Aquino), a atriz Heslaine Vieira vai interpretar a filha do ator Luís Miranda no filme de longa-metragem “Derrapada” (de Pedro Amorim).
“Derrapada” é uma adaptação do livro “Slam” de Nick Hornby. O nome original faz referência à expressão usada pelos skatistas para um tombo. Adaptamos para “Derrapada” para manter a ideia central. Trata-se da história de Sam, um skatista de 16 anos que descobre que sua namorada está grávida. Além das conseqüências que isto traz para qualquer adolescente, para Sam tem um efeito ainda mais dramático pelo fato de sua mãe ter engravidado dele quando adolescente. Ele sente o peso de repetir a mesma “derrapada” que a mãe cometeu. “Derrapada” aposta em uma narrativa divertida e bem humorada de um tema denso e profundo. Adaptada para a realidade brasileira, “Derrapada” é uma história consistente, com personagens reais, com suas incongruências e conflitos. Sam, o protagonista é cativante por ser um adolescente aparentemente comum. Não é feio nem bonito, não sabe direito como se comportar com as garotas, é fissurado em skate, mas tem um mundo interior rico e sensível. A falta de identificação com seu amigo Coelho, que é parceiro, mas longe de ser brilhante e um verdadeiro ogro, faz com que seu confidente seja o poster de seu ídolo: o skatista norte americano Tony Hawk. A complexidade das relações familiares é explorada com delicadeza e sensibilidade e uma dose de cinismo característica do olhar de Hornby sobre as relações. As situações geram identificação por sua familiaridade: a cumplicidade do filho com a mãe que o criou praticamente sozinha, a relação distante com o pai ausente e bonachão. Por outro lado, o contraste das relações familiares de Alicia, a namorada paparicada pelos pais de classe média alta. O preconceito e os atritos sociais também aparecem como pano de fundo, dando uma camada mais de densidade nestas relações. Sam é um garoto de classe média batalhadora, com a esperança de ser o primeiro em gerações a entrar na faculdade. Mora em um sobrado no Méier e frequenta a pista de skate do Parque Madureira. Alicia, por sua vez, “patricinha” da Tijuca, foi criada com tudo do bom e do melhor. Na reação de seus pais, todos os preconceitos aparecem.