Foi um mês inteiro convivendo com tudo o que a Bahia reúne de mais especial. Equipe e elenco de ‘Segundo Sol’ iniciaram a temporada de gravações em solo baiano pelo sul do estado, no início de março. As primeiras cenas foram registradas no centro histórico de Porto Seguro, próximo ao Marco do Descobrimento, local da chegada dos portugueses em terras brasileiras. A região serviu de cenário para a fictícia Boiporã, onde vive a protagonista Luzia (Giovanna Antonelli) e o lugar escolhido pelo cantor de axé Beto Falcão (Emilio Dantas) para se refugiar após ser dado como morto. Logo depois, os trabalhos seguiram para Trancoso, em locações como a famosa Praia do Espelho, considerada uma das mais belas do país, e a fazenda de praia Ponta de Juacema, um lugar deslumbrante, debruçado sobre uma falésia. Nesse visual paradisíaco, Luzia e Beto se apaixonam e vivem intensos momentos de amor, que serão interrompidos com a chegada da vilã Karola (Deborah Secco), ex-namorada de Beto. Giovanna Antonelli não conhecia o sul da Bahia e ficou completamente encantada com o que vivenciou durante o trabalho na região. “Fiquei com vontade de me mudar para lá. As pessoas são muito carinhosas e cada paisagem é mais bonita que a outra. Levei a minha família para conhecer e quero muito voltar depois, de férias”, conta a atriz.
Em Rio da Barra, outra linda praia de Trancoso, onde também foram realizadas cenas da fictícia Boiporã, a equipe de cenografia construiu as casas de Luzia e de sua irmã Cacau (Fabíula Nascimento). As duas moradias são idênticas a outras duas construídas numa locação externa no Rio de Janeiro, onde foram gravadas as cenas de interior antes da viagem. Foi uma grande tarefa reproduzir as casas com todos os detalhes, utilizando a mesma técnica de construção. “Optamos pela taipa de mão, mais conhecida como pau a pique, que tem um acabamento bem rústico. Foi um desafio fazer quatro casas praticamente ao mesmo tempo, e muito gratificante ver o resultado final”, conta May Martins, que assina a cenografia da novela com Claudio Duque.
Na última semana de março, os trabalhos migraram para Salvador, onde a trama é ambientada. As gravações movimentaram diversos pontos da cidade e atraíram a curiosidade da população.
Em pleno domingo, os frequentadores da tradicional Feira de São Joaquim, localizada no bairro do Comércio, se depararam com Giovanna Antonelli, Emilio Dantas e André Dias durante a realização de cenas dentro e no entorno da feira. Outro local de gravação que atraiu o interesse de muita gente foi a igreja de São Francisco, no Pelourinho. A diretora-geral da novela Maria de Médicis, que comandou a maior parte dos trabalhos na Bahia, fez questão de gravar na Feira de São Joaquim e na Igreja de São Francisco por considerar os lugares realmente especiais. “A feira me fascina, é impressionante a variedade de produtos e a diversidade de culturas que existe ali. Já a igreja de São Francisco é de uma beleza singular, a primeira vez que entrei fiquei maravilhada”, explica.
Nos dias seguintes, as gravações percorreram a Praça Castro Alves, o bairro Santo Antônio Além do Carmo, o Forte da Capoeira, a praia do Porto da Barra, o Mercado Modelo e a Comunidade Solar do Unhão, localizada na Gamboa de Baixo, que oferece uma das vistas mais especiais para a Baía de Todos os Santos. “Encontramos as locações perfeitas para ambientar a nossa trama em Salvador. Fomos recebidos com muito carinho, alegria e respeito durante os doze dias que estivemos lá”, conta Maria de Médicis.
Com um dicionário de “baianês” sempre em mãos, Emilio Dantas fez uma verdadeira imersão nos hábitos e na cultura locais e conviveu bastante com o povo baiano. Destaque para as gravações em que Beto Falcão se apresenta em cima do trio elétrico, onde o ator interagiu com centenas de figurantes. “É impressionante a energia das pessoas. Estar na Bahia por tanto tempo foi essencial para compor o meu trabalho”, acredita o ator.
Para gravar ‘Segundo Sol’ na Bahia por tantos dias, foi necessário o transporte de equipamentos em quatro caminhões. Um caminhão maior, com 20 metros de altura, comportou materiais de cenografia, arte e figurino. Roupas e acessórios foram levados em 14 malas grandes. Ao todo, as gravações de ‘Segundo Sol’ na Bahia contaram com cerca de 200 profissionais, entre equipe e elenco, e mais de mil figurantes locais.
Cenografia e produção de arte: A tradução da Bahia contemporânea
A pesquisa ‘in loco’ foi fundamental para as equipes de cenografia e de produção de arte começarem a criar cenários e vivências de uma novela passada inteiramente na Bahia. Foram quatro viagens para Salvador e sul do estado antes do início das gravações, com o objetivo de observar tudo o que pudesse contribuir para criar uma ambientação moderna, preservando as características locais. “Decidimos por uma paleta de cores muito interessante, que não remete a uma Bahia colorida demais, mas também fugimos do conceito ‘clean’, porque aí não ficaria fiel. Usamos muitos tons, como verdes, castanhos, berinjela e cobre para mostrar uma Bahia cosmopolita, menos regional, que é como a observamos hoje”, explica a cenógrafa May Martins.
O grande desafio foi a construção da cidade cenográfica, que abriga, na maior parte, o histórico bairro de Santo Antônio Além do Carmo, onde mora a família Falcão. Para recriar a atmosfera desse lugar, a cenógrafa conta que optou pelos sobrados com fachadas estreitas e comprimento extenso, sempre terminando perto do mar. “Percebemos que essa arquitetura traria para a casa dos Falcão uma característica que é do bairro todo. Na parte de dentro do imóvel, colocamos bandeiras – aqueles vidros em cima das portas – para a luz passar, porque como os terrenos são estreitos e compridos, a luz vem do fundo, e assim temos luminosidade em todos os ambientes”, explica May.
No interior da casa da família, a divisão privilegia uma grande sala de estar, onde todos se reúnem para conversar ou ver TV, e uma cozinha maior, onde fazem a maioria das refeições. “São ambientes grandes e a família está quase sempre junta”, revela a cenógrafa. No Santo Antônio de ‘Segundo Sol’ a equipe reproduziu a famosa Cruz do Pascoal no tamanho original, com os mesmos azulejos portugueses seculares, mas quis mostrar a religiosidade local sem copiar exatamente o que existe em Salvador. “Fizemos um quarteirão sacro, com convento e igreja, porque achamos tudo isso muito baiano. Mas da nossa maneira, de um jeito que não existe lá”, explica May. A cidade cenográfica também terá lojas de artesanatos para turistas, de instrumentos musicais, e de roupas usadas nos terreiros de candomblé. “Isso tudo é muito presente na Bahia, não poderia faltar. Nas viagens percebi que essas roupas de candomblé são feitas de forma bem artesanal, quase exclusivas para quem compra. Me impressionou observar que na Bahia existe uma forma orgânica de transformar os objetos que é muito bacana”, enaltece a produtora de arte da novela Andrea Penafiel. A vocação noturna do bairro de Santo Antônio também estará presente com força em ‘Segundo Sol’. “De dia, o bairro tem uma cara e, à noite, outra. Cada dia da semana tem uma programação cultural; as mesas dos bares são colocadas ao lado de fora, reunindo bastante gente”, conta a cenógrafa.
Além do bairro de Santo Antônio Além do Carmo, a cidade cenográfica abriga o casarão ocupado onde vivem alguns jovens da trama. A inspiração veio das ocupações desse tipo no bairro Dois de Julho. “Visitamos alguns casarões e fomos às festas promovidas pelos moradores, para entender bem a forma como vivem. É impressionante como são organizados e estabelecem um rodízio de tarefas. Observamos que nos banheiros o box é separado, para que uma pessoa possa tomar banho sem impedir que alguém use o banheiro ao mesmo tempo, e os armários também são coletivos, divididos apenas entre femininos e masculinos”, revela May Martins. Por conta dessa dinâmica de vida em comunidade, o interior do casarão também foi erguido na cidade cenográfica, com três andares distribuídos de forma irregular na construção, que tem 13 metros de altura e 140 metros quadrados de área. “Assim todos podem estar em cena ao mesmo tempo. Foi a melhor forma de adequar o espaço ao que a dramaturgia pede”, analisa a cenógrafa.
Entre os cenários de estúdio, os que mais demandam atenção são a mansão da família de Severo (Odilon Wagner), a luxuosa casa de Laureta (Adriana Esteves) e a cobertura de Karola (Deborah Secco), que só aparece na segunda fase da trama. “Na mansão de Severo, montamos quase um museu com o que há de mais tradicional e representativo da aristocracia baiana. Tem um certo barroquismo na decoração e nos tecidos, muitos móveis antigos, luminárias e coleções de castiçais, é um clássico fácil de identificar”, explica May. Já a casa de Laureta revela uma ostentação moderna, com elementos contemporâneos como as cores preta e branca na decoração. Um tanto ‘over’, a personagem espalha pela casa diversos objetos de arte regional, como santos e patuás. “Tudo é de um tamanho fora do normal. Ela tem bom gosto, mas passa um pouco da conta”, diz a produtora de arte Andrea Penafiel. Na cobertura que Karola (Deborah Secco) vive com Beto (Emilio Dantas) e Valentim (Danilo Mesquita), o exagero é ainda mais evidente. “Karola é deslumbrada com a riqueza e por isso na casa dela tudo é luxuoso, o oposto daquela máxima de que menos é mais”, define a cenógrafa May Martins, sem esconder o orgulho do resultado final do trabalho.
Figurino e caracterização: baianidade cheia de estilo
Ao observar o visual dos baianos, a figurinista Helena Gastal e o caracterizador Fernando Torquatto perceberam o quanto eles têm autoestima e liberdade para se produzirem da maneira que desejam, mostrando sua verdadeira personalidade. Por isso, o figurino e a caracterização de cada personagem de ‘Segundo Sol’ se diferencia bastante um do outro, conferindo um estilo que traduz de forma bem particular o jeito de ser de cada um. Nas mulheres da trama, essa diferenciação é mais evidente. “Criamos visuais bem reais e interessantes, que trazem a força da mulher, a feminilidade. Cada personagem transita na sua vibração através do figurino e da caracterização”, explica Fernando Torquatto.
Na primeira fase, a equipe decidiu não ousar no visual da protagonista Luzia (Giovanna Antonelli), já que a personagem é uma marisqueira simples, que vive na beira da praia. Em compensação, para as cenas da segunda fase, que começa na segunda semana de exibição da novela, quando Luzia se torna a DJ Ariella, a dupla de profissionais pode deixar toda a imaginação fluir na composição. “Criei um figurino mais “street” para a personagem, porque ela é moderna, vem da Islândia, e também para aproximá-la do universo da filha, que se veste nesse estilo. Mesmo tanto tempo longe uma da outra, elas têm uma identificação que as une”, conta Helena Gastal, referindo-se a Manu, vivida por Luisa Arraes. Na caracterização, Fernando Torquatto optou por mudar radicalmente o cabelo da personagem, que passa do ondulado comprido em tom castanho para um cabelo descolorido, com pontas bem claras, na altura do ombro. “Aproveitamos a raiz natural da Giovanna e fizemos um degradê de tons, até chegar a um loiro bem branco nas pontas. A finalização do corte é mais bagunçada, para mostrar a vivência dela na Europa, e um estilo mais “cool”, que também tem a ver com o universo musical”, define Torquatto. A maquiagem da personagem também promete ser um diferencial. Ela estará sempre com os olhos pintados com lápis preto por dentro e uma máscara de cílios mais intensa. “Minha intenção é que a maquiagem seja uma marca da Ariella. Esse olho parece meio borrado, com uma pegada rock, e mostra o mistério em torno dela”, revela o caracterizador, que nas unhas optou por um esmalte de tom berinjela. Durante os shows, a personagem vai aparecer com parte do rosto pintado de preto, em linhas geométricas, como recurso para que ninguém a reconheça. “Os traços mais gráficos distraem a referência do rosto e ao mesmo tempo fica bonito”, defende Torquatto.
A aparência da vilã Karola (Deborah Secco) também vai mudar bastante da primeira para a segunda fase. Ela enriquece durante os anos que vive com Beto Falcão (Emilio Dantas) e passa a usar roupas e acessórios que denotam a sua condição de vida. “No começo da trama, optamos por um figurino que valoriza o corpo lindo que ela tem, e depois as peças também são sexy, mas sofisticadas”, conta Helena Gastal. Já a maquiagem é mais sutil, predominando tons rosados e claros. “Acho que quem olhar para a Karola não pode perceber suas reais intenções, e o visual ajuda nisso”, argumenta Torquatto. Em Laureta, personagem de Adriana Esteves, as tintas são mais fortes, já que fica mais claro para o espectador os objetivos dela. “Trouxemos para a Laureta um estilo atraente, com muito frescor, dentro do universo cosmopolita baiano. Ela usa uma maquiagem mais sofisticada nos olhos, em tons de marrom com cintilante, e os cílios em destaque para dar um olhar mais poderoso”, define o caracterizador. Ao se vestir, Laureta gosta de cor forte nas roupas e acessórios maiores. “Percebi que os baianos se enfeitam muito, ela vai representar bem essa característica”, conta a figurinista Helena Gastal.
Entre as personagens mais jovens, o visual de Rochelle (Giovanna Lancellotti) promete se destacar como o mais moderno, combinando com o perfil “digital influencer” da moça. “O cabelo dela tem uma franja comprida, um repicado longo e cheio que é uma grande tendência. O tom é marrom chocolate, a cor de cabelo que está mais na moda na Europa. Na maquiagem, estou usando o violeta que é a cor desse ano”, enaltece Torquatto, que também destaca o cabelo curto de Maura (Nanda Costa) como uma das principais tendências que irá revelar na trama. “Escolhemos o corte “shaggy”, feito em camadas com o fio desconexo, para aliar a praticidade dela na vida de policial com o lado feminino”, explica.
Para os homens, a equipe escolheu um visual mais tradicional, variando de acordo com o estilo de vida de cada um. Na segunda fase, Beto Falcão está rico e isso fica claro no corte de cabelo e nas roupas, mas sempre com um tom mais despojado. “Ele tem alma de músico, não combinaria um estilo arrumadinho. Ele usa muita camisa de linho e camisetas de malha, mas com menos cor que no início da trama, onde apostamos bastante em roupas com a técnica de tingimento “tie dye”, que deixa os tecidos manchados e confere um ar mais hippie”, explica Helena Gastal. Enquanto Beto ainda vive a carreira de cantor, ele aparece usando dreads no cabelo e barba. Quando vai se esconder na fictícia Boiporã, está de cara limpa e cabelo curto. Passados 18 anos, ele vai ostentar alguns fios branco nos cabelos, que estarão um pouco mais desalinhados. “A Karola tem um visual muito gráfico, então optamos por deixar o Beto com um pouco mais de desalinho”, ressalta Torquatto.
O personagem masculino de visual mais clássico é Edgar (Caco Ciocler), que usa muita camisa polo e de tecido e não muda o estilo com o passar dos anos. O cabelo é curtinho, arrumado. Já Roberval (Fabrício Boliveira), que começa a trama como motorista usando uniforme e tranças no cabelo, volta milionário vestindo ternos que prometem se destacar. “Os ternos são de modelagem “fit”, a última moda. Ele tem de diversos tons. É o personagem mais sofisticado”, revela Helena Gastal.
Entre os rapazes, o figurino de Ícaro (Chay Suede) evidencia seu lado rebelde. “Ele usa a calça com cueca aparecendo, camisa regata, uma coisa bem street mesmo”, conta Helena. Valentim (Danilo Mesquita) segue a linha chique e despojada do pai, Beto Falcão.
Um tipo que se destoa de todos pela originalidade é o islandês Groa (André Dias), que usa roupas mais coloridas, com estampas, acessórios, como pulseiras e anéis, e cabelo comprido e barba. Para compor o personagem, Helena e Torquatto pesquisaram bastante. “Observamos as pessoas que transitam no universo sensorial, espiritual, aquelas pessoas que tem uma “vibe” hippie eterna. Ele é um cara com essa energia, ao mesmo tempo que é real, é um pouco etéreo. É daquelas pessoas que todos param para ouvir o que tem a dizer. Parece um profeta”, analisa Torquatto.
PERFIL DOS PERSONAGENS
Família Luzia Batista
Luzia Batista/Ariella (Giovanna Antonelli) – Batalhadora, Luzia é uma mulher de coragem, personalidade forte e talento para a música. Nascida no pequeno povoado de Boiporã, criou os dois filhos, Ícaro (Thales Miranda/Chay Suede) e Manuela (Rafaela Brasil/Luisa Arraes), sozinha desde que seu companheiro Edilei (Paulo Borges) desapareceu. Vive de catar mariscos na praia e não se deixa abater por nada, levando uma vida simples e feliz. Vai se apaixonar pelo forasteiro Miguel sem saber que esse homem é o famoso cantor de axé Beto Falcão (Emílio Dantas) e, por isso, se tornará alvo das armações de Karola (Deborah Secco) e Laureta (Adriana Esteves). Após uma série de circunstâncias inesperadas, ela aceita a proposta de seu melhor amigo Groa (André Dias) de fugir para a Islândia. Nesse lugar, passa a ser Ariella, a DJ e cantora de cara pintada. Retorna à Bahia, 18 anos depois, em busca de uma segunda chance de reconstruir sua família.
Maria Claudia Batista, a Cacau (Fabíula Nascimento) – Irmã de Luzia (Giovanna Antonelli), deixa Boiporã para tentar a sorte em Salvador. Orgulhosa e cheia de atitude, Cacau tem tino para os negócios, mas falta de talento para relacionamentos amorosos. Obstinada em vencer na vida, vai trabalhar como cozinheira na casa da família Athayde e acaba se apaixonando pelo patrão Edgar (Caco Ciocler). Se envolve também com o motorista da casa, Roberval (Fabrício Boliveira), filho de Zefa (Claudia Di Moura), antiga funcionária da família. Após a fuga de Luzia (Giovanna Antonelli), Cacau assume a responsabilidade de criar o sobrinho Ícaro (Thales Miranda/Chay Suede), enquanto a pequena Manuela (Rafaela Brasil/ Luisa Arraes) é adotada pelos patrões Edgar e sua esposa Karen (Maria Luisa Mendonça).
Manuela Batista Athayde (Rafaela Brasil/ Luisa Arraes) – Filha de Luzia (Giovanna Antonelli) e Edilei (Paulo Borges), irmã de Ícaro (Thales Miranda/Chay Suede). Com o sumiço da mãe, Manu passa a ser criada pela família Athayde, em cuja casa trabalha sua tia Cacau (Fabíula Nascimento). Sua vida muda ainda mais com a chegada da irmã Rochelle (Giovanna Lancellotti), a filha biológica de seus pais adotivos, Edgar (Caco Ciocler) e Karen (Maria Luisa Mendonça). Apesar do carinho que sempre recebeu de seu pai adotivo, Manuela foi criada sem saber exatamente qual o seu lugar na família. O passado conflituoso e a situação difícil em casa contribuem para transformá-la numa moça problemática, sempre metida em brigas com a irmã. A jovem namora o capoeirista Acácio (Danilo Ferreira), que a protege e conforta nas situações que enfrenta.
Ícaro Batista (Thales Miranda/Chay Suede) – Filho de Luzia (Giovanna Antonelli) e Edilei (Paulo Borges), é um rapaz emocionalmente instável e rebelde. Desde o sumiço da mãe, Ícaro foi criado pela tia Cacau (Fabíula Nascimento), com quem tem uma relação conflituosa. Apesar de ter sido criado longe de Manuela (Rafaela Brasil/Luisa Arraes), mantém uma relação próxima e carinhosa com a irmã. Conhece Rosa (Letícia Colin), se apaixona pela moça e passa a namorá-la.
Edilei (Paulo Borges) – Marido de Luzia (Giovanna Antonelli) e pai de Ícaro (Thales Miranda/Chay Suede) e Manu (Rafaela Brasil/Luisa Arraes). Sumiu no mundo, deixando as crianças para Luzia criar sozinha. Reaparece pelas mãos de Laureta (Adriana Esteves). É agressivo e vive alcoolizado.
Groa (André Dias) – Islandês de estilo hippie, Groa é um músico divertido e desapegado aos bens materiais. Se apaixona pela cultura brasileira e passa a morar em Boiporã. Conhece Luzia (Giovanna Antonelli). Os dois se tornam grandes amigos e juntos fazem shows no barzinho da cidade. É Groa quem sempre estará ao lado de Luzia nos momentos mais difíceis.
Januária (Zeca de Abreu) – Curandeira que vive em uma casa isolada na região de Jatimane, próxima ao povoado da fictícia Boiporã. É amiga de Luzia (Giovanna Antonelli), mas se alia a Karola (Deborah Secco) e Laureta (Adriana Esteves) em troca de dinheiro, e será cúmplice no plano do roubo do bebê da marisqueira com Beto falcão (Emilio Dantas).
Núcleo Família Falcão
Beto Falcão (Emilio Dantas) – Filho de Seu Dodô (José de Abreu) e Dona Naná (Arlete Salles), irmão de Clóvis (Luis Lobianco), Remy (Vladimir Brichta) e Ionan (Armando Babaioff). Criado numa família tradicional do bairro popular de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, Beto se torna um ídolo do axé, mas sua carreira logo entra em decadência. Apesar da desenvoltura nos palcos, é meigo e tímido. A fama momentânea o levou a namorar Karola (Deborah Secco), que, sem que ele saiba, é amante de seu irmão e empresário Remy. O cantor volta a ficar famoso com a notícia da sua falsa morte e é convencido a embarcar nesse factóide, que representa uma maneira de juntar dinheiro para saldar as dívidas e evitar que sua família fique sem teto. Ele se isola em Boiporã, onde conhece Luzia (Giovanna Antonelli), por quem se apaixona completamente. Esse amor gera um filho, Valentim (Danilo Mesquita), que Beto acredita ser de Karola.
Caroline Falcão, a Karola (Deborah Secco) – Carismática, com grande senso de humor, esconde um passado miserável, quando vivia na favela de Alagados. Enxerga na falsa morte do namorado, Beto Falcão (Emilio Dantas), uma oportunidade de enriquecer e, ao lado do amante Remy (Vladimir Brichta), faz a cabeça dele para não se revelar. Vai armar para separar Luzia (Giovanna Antonelli) de Beto e roubar o filho dela com o cantor. Karola se torna mãe de Valentim (Danilo Mesquita), com quem não tem uma boa relação, apesar de amá-lo de verdade. Ela alimenta a esperança de que um dia o filho a aceite e a trate com carinho. Com Laureta (Adriana Esteves), Karola mantém uma relação tensa, complicada e ambivalente. Ao mesmo tempo, recorre à “promoter”, que sempre foi sua parceira, mentora e preceptora quando necessita de conselhos.
Valentim Falcão (Danilo Mesquita) – Foi criado como órfão de pai e filho legítimo de Karola (Deborah Secco), mas, na verdade, é o filho roubado de Luzia (Giovanna Antonelli) com Beto Falcão (Emilio Dantas). Rapaz bonito, carismático e com perfil de liderança entre a moçada. É contestador, confronta o tempo todo os valores frívolos e consumistas de Karola. Valentim segue no caminho oposto ao da mãe: tem vergonha e esconde da sua turma que é um jovem burguês e que mora numa cobertura de luxo. Decide morar num casarão ocupado, onde diversos jovens vivem em esquema de comunidade, e lá se apaixona por Rosa (Leticia Colin), namorada de Ícaro (Thales Miranda/Chay Suede), seu meio-irmão.
Domício Falcão, o Dodô (José De Abreu) – Marido de Naná (Arlete Salles), pai de Beto (Emilio Dantas), Remy (Vladimir Brichta), Ionan (Armando Babaioff) e Clóvis (Luis Lobianco). Patriarca amoroso e bom marido é, ao mesmo tempo, um paquerador desenfreado de moças jovens. Trabalha duro no comando do bar de caranguejo que fica no mesmo imóvel onde a família mora, no bairro de Santo Antônio Além do Carmo. Sabe reconhecer as qualidades e defeitos de seus filhos. Assim como admira o bom caráter e a determinação de vencer na vida de Ionan e o talento musical de Beto, também enxerga o mau-caratismo de Remy e a tendência a vagabundagem de Clóvis. Tenta em vão disciplinar os dois filhos complicados. Nunca ficou confortável com a situação da “morte” de Beto, mas foi nomeado herdeiro e testamenteiro do suposto falecido. Portanto, é ele quem administra as finanças da família e determina quem vai ficar com o quê.
Nazira Falcão, a Naná (Arlete Salles) – Esposa de Dodô (José de Abreu), mãe de Beto (Emilio Dantas), Remy (Vladimir Brichta), Ionan (Armando Babaioff) e Clóvis (Luis Lobianco). Figura doce e bem-humorada, é uma esposa exemplar e mãe carinhosa. Seu único defeito é mimar os filhos em excesso. Faz vista grossa para os casos que o marido tem com moças jovens. Gosta de perambular pelas ruas do bairro de Santo Antônio Além do Carmo e dar de comer aos gatos e cachorros de rua. Nessas andanças, costuma cruzar com Nestor (Francisco Cuoco), que foi seu namorado e parceiro de militância política na década de 70, ainda apaixonado por ela. Ao contrário de Dodô, Naná costuma ser engambelada por Karola (Deborah Secco).
Remy Falcão (Vladimir Brichta) – É o filho primogênito de Dodô (José de Abreu) e Naná (Arlete Salles), irmão de Beto (Emilio Dantas), Ionan (Armando Babaioff) e Clóvis (Luis Lobianco). Amante de Karola (Deborah Secco), com quem se une para ganhar dinheiro, é preguiçoso, malandro e atrapalhado. “Ovelha negra” da família, desde pequeno desafiava o pai, que sempre foi linha dura com ele, mas não conseguiu endireitá-lo. Metido a ser empresário da carreira de Beto, Remy mete os pés pelas mãos. É o culpado por afogar o irmão famoso em dívidas e ainda por cima faz o pai penhorar o único bem da família, o imóvel onde também funciona o bar de caranguejo, para construir o estúdio musical do cantor. Vai acreditar que ganhou na loteria depois que Beto é dado como morto e se torna uma celebridade. Junto com Karola, Remy consegue convencer Beto a continuar mantendo a farsa de sua morte. Porém, todo o dinheiro fica na responsabilidade de Dodô, que não facilita a vida do filho marginal.
Ionan Falcão (Armando Babaioff) – Filho de Dodô (José de Abreu) e Naná (Arlete Salles), irmão de Beto (Emilio Dantas), Remy (Vladimir Brichta) e Clóvis (Luis Lobianco). Sempre foi um exemplo de virtude e o contraponto do irmão Remy. Constrói uma carreira de sucesso na polícia e se casa com Doralice (Roberta Rodrigues), com quem tem Junia (Tarsila Lima) e Domício Neto, o Doni (Ícaro Zulu). É um pai exemplar e um excelente marido para Doralice, uma ciumenta compulsiva. O policial, no entanto, acaba caindo em tentação e vai manter um caso com Maura (Nanda Costa), sua colega de trabalho. Ionan é quem segura a onda de todos da família. Tanto os irmãos como o pai e a mãe recorrem a ele em busca de conselhos.